terça-feira, 8 de novembro de 2011

Recomeço

Eu havia desistido deste projeto, porque ele não me parecia muito viável para realização de mudanças. Passei um período estudando e me aperfeiçoando, conheci novas pessoas, novos pontos de vista, novas filosofias. Mas, principalmente, me deparei com a sociedade de forma menos idealizada: vi miséria, alienação, trabalhos miseráveis, condições subumanas, pessoas mal-agradecidas, violência, crueldade. Comecei a compreender a forma perversa do nosso sistema financeiro, e do nosso sistema de crenças (digo isto de maneira abrangente, não só me referindo a crenças religiosas).

Percebi que minha inclinação ideológica era boa, mas pouco consistente. Percebi que não adiantava apenas buscar ser uma pessoas melhor, mas eu precisava de ações efetivas no mundo. Afinal, palavras levam, exemplos arrastam. Comecei outro blog de cunho social, no qual eu não meço palavras mordazes para ver se consigo mexer com o paradigma das pessoas, se consigo fazer elas “caírem na real” e começarem a mudar suas atitudes. Enfim, algo que apresenta uma visão mais prática rumo à mudança.

Comecei com campanhas de conscientização, abaixo-assinados, lutar pelos meus direitos... Mas em meio a todas estas lutas, comecei a me tornar dura e dogmática. Esquecendo o caráter humano. Esquecendo que a verdadeira mudança não pode ocorrer só fora, mas tem que ocorrer paralelamente por dentro. Naquele meu blog, proponho uma mudança da postura social, mas aqui, trata-se de uma mudança da atitude pessoal. Eu, que buscava ser tão boa e justa, percebi o quanto era omissa e cruel dentro da minha família. Eu tenho dois sobrinhos pequenos para os quais eu negava atenção. Vivia numa guerra velada com a minha irmã.

Foi necessário assumir tudo isto, me colocar na frente do espelho e enxergar o que havia de pior em mim, e o que havia de pior na relação da minha família. Toquei em feridas abertas, o que causou muita dor. Mas estas feridas estavam expostas há muito tempo, foi necessário mexer nelas para tratar. Uma ferida quando é negligenciada, apodrece, infecciona, causa problemas ainda maiores.

Eu que queria um mundo de paz, não conseguia ter paz na minha própria casa, não conseguia ter paz dentro do meu coração... Foi então que percebi que era a hora de voltar. Percebi que não adianta uma luta social sem amor. Luta social sem amor, vira nazismo, vira ditadura, vira fanatismo. Mas amor sem luta não é amor, é condescendência.

Muitas vezes ouço as pessoas dizendo “releva...”, mas relevar nunca leva ninguém a lugar algum. Certo que não precisamos brigar por tudo, há de ser ter prudência ao escolher suas batalhas. Mas quando alguém erra e você se omite, você está sendo cruel, pois priva a pessoa da chance de reconhecer o erro e mudar.

Eu quero continuar lutando, e estimulando as pessoas a lutarem por seus direitos! Ninguém merece viver em condições tão cruéis, e milhões de pessoas vivem. E a mudança não virá de cima pra baixo (do governo para o povo), mas de baixo para cima.

Mas acima de tudo, me esforçarei para ser uma pessoa cada vez melhor. Pois a coisa que mais odeio é a hipocrisia, e não posso cobrar dos outros, algo que eu não tenho. Está na hora de eu ser a mudança que eu quero ver.

09/05/2010



3 comentários:

  1. Camiiila, Parabéns pelo blog.
    Me lembro sim do "Aum", aliás...são pouquíssimos os blogs que eu crio o costume de comentar, rs.
    Então, eu tenho os inscritos...só que de forma privada! rs. tô tentando aceitar o layout disso ainda!
    Mas então, acredito que foi exatamente esse texto que me fez comentar no outro blog.
    Mais uma fez parabéns, favorito-te agora também =)

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  2. Ahhhhhh!! ^^

    Mas sim... Foi esse texto... Você disse que se identificou e gostou de argumentação...

    ^^

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  3. p.s.: também estou tentando me entender com o layout deste blog

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