segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Começo de uma nova fase

Não falarei aqui em recomeços, pois o que surge agora é algo totalmente novo, e não uma tentativa ingênua de ressuscitar algo que já morreu.

Eu sempre fui muito intensa minha vida inteira, e isso me trouxe imensas alegrias e oportunidades únicas, mas como tudo na vida é ambivalente, me trouxe também muita dor, decepção e mutilação emocional.

Chegou uma hora em que eu simplesmente não aguentava mais! As coisas da forma que eu estava fazendo, definitivamente, não estavam dando certo. E desde então muita coisa aconteceu: conheci o feminismo, me engajei em várias lutas sociais, fiquei pela primeira vez por um período relativamente longo em uma mesma empresa, comecei a me desapegar, deixar pra lá... O que não dava certo, eu simplesmente deixava para lá...

Como já disse, eu sempre fui muito intensa e radical, e desta vez não foi diferente, e me tornei extremamente intensa na minha frieza, desapego, medo do ridículo, apego pela estabilidade, etc.

Me tornei extremamente caxias e monótona. E da mesma forma que a minha intensidade desenfreada me trouxe muita dor, esse desapego absoluto talvez tenha me mutilado ainda mais! Eu poderia conquistar o universo todo, toda sabedoria, toda riqueza, todo o poder, mas simplesmente nada me importava, porque perdi o dom de me encantar.

Escrava voluntária de uma vida medíocre!

Hoje enquanto comida um fast food em uma mesa qualquer numa praça de alimentação abarrotada, comecei a entoar meu manifesto contra o trabalho:

"Dizem que o trabalho enobrece o homem, mas quem pertence a nobreza não precisa trabalhar! o Trabalho está reservado àqueles que por não perceberem seu valor, o medem através do preço daquilo que possuem! Trabalham para viver, e vivem para acumular coisas. Sim! Acumular, pois eles não possuem de fato nada! Compram uma casa, que não passa de um depósito de gente, no qual eles descansam e se preparam para mais um dia de trabalho. Compram roupas de marca, afinal, todo gado precisa ser marcado. Compram livros para ostentar uma sabedoria que não têm, porque consumidos pelo trabalho não possuem mais tempo para ler, para pensar, para discernir, só repetem! Compram telescópios, mas a quem querem enganar? Há muito tempo todos nós desaprendemos a olhar as estrelas! Mas não me entendam mal! Esse manifesto não é uma apologia a preguiça, ou a extinção de todo e qualquer tipo de trabalho. Mas o desejo de que um dia trabalhemos com aquilo que realmente possuam valor, e não apenas tentando fingir algum valor atrás de objetos e notas de dinheiro empilhados"

A noite passada, uma menina que eu mal tinha conhecido foi furtada, estávamos na cracolândia. Eu simplesmente poderia ter deixado para lá. Mas eu dei uma volta pelos arredores junto com a Cris para ver se encontrávamos os outros objetos de valor emocional que estavam na bolsa, afinal, o celular e o dinheiro já eram, mas existem coisas muito mais importantes... Não quero com isso revindicar para mim algum crédito heroico, mas depois de muito tempo eu fiz algo por fazer! Sem recompensa: nem dinheiro, nem reconhecimento, nem nada... Talvez só o risco e a adrenalina de andar na cracolândia às 2h da madrugada, e a felicidade em saber que eu ainda sou capaz de fazer algo para alguém, sem me preocupar só com o meu umbigo!

O que tudo isso significa? Ainda não sei... Mas essa noite eu percebi que posso mais! Posso muito mais do que imagino, posso muito mais do que estou fazendo...

Nos últimos meses eu fiquei com tanto medo de ser ridícula, que deixei de me arriscar, e aos poucos fui deixando de viver... Não sei o que virá a seguir... Só sei que não sou mais a mesma menina ingênua que se arrisca de forma inconsequente e se machuca sem motivo, mas também não quero ser mais a refém do meu próprio medo, que de tanto medo, deixa de tentar...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Dirty talk... ahhh Dirty talk...

- me deu uma vontade de falar merda hsauhasushaushs
- diga lá
- só ia perguntar se vc gostaria de sentir na pele eu gemendo no seu ouvido, nada demais hsauhsuahss
- Mmmmm... Vc geme baixinho pra eu continuar ouvindo o barulho molhado dos meus dedos em vc ?!

Velho... essa mina é mto ninja hsuhasuhsuhushsuhsushushushs

sábado, 28 de setembro de 2013

Sobre o que penso de Arte Contemporânea

Veja bem, até o século XV a arte, apesar de conter fatores estéticos, elas tinha um significado além de si, e exceto em alguns pontos do helenismo grego, ela nunca teve uma existência autonoma
na renascença, começa um movimento de autonomização da arte, e ela começa a ter um valor por si, por mais que possa transmitir algo, mas o que importa é o impacto estético nisso, a burguesia ascendente que já tinha feito um pacto com a antiga aristocracia feudal e com isso ela virou elite financeira, conseguiu nobilidade, e então fez um pacto com os humanistas, para ser elite intelectual, embora o homem de negócio tenha sempre sido, de modo geral, é claro, um falso culto.

Aí vem a Revolução Industrial, a fotografia, o cinema, os computadores, os editores de imagem e houve uma primeira reação mto boa a isso, que mante a arte em alta: impressionismo, expressionismo, cubismo, surrealismo, etc. Porém, ainda tinha um padrão de execussão. 

Mas na renascença criou-se a ideia do gênio individual, e no Romantismo a questão que o gênio era marcado pela originalidade. Na ânsia de ser original, as pessoas começaram a desconstruir tanto, que perderam qlqr noção de técnica ou estética e continuaram com a ideia de arte "per se", não admitindo diálogos sociais na "grande arte", aí vamos em galerias e vemos telas em branco ou com tinta borrada e falam que é arte.

Ou seja, na minha opinião, Arte Contemporânea é um parnasianismo sem técnica e sem beleza.

P.S.: Estou falando da Arte Contemporânea em voga, o que não impede que haja grande artistas e ótimas obras sendo realizadas.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma carta...

Possivelmente estou longe de ser um homem ideal. Muito mais longe de uma mulher. Eu sou assim, essa indefinição mais puxada pra um lado. Meio esgarçado. Meio naufragado. Sentia-me retalhado antes de você chegar. Assim estrangeiro dentro de mim, sem lugar no mundo. Eu me sinto inteiro ao seu lado, tenho lacunas, tenho arestas, mas eu me vejo hoje, mais perto de um retrato. Eu não te esperava. Eu realmente não esperava achar alguém com você. Que tem todas as coisas que eu gosto. Às vezes à noite, eu me belisco. Porque não me parece possível a sua existência. Mesmo quando você está estressado, distante ou preocupado, eu me pego pensando em como é possível que mesmo nervoso você seja tão lindo. E quando no meio da cara fechada você abre um sorriso, eu sinto que vale a pena esperar 15 minutos em silêncio. Vale a pena deixar de ser idiota, deixar de ser medroso, acomodado, largado, egocêntrico pra estar ao seu lado. Vale a pena olhar pra você e ter sorrisos internos. Eu não sou o cara mais externo, que sabe demonstrar de um jeito belo. Pra dizer a verdade, eu sou bem tacanho e bem estúpido nesse sentido. Nessa coisa de me relacionar, de deixar que as pessoas entrem no meu mundo particular. Eu sou defensivo e ríspido. Mas quando durmo abraçado com você eu me sinto bem. O seu calor me conforta. Os seus olhos dentro dos meus me fazem feliz. Eu gosto quando você ri, seu sorriso bobo quando consigo fazer algo que você gosta. O seu jeito de pensar as coisas. Você é tão diferente de mim. Meu contraponto. E eu me sinto cada dia mais feliz por ter te achado. Ou melhor, por você ter me achado. Me sinto feliz, por não ter sido um completo idiota e deixado você ir embora. Com certeza, eu não sou o melhor namorado. Tenho 28 anos no RG, mas na real, acho que tenho 18. Eu fiz e ainda faço muitas coisas estúpidas. E cada vez que me dou conta delas, me sinto naufragar. Me sinto doente e perco o sono. A possibilidade de te perder me deixa febril. Eu jurava que não ia ter esses sentimentos de novo. Eu queria mesmo não sentir essas coisas. Eu queria ser uma pedra. Mas acho que eu não seria uma boa pedra. Você olhou pra mim, como ninguém nunca olhou. E daí, eu não tive mais vontade de ser pedra. Nem de pular da janela. Nem de me dar um tiro. Porque eu sempre pensei muito nisso. Mas eu sempre fui muito fraco. Eu sempre fui pedaço. E eu sei que possivelmente, eu não pareça nada disso. Eu pareço seguro, sociável e tudo mais. Eu tenho várias roupas de pedra no guarda roupa. Várias armaduras. E mesmo sem precisar, pelo hábito da guerra, eu me afirmo num campo de batalha inexistente. E ai eu te machuco. Espero uma hora, ser menos estúpido. Conseguir me livrar desses péssimos hábitos. Mas na verdade o que eu queria dizer, é que você é tudo que eu sempre quis. Inteligente, culto, divertido, carinhoso, meigo, briguento, original. Eu nunca tenho um dia igual ao outro com você. Não existe rotina, no pior sentido da palavra. Nem marasmo. Eu tenho um jeito bem tosco de demonstrar isso eu sei. Fica parecendo que eu to reclamando full time de tudo. Mas a verdade é que eu não mudaria nada em você.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Diamantes são eternos



E lá estava eu novamente jogando minha peças na cara dela, exigindo que ela remontasse o estrago que eu tinha feito...

Começando a narrativa assim, talvez seja difícil para alguém de fora imaginar o quanto tem sido surpreendentemente bom os últimos meses que tenho passado com ela... Talvez pela falta de expectativa que eu coloquei, talvez por eu ser mais madura hoje, talvez por ela ser uma pessoa mais compatível comigo, talvez um pouco de tudo isso e algo mais...

Não foi uma paixão louca, que fez eu me tremer da cabeça ao pés, e isso é maravilhoso... As pessoas comuns esperam por coisa assim, mas eu já fui uma viciada em paixões e sei o quanto elas são corrosivas e como têm pouco ou nada a ver com amor.

Vem o véu ilusório do pathos, pude ver as coisas como realmente são. E não era tudo perfeito e maravilhoso, era complexo, problemático, enigmático, complicado, difícil. Mas trouxe paz, tranquilidade.

Eu continuou jogando agressivamente minhas peças, mas agora eu me rasgo no papel e não mais na pele, não mais pensando em morte, mas numa desconstrução simbólica, que longe de ser perda, quase sempre é um ganho...

Mas talvez a maior diferença, seja que minha peças não estão mais sendo largadas para o vento carregar, ela se preocupa em recolher uma por uma... E continua olhando perplexa sem saber como montar o quebra-cabeça, mas eu vê-la assim tão preocupada, passa qualquer raiva, e me sento ao seu lado e ajudo com a peças, e me torno assim uma recriadora de mim...

Tudo isso é perfeito, porque ela não chegou e me fez mudar, ela chegou e me deixou confortável para ser plenamente eu mesma, e eu descobri que isso é muito mais abrangente do que eu imaginava...

Quantos sonhos eu não deixei para trás por esperar o momento exato, por esperar tudo estar perfeito... Hoje não espero mais perfeição, vejo que é mais importante tentar, e que esta é a única forma de evolução real. E seja como for, não precisa ser perfeito para os outros, basta ser libertador para mim...

Talvez eu esteja começando a romper as amarrar, e talvez eu dia eu consiga parar de ter que romper a mim mesma como única forma de libertação...



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Apresentação da minha exposição

Decidi que vou fazer ma exposição, já tenho tudo, só falta os desenhos, mas isso é o de menos, porque quando decido fazer algo, eu faço.

Então só para não perder a ideia geral:

"Fundindo estilos pré-existentes, a artista descobriu sua vertente autoral naquilo que podemos nomear como op pop. Apropriando-se de técnica clássicas de desenho, utiliza o olhar como grande fonte criadora através de composição e cor. Apesar das formas geométricas, não é um trabalho impessoal, pois as cores e composições tornam-se sensações ao serem observadas pelo sujeito, podendo traduzir de forma sinestésica sensações intraduzíveis."

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Eu não sou normal... Mas às vezes isso machuca

Daria tudo para um dia na vida "entrar na pele" de alguém "normal", uma pessoa comum... Quanto mais comum, melhor!

Alguém com suas crença fixas e inabaláveis, uma pessoa sociável, sem problemas em se relacionar, alguém capaz de confiar nos outros sem muito questionamento, de preferência alguém altamente incapaz de questionar qualquer coisa...

Mas caçando pela memória, lembro que um dia fui assim. Não 100% assim, a semente do mal sempre esteva aqui, sempre houve uma dificuldade em me relacionar, um gênio difícil, um ceticismo diante da vida, uma vontade de auto-destruição, e muitas outras coisas... O potencial sempre esteve aqui, e olhando para trás, mesmo na minha mais tenra infância eu vejo como sempre estive armada e pronta para a guerra... Então me bate a dúvida: será que existe mesmo um "propósito maior" que me fez estar pronta para "a guerra" que sabia que um dia eu teria que enfrentar, ou será que todas as minhas armas e armaduras atraíram todas essas guerras até mim?

Não tenho como saber! Mas não vou cair no erro de me culpar por algumas coisas que me fizeram, porque sei que são coisas que terrivelmente acontecem com muitas outras pessoas, e se eu disser "a culpa é minha", eu indiretamente estarei culpando todas as outras vítimas de comportamento abusivo alheio, inclusive as minhas vítimas...

Entretanto, minha questão é que apesar da semente do mal sempre ter estado ali, ela poderia não ter germinado, será que seria possível uma outra vida? Uma vida em que eu não tivesse me perdido na minha escuridão? Ou isso seria inevitável? Não há respostas, então talvez o melhor fosse nem ao menos perguntar.

Eu me esforcei tanto em ser diferente, testar tudo, provar tudo, pra tentar achar quem eu realmente era, que no meio de tantas tentativas, descobri tudo que eu poderia ser, mas não me vi em lugar nenhum, nunca me vi refletida em lugar nenhuma, e estão me pergunto "será que nada me reflete porque não há nada para ser refletido aqui dentro?"

Eu não passo de uma caricatura bizarra de uma simulação de mim mesma que eu deliberadamente criei pela falta de algo ontológico.

Eu olho para trás, e vejo as pessoas com as quais me relacionei, relacionadas com outras pessoas, e fica tão nítido que o problema era eu! Não é possível se relacionar com uma sombra! Talvez o espelho seja eu, no meu vazio eu me torno capaz de refletir os outros, e por isso num primeiro momento eu encanto, mas depois de se ver o que precisava ser visto, é normal que as pessoas sigam em frente.

Talvez eu simplesmente tenha que entender que espelhos refletem, espelhos não se relacionam e nem acrescentam, só o que acrescenta é o ponto de vista do observador

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Um gato errado


Você sempre foi um gato burro
Que fazia tudo errado
Manhoso e carinhoso
Não entendia isso de "gatos independentes"

Quando eu te achei
Pensei que você estava perto do fim
Mas foi só o nosso começo
Rabo quebrado, boca torta, olhos vesgos

Você era tão errado
Que ensinou a te amar
Todos que disseram que nunca te amariam
Se enroscou para dentro do coração de cada um

Gato aquariano, sempre do contra
Deveria ser um floco de neve
E virou uma pipoca mal estourada
Nem para acertar na cor você servia

Mas esta noite você cometeu
Seu grande erro inadmissível
Nunca vou te perdoar por ter partido
Você não podia ter me abandonado assim

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A carta mais bonita que já me escreveram

Meu coração está estéril. Aparentemente seco. Parece que agora você foi de vez. Deixou uma semente mal molhada dentro de mim e partiu. O meu corpo é como uma casca onde algo indefinido se esconde. Não sei te dizer ao certo o que eu sou. Eu não me reconheço como homem, mas não me aceito como mulher. Tudo vira uma comédia de erros. Cenas curtas que esfacelam. Chove. O frio é cortante. Mas ainda resta em meus braços o calor do seu corpo alvo. Seu sorriso penetrando como um pequeno enigma. Me ocupando de decifrá-lo esqueço de mim. E não há nada melhor que esquecer de mim. De toda essa coisa disforme que com o passar dos anos foi se solidificando em máscaras, cascas e mais cascas. Na certa, eu não tenho mais como me achar. Perdi a ponta do novelo. Mas você de leve me trazia um novo fio. Mas ah, não deixou muito tempo. Escavou devagar o meu muro e começou a se emaranhar nas minhas sombras com delicadeza. No meio dos seus surtos eu me ocupava de entender. De perceber o que era parede, o que era vago, onde estava seu fio. Talvez se juntássemos os dois restos de novelo tivéssemos algo pra procurar.
Eu não quero te deixar ir embora, mas você já está longe. Pegou um caminho qualquer quando eu olhava pro lado. Minto. Eu estava lá quando você partiu. Eu tentei segurar sua mão. Mas sou inábil. Não digo isso por comiseração. Digo por ser fato. Por não saber o que é esse coisa que vejo no espelho, não enxergo o que tenho nas mãos. Você estava adormecida entre os meus dedos. Bastava apenas estende-la sobre o meu peito e permitir que ali ficasse.
Você tocou meu sexo indefinido com a certeza de que ele era real. A minha pele pareceu menos sulfite e mais pele mesmo. Você insuflou calor onde já era árido. E por um instante eu pensei que você realmente não se importava com o que eu era, e talvez eu não devesse. E tê-la dentro de mim me deu a sensação de não ser um estrangeiro pra mim mesmo. Nos seus braços, galgando o seu prazer com vagar o tempo parecia parado. Tão clichê. Mas os minutos não pareciam longos. Não havia a espera. Pela primeira vez em muito tempo hão havia a espera. Aquele momento mudo em que tudo vai se desfazer e voltar a ser uma página em branco, mas cheia de tão velhas entrelinhas. Havia apenas o não querer ir embora. O ficar imóvel. Dentro dos seus olhos verdes. Abraçada em você que parece tão frágil. Eu tenho medo de quebrar sua estrutura, seu corpo é forte e denso mas eu tenho medo de quebrar sua estrutura quando falo. Porque eu não sei falar. Vem como uma torrente subindo a garganta e no meio do caminho se enche de espinhos, pra manter protegido o meu miolo. O meu cerne é mole é úmido. Frágil demais pra ver o sol. Eu tenho um pássaro azul dentro de mim, já me definia Bukowski. “My Bode is a cage” deveria ser um emblema estampado na minha testa. Mas agora que você está longe e já me pintou com todas as minhas mascaras, usou as empilhadas no meu rosto e perdeu o meu olho no meio de tudo brilhando, como dizer? Como dizer essas coisas, que soarão como palavras apenas. E mal sabe, como me custa escrevê-las e le-las. A ponta do dedo dói. Caleja. Inverte as frases, tenta esconder entre escombros de palavras frívolas a incerteza da minha existência.
Você olhou pra mim e viu uma mulher que eu não vejo. E viu a pessoa que eu não vejo. Você me deu forma nos seus olhos. Você começou a me dar forma nos seus olhos. Você pegou os meus pedaços como se não fossem pedaços, como se montar esse quebra cabeça fosse tão comum. Sem estranhamento. E u peguei as suas peças e fiquei estática olhando pra elas. Esperando que você me jogasse uma a uma na cara, entre seus surtos, pra eu começar a entender como montar. Eu montei um pedaço tão pequeno, você um tão maior. Mas como dizer isso? Justo eu que bato na tecla dos “20 dias” do “pouco tempo”. A iminência da sua perda me dá a medida da felicidade e tranqüilidade que eu sentia com você por perto. Eu sou toda interna. A minha alegria é toda interna. Eu aprendi a remexer em aparências. Em calcular transparências. Você explode. Como quando você ri e simplesmente explode. E é lindo. Sinto que fui ignorante achando que poderia conter um vaga lume tão delicado na minha mão áspera. Acho que a velhice não me pesa no rosto, me pesa nos desgostos e se traduz em fala. Por mais que eu tente discursar sobre a necessidade de cura. Eu não sei superar as minhas ausências. A ausência de mim. A ausência que o carinho me faz. E tantas outras ausências. Os copos se sucedem como a minha máquina de superar ausências. Eu me conecto. Deixo meu corpo amortecer. Deixo meu trabalho me amortecer. Tento preencher todos os espaços vazios com tarefas ordinárias. Mas pela primeira vez eu estava feliz em ter alguém pra cuidar. Pra discutir. Pra gostar. Pra ter na língua. E não ligar pra ter corpos sem nome. Mas ter UM corpo, com UM nome, uma textura, um cheiro e um sabor. Justo eu que bato tanto na tecla da calma, estou desorientada. Pensando que eu já não sou nem um nome pra você apagar. Eu fico aqui tagarelando em silêncio com inúmeras folhas de papel. Mas eu fico resistindo. Eu fico procurando os seus vestígios.


quarta-feira, 3 de julho de 2013

Um dialogo sobre xoxotópolis


- Eu acho que Xoxotópolis devia ter prédios em formato de clitores hahahaha
- hahahahahaha desista!
- Por quê? É esteticamente lindo! hahahahaha
- Não vou fazer uma cidade cheia de grelos
- Mas as cidades reais são fálicas! Por que as irreais não podem ser clitorianas?
- Ok! Você venceu desta vez!

domingo, 30 de junho de 2013

Se eu pudesse voltar no tempo...

Vendos agora as fotos do meu álbum com a Luciana... A gente tava bem... A gente tava feliz... Ela não me dava nada, mas também não me pedia nada... Ela só me pedia para eu ficar de boa, e não consegui...

Eu sou tão idiota... Mas se eu pudesse voltar no tempo... Eu simplesmente teria apagado a foto que ela não gostou em vez de fazer isso um pretexto para uma briga.

Não canse quem te quer bem

Texto simplesmente perfeito pra mim...


"Não canse quem te quer bem. Ah, se conseguíssemos manter sob controle nosso ímpeto de apoquentar. Mas não. Uns mais, outros menos, todos passam do limite na arte de encher os tubos. Ou contando uma história que não acaba nunca, ou pior: contando uma história que não acaba nunca cujos protagonistas ninguém jamais ouviu falar. Deveria ser crime inafiançável ficar contando longos casos sobre gente que não conhecemos e por quem não temos o menor interesse. Se for história de doença, então, cadeira elétrica.
Não canse quem te quer bem. Evite repetir sempre a mesma queixa. Desabafar com amigos, ok. Pedir conselho, ok também, é uma demonstração de carinho e confiança. Agora, ficar anos alugando os ouvidos alheios com as mesmas reclamações, dá licença. Troque o disco. Seus amigos gostam tanto de você, merecem saber que você é capaz de diversificar suas lamúrias.
Não canse quem te quer bem. Garçons foram treinados para te querer bem. Então não peça para trocar todos os ingredientes do risoto que você solicitou – escolha uma pizza e fim.
Seu namorado te quer muito bem. Não o obrigue a esperar pelos 20 vestidos que você vai experimentar antes de sair – pense antes no que vai usar. E discutir a relação, só uma vez por ano, se não houver outra saída.
Sua namorada também te quer muito bem. Não a amole pedindo para ela explicar de onde conhece aquele rapaz que cumprimentou na saída do cinema. Ciúme toda hora, por qualquer bobagem, é esgotante.
Não canse quem te quer bem. Não peça dinheiro emprestado pra quem vai ficar constrangido em negar. Não exija uma dedicatória especial só porque você é parente do autor do livro. E não exagere ao mostrar fotografias. Se o local que você visitou é realmente incrível, mostre três, quatro no máximo. Na verdade, fotografia a gente só mostra pra mãe e para aqueles que também aparecem na foto.
Não canse quem te quer bem. Não faça seus filhos demonstrarem dotes artísticos (cantar, dançar, tocar violão) na frente das visitas. Por amor a eles e pelas visitas.
Implicâncias quase sempre são demonstrações de afeto. Você não implica com quem te esnoba, apenas com quem possui laços fraternos. Se um amigo é barrigudo, será sobre a barriga dele que faremos piada. Se temos uma amiga que sempre chega atrasada, o atraso dela será brindado com sarcasmo. Se nosso filho é cabeludo, “quando é que tu vai cortar esse cabelo, garoto?” será a pergunta que faremos de segunda a domingo. Implicar é uma maneira de confirmar a intimidade. Mas os íntimos poderiam se elogiar, pra variar.
Não canse quem te quer bem. Se não consegue resistir a dar uma chateada, seja mala com pessoas que não te conhecem. Só esses poderão se afastar, cortar o assunto, te dar um chega pra lá. Quem te quer bem vai te ouvir até o fim e ainda vai fazer de conta que está se divertindo. Coitado. Prive-o desse infortúnio. Ele não tem culpa de gostar de você.”
MARTHA MEDEIROS


sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Adeus Final

Hoje, saio da vida para entrar no abismo de esquecimento sem fim. Não farei parte da história, nem da humanidade nem da vida de ninguém.

Tive uma vida medíocre, e nem toda minha pretensão de grandeza me salvou disso.

Sempre cogitei suicídio, mas apesar do pesares, a balança sempre tendeu mais para "dar uma nova chance para a vida" do que para "dar um final definitivo", e há muito tempo atrás, e uma dessas especulações suicidas, eu disse que não faria carta de despedida, e uma amiga disse "mas a melhor parte de se matar é poder culpar todo mundo por isso".

Não, a culpa não é diretamente de ninguém. Apesar de tudo, acredito que a seu modo, cada um deu o melhor que pode, inclusive eu. Ninguém se mata por uma namoro que não deu certo, ou por um emprego ruim. As pessoas se matam quando não aguentam mais. E o estopim muitas vezes podem não ter quase nada a ver com a base do problema.

Há tempo uma frase que a Luciana me disse fica martelando na minha cabeça: que ela só teria paz se eu morresse, que ela desejava que eu estivesse morta, porque ninguém sentiria minha falta, e que minhas família e meus amigos seriam muito mais felizes se eu não existisse. Pode parecer cruel, mas para mim, nada mais é do que muito verdadeiro.

Viver pra mim dói, sempre doeu. Nunca foi fácil, mas tentei mesmo assim. Pensei que talvez um dia pudesse superar, pudesse ser alguém melhor. Mas desde que ela me disse isso, eu percebi que minha existência é uma catástrofe não só pra mim, mas para todos ao meu redor. 

E de fato, ninguém vai chorar por mim, ou sentir minha falta. Eu sempre fui, e se continuar vivendo, sempre serei descartável, substituível. E eu prefiro não existir do que existir desta forma. 

Não quero mais ouvir que é minha culpa. Não consigo esquecer tudo que me aconteceu, e nem as pessoas dizendo que é exagero meu sofrer por isso.

Hoje coloco um fim na minha vida. Primeiramente, porque não suporto mais! Porque dói demais. Mas há um outro motivo! Cansei de ter minhas dores sub-valorizadas, meus sentimentos pisoteados. Realmente, pela primeira vez desejo que haja uma vida após a vida, para que eu possa ver vocês simplesmente percebendo que eu não estava mentindo, que eu não estava exagerando. Quero sim, ver todos ali, vendo que nunca mais me verão ou ouvirão minha voz, tendo a consciência de como desdenharam as oportunidades de estar comigo e me fazer bem. 

Mas não me venham com flores, ou elogios. Durante minha vida eu esperei as flores e elogios que nunca vieram! Agora é tarde de más, me dê o pó e depois o nada, que foi o que você me entregaram a vida toda!

Me deixem ter a paz que nunca encontrei. 

Mas se lembrem de mim pela pessoa que tentei ser, e não pela pessoa que nasci fadada a ser. 

Mas agora finalmente, deixarei de ser fadada, para ser, simplesmente, fada!


quarta-feira, 26 de junho de 2013

A espera...

Bem ou mal, de 24 angustiantes horas que faltavam para o meu prazo final, agora só falta 15:30h.

Nada como uma noite de sono, nem que seja uma noite conturbada, atormentada,com sonhos bizarros. Uma noite daquelas que você demora a pegar no sono, pois diversas coisas te afligem...

E agora acordo, com uma maravilhosa chuva, dessa que te dá vontade de ficar debaixo da coberta o dia todo, mas infelizmente, não tenho essa sorte, e não só terei que sair para trabalhar, como não trabalho dentro de uma firma, mas na rua!

Saldo positivo: ficarei tão atormentada tentando não virar ensopado de Camila que talvez o tempo passe mais veloz.

Pelos deuses! Nunca quis tanto na minha vida que alguém me procurasse e mudasse todos os meus planos!

Mas ontem, dando uma editada nos textos antigos, eu vi como eu sempre quis ser impositiva, correr atrás da pessoas e fazer as pazes, e como isso nunca funcionou. Por mais que doa, está na hora de mudar a metodologia...

Angústia

Tenho que acordar cedo para ir trabalhar. Tentei dormir, mas só o que conseguir foi rolar de uma lado para o outro, até que as lembranças me enchessem a tão ponto que começassem a escorrer pelos meus olhos!

Passei aproximadamente 20 minutos lembrando dela, pensando nela, em tudo que vivemos, que sonhamos e o que poderíamos viver.

Tomei minha decisão: se ela não vier falar comigo amanhã, não vou procurá-la para explicar nada antes de partir: nós já partimos, e se não for pra voltarmos a ficar juntas, voltar só para dar um novo "adeus" seria estupidez em todos os sentidos possíveis!

Já está doendo tanto...


Mas tomar essa decisão, me fez visualizar de fato as consequência dessa decisão: eu tenho medo de esquecê-la! Porque não quero esquecer isso que eu sinto hoje! Não quero esquecer a pessoa que era quando ela estava perto, não quero esquecer o beijo, não quero esquecer as risadas, não quero esquecer a felicidade que eu sentia cada vez que eu ia vê-la.

E apesar de ser inevitável que ela siga em frente (e eu também), e por mais que esse pensamento seja absurdo, tenho ciumes "do futuro" dela, provavelmente ela já está me esquecendo, e com tantas pessoas incríveis por ai... E da forma que ela é sensacional... Ela vai conhecer alguém, se apaixonar, ela vai me esquecer... E dói saber! Isso é tão estúpido, mas dói!

Estou chorando aqui, porque em alguns meses, talvez até semanas, ou até mesmo dias, eu serei apenas uma memória, uma história para contar...

As pessoas são tão idiotas, né? Do que adianta sofrer pelo inevitável? Mas talvez o que mais dói nessa história, é que não havia motivos reais para eu ir embora, eu fui por medo... E ela me deixou ir... E agora é tarde demais...

24 horas...

Nunca consegui simplesmente dizer "adeus", as minhas despedidas são em doses homeopáticas:

Falo "adeus" e me afasto um pouco, me reaproximo, falo "adeus" de novo e me afasto de novo, mas desta vez vou mais longe, e assim vou me afastando, até que não volto mais.

E para mim, este se "reaproximar" não necessariamente é voltar a falar com a pessoa. Por exemplo, agora, eu me afastei da Luh, mas não consegui ficar 100% longe, então criei uma forma de simular que estou falando com ela, pois sinto falta dela me ouvir, escrevo e reflito sobre nós, crio contos, poemas...

Mas se eu continuar indefinidamente com isso, me manterei indefinidamente vinculada a ela.

Por isso eu meio que já tinha definido um prazo, mas hoje, nem fui trabalhar, e passei o dia refletindo, e defini que é isso mesmo: ela tem 24h para me procurar. Já estamos há 5 dias completos sem nos falar, se completar o sexto dia, significa que não tem mais volta, ela aprendeu a seguir bem sem mim, e eu tenho que aprender a seguir bem sem ela.

Isso não significa que se ela não reaparecer eu vá esquecê-la no momento seguinte, mas me esforçarei para que isso aconteça, porque até então, estou me esforçando para manter, por algum motivo masoquista, ou pela esperança que ela volta, e se voltar, não quero que ela encontre "nada desarrumado", quero que ela volte e veja que o lugar dela está intacto, mas se até amanhã ela não retornar, será hora de aceitar que ela não voltará mais, então... É melhor não manter nada intacto, ou isso manterá acesa esperanças indevidas...

Mas seja como for, 24h é muito tempo... Para o bem e para o mal... Será uma longa espera...

Minha única dúvida é: caso ela não reapareça (o que é muito provável, sejamos sinceros), se devo ou não procurá-la para explicar como me senti e a decisão que tomei, ou se devo simplesmente aproveitar que já dissemos "adeus" e simplesmente ir embora de verdade...



 


terça-feira, 25 de junho de 2013

Ariano é tudo igual...

Aí uma amiga me chama inbox para desabafar que brigou com o namorado, e como sugere o título, ela é ariana...

Segue a narrativa:

"mandei msg dizendo que estava extremamente decepcionada sempre fiz isso com outros namorados. HEAOUIHEAUSA aê ele ligou desesperado aê eu comecei a falar: você ainda pergunta? Nossa XXXXX...não acredito, confiei em você... Aê dei risada e falei: não é nada. ele desligou na minha cara"


Arianos são todos iguais! hsauhsauahauhsauhsas Quando tudo está bem, tem que fingir que tem algum problema só pra brigar! hsausahuashaushsauashuashasuahsuashasuhasuas




Conto: O Mistério é não haver Mistério algum

Se você vive nesse planeta, com certeza foi bombardeado por um monte de mentiras desde que você se entende por gente! Tudo começou nos contos de fadas que sua mãe te contava antes de dormir, passou pelos desenhos animados que você assistiu, continuou nos filmes, novelas, livros, romances, relatos inverossímeis...

As pessoas são programadas não só para acharem que o amor romântico deve ser o centro de suas vidas, mas também para acreditarem que quando "a pessoa certa" chegar tudo vai ser uma sucessão de passes de mágica!

Basicamente, temos o pensamento simplista de que quando encontrarmos nossa alma gêmea, sinos misteriosos vão tocar, tudo vai se encaixar, e haverá necessariamente alguém tentando destruir esse amor (todo conto de fada precisa de uma bruxa má, toda novela precisa de um vilão, etc, etc, etc), como se as pessoas fossem realmente tão sem vida, que elas não passam de personagens secundários neste espetáculo chamado "Vida" e que única e exclusivamente você é o protagonista.

Pois bem, meu bem! Sinto informar, mas mentira para você! O mundo não gira ao redor do seu umbigo, e você que se acha tão protagonista, deve ser visto como árvore de fundo por mundo gente! Pensou que eu ia falar vilão? Mas que mania que se achar importante!

Mas apesar de este mundo com quase 7 bilhões e meio de pessoas não girar em torno de ninguém especificamente, todos somos especiais na vida de meia dúzia de gatos pingados. E talvez o que haja de mais maravilhoso nesta vida, é que as coisas podem simplesmente mudar, e o mais incrível: nunca sabemos quando, como nem porquê...

E Natália era uma garota qualquer, única a seu modo, mas não singular a ponto de ter alguma relevância mundial. Era só uma pessoa comum, com defeitos comuns, qualidades comuns, e com a decepção mais comum de todas: àquela causa pelos males do amor!

Ahhhh, o amor! Esse bicho ingrato! Essa coisa sem explicação que nunca conseguimos entender! Que tentamos agarrar entre os dedos, mas sempre nos escapa. E ela, revoltadíssima com isso, não queria mais saber do amor!

Mas existe algo fantástico na atualidade, talvez algo tão fantástico quanto o amor: a internet! Esse poderoso mecanismo que tem movido o mundo, que nos permite através de nossa caixinha mágica, trancado em nossos mundinhos, termos contato com qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo.

E nunca dessas andanças por esse mundo virtual, Natália esbarro em Fernanda, alguém que dificilmente ela conheceria numa situação pré-internet.

Fernanda morada há muitos e muitos quilômetros de distância, mas isso não impediu que as duas tivessem muito em comum! Não impediu que compartilhassem da mesma carência, do mesmo ardor, do mesmo tesão, não impediu que uma fosse justamente o que a outra desejava.

E num impulso louco e desenfreado, como todo bom impulso deve ser, Natália fez as malas e viajou todos os quilômetros que foram preciso para conhecer àquela que tinha lhe tirado o sono das últimas madrugadas.

Não! Nenhum sino tocou, a natureza não parou por um instante, os planetas não se alinharam! Nada disso! Fernanda estava tímida, Natália em pânico, ainda sem entender bem o que estava fazendo ali no interior do estado com um completa desconhecida.

A conversa não fluiu bem logo de cara. E o primeiro beijo, roubado por Fernanda, não se encaixou perfeitamente: os dentes delas bateram um nos outros...

Mas os beijos, assim como a conversa foram se encaixando, se tornando mais agradáveis. O sexo quase em seguida também foi mera consequência daquele tesão louco que elas sentiam. E não foi logo na primeira vez uma experiência mistica e sublime.

Mas o sublime daquilo era como apesar de tudo não ser perfeito, como ainda sim elas tinham vontade de ficar juntas, e tentar de novo, e fazer novamente.

E agora que elas não estão mais juntas, tentam convencer Natália a deixar para lá, afinal, se não deu certo logo de cara, é porque não era "a pessoa certa", mas o pouco tempo que passou com Fernanda foi o bastante para ela descobrir que não existe "a pessoa certa", só pessoas teimosas demais para desistirem, e que contra tudo e contra tudo persistem até que o errado fique certo.

Sobre aquele sorriso e sobre o indefinido

Tento largar de ser louca a obcecada e simplesmente deixar pra lá, mas aí, quando menos percebo lá estou eu olhando as fotos dela novamente. E o sorriso é o que mais gosto.

Foi o sorriso dela que me cativou desde o começo, a principio por fotos que me fizeram cruzar o estado em 200 km para poder vê-la, e depois pessoalmente aquele riso fácil, quase infantil, mas que me alegrava, trazia paz.

Quando penso nela, a primeira coisa que vem na minha mente era a forma peculiar de sorrir...

Talvez ela seja um pouco estilo Monalisa, com um sorriso que esconde mistérios, porque apesar dela ser uma pessoa muito transparente, ela sempre me foi indecifrável, impenetrável (não literalmente [eu preciso parar de cortar com putaria pensamentos profundos]).

A Luciana sempre foi uma grande indefinição, ou uma definição sem rótulos, e acho que sou restrita demais, porque fico perdida sem esses rótulos. Ela agia como minha namorada a maior parte do tempo, mas se negava ferrenhamente a dar qualquer título, e isso já seria o suficiente para me deixar insegura, mas pior ainda quando sem saber que falava comigo ela fala coisas tão cruéis ao meu respeito... Eu e minha incapacidade de esquecer! Queria simplesmente apagar isso da minha memória, porque honestamente, não se trata de mágoas, até porque, o que sinto positivamente por ela, é muito maior e superior que qualquer coisa negativa que por ventura eu tenha sentido em algum momento.

Aí agora adiciono um fake no meu perfil, e apesar de conhecer as ideias desta pessoa x, esbarro no mesmo poço de indefinições, mas como a paixão é algo fora de questão desta vez, consigo analisar a questão com um outro senso crítico.

Eu não sei o nome dela (isso se de fato for um "ela" [aliás, essas questões de gênero são tão frágeis, quem pode de fato definir as fronteiras]), não sei como é seu rosto, não sei onde ela mora, idade, nada! Tudo que sei (ou supostamente sei), é que ela canceriana, mora no nordeste do país, e diz ser uma sereia! (mas quanta ironia!), e gosta de desenhar.

Essa obsessão que algumas pessoas tem pelo indefinido me enervam, mas me enerva também essa obsessão que eu tenho pela definição, definir é recortar, e com isso matar todas as outras possibilidades.

Hoje eu percebo a ironia: eu queria tanto que ela se definisse como minha namora, que na impossibilidade de se cumprir o meu desejo, eu o realizei de forma diametralmente oposta definindo ela como minha não-namorada, riscando ela para fora da minha vida!

Claro que esse não foi o único motivo, mas sempre restará a dúvida: se eu fosse mais tolerante com essa indefinição dela, se eu não exigisse tanto que as coisas acontecessem no meu tempo, mas respeitasse o tempo dela, será que todos esses conflitos teriam existido? Se não tivessem existido, será que haveria a necessidade de eu me distanciar por medo de machucá-la?

Então heis que este ser indefinido que indefinidamente agora faz parte da minha vida me diz:

- ambas seguem a mesma direção, se for assim
- como assim?
- você por buscar definição ainda vive o indefinido, e ela por viver o indefinido, busca definição

Foi o que eu disse: eu sou o oposto da Luciana, mas o oposto nada mais é do que o mesmo lado de uma mesma moeda, não somos incongruentes, pelo contrário, muitas vezes encontrei nela aquilo que faltava em mim... Só queria ter conseguido fazer isso de uma forma que não tivesse machucado ninguém...

Sobre Estupros

Vamos lá, desenhando para os mais lerdos:

Estupro é sexo sem consentimento de uma das partes. Não importa se foi cometido por um homem contra uma mulher, por um homem contra um homem, por uma mulher contra uma mulher, ou por uma mulher contra um homem.

Homens também estupram homens, e mulheres também estupram. Mas vamos colocar as coisas em suas determinadas dimensões: é ESMAGADORAMENTE MAIOR o número de homens que estupram mulheres. E isso é fruto de uma sociedade machista. E o machismo é tão grande, que se uma mulher faz sexo sem consentimento com um homem, provavelmente ele nunca irá denunciar para não ser chamado de "Mulherzinha" e "bichinha", porque claro, além de sermos uma sociedade patriarcal e machista, somos também homofóbicos.

TODOS tem direito a dizer não.

Obrigada pela atenção.

Meu refúgio

Eu definitivamente sou uma megalomaníaca, e sem duvida, aquilo que eu sou mais exagerada são as palavras, não porque eu diga exageros (eu sinto intensamente, e simplesmente descrevo o que sinto), mas sou hiperbólica na quantidade.

Acredito que aquilo que eu mais preze numa potencial namorada, ou numa potencial amizade, é a capacidade da pessoa ser uma boa ouvinte, e com boa ouvinte não quero dizer alguém que receba tudo passivamente. Quero dizer alguém que não só aguente essa inundações de palavras, conceitos, pensamentos e vertigens que eu tenho diariamente, mas que consiga processar isso e ponderar sobre, até mesmo bater de frente e me dizer descaradamente o como eu estou errada.

E a Luciana era uma ótima ouvinte, uma das melhores que já conheci, ela realmente batia de frente comigo quando achava que eu estava errada, e eu amava isso nela. E sinto muita falta das nossas conversas, de contar como foi meu dia, contar meus pensamentos, minhas loucuras, nem que fosse para ouvir de volta um "e qual a relevância disso?" (ela sabia ser cruel, mas essa crueldade me ajudou muito a amadurecer... A repensar muitas coisas, eu estava muito acomodada...)

Mas eu jurei que nunca mais a procuraria, e estou tentando algo meio louco: cumprir as coisas que falo! Olha que doido isso! hahaha

Confesso que adoraria que ela me stalkeasse um pouquinho, e pelo menos soubesse o como eu sinto falta dela, já que não posso chegar e falar diretamente, mas ela não vai fazer isso, primeiramente porque ela não é dessas, e também porque provavelmente ela já esqueceu... Como ela mesma disse o que ela sentiu por mim foi um "amor de pica" (ironicamente, sem pica).

Na véspera de São João fiz a brincadeira do copo, que me disse que não só voltaria com ela, como ficaríamos junta por 63 anos!!! Claro que não acredito nessas coisas, mas queira ou não, quem está na chuva é para me molhar, e quem faz um brincadeira dessas é porque quer saber uma resposta e irá pensar sobre o que foi "respondido"... Confesso que fiquei encantada e abismada com a ideia.

Apesar de eu sempre jurar "amor eterno", nunca pensei realmente e passar a vida com alguém, o máximo que eu imaginava de um relacionamento seria uns 5 anos no máximo! E olha que se eu conseguisse comemorar um ano junto com alguém, eu já me consideraria uma "vencedora", por olha... Pra alguém me aguentar por um ano inteiro só muito amor...

Com a Luh mesmo, parece que foi tanto tempo e na verdade foram só 2 meses! Aí estava conversando com uma colega no face, e ela disse que ficou junto com uma namorada por 14 anos! QUATORZE ANOS, GENTE! Acho que jamais ficaria tanto tempo assim com ninguém...

Eu tenho vivido 24 anos e rotatividade total e já estou completamente enjoada... Sim, eu sinto falta da Luciana, mas tenho medo de ela volte a falar comigo, e que essa brincadeira tenha um fundo de verdade e eu passe minha vida toda ao lado dela...

Eu digo que tenho medo da solidão, mas cada vez mais percebo que é mentira, eu vejo que tenho mesmo é medo de amar alguém de verdade e me entregar completamente. Por isso me forço tanto a ter relacionamentos intensos e fugazes... Talvez meu maior medo seja que alguém venha para ficar...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Mas até a minha solidão está na dela...

Tive minha primeira namorada aos meus 17 anos, e depois de poucos meses, terminei o namoro porque já estava afim de outra, e basicamente emendei uma coisa na outra.

Dois anos depois tive a minha segunda namorada, a Bia, e apesar de ter ficado com ela menos de 2 meses, perto do fim eu já estava bem enjoada, e menos de uma semana depois do término já estava eu gandaiando com outras.

Com a Denise, bem nem esperei o fim, afinal o nosso fim foi o fato de eu ter me envolvido com a Ana, foras minhas pegadas de baladas.

Com a Paty nem comento... Terminei meu casamente porque já estava namorando a Aline.

E a Aline, essa tomou chifre tadinha.

E com o requinte de crueldade de eu jamais ter escondido nada das minhas namoradas. Nunca "traí" nenhuma delas, elas aceitavam e se sujeitavam a isso, e para mim era tudo um grande jogo de egos. Mas eu não abria mão desses relacionamentos abertos, pois uma semana junto de alguém era o suficiente para eu me enjoar de estar só com a pessoa e querer novas aventuras.

E agora me sinto uma idiota, porque provavelmente a Luciana nem lembra mais que eu existo e aqui estou eu só conseguindo pensar nela...

Eu preciso parar de ser tão intensa! Fiquei com ela só 2 meses, e pareceu que foi tanto tempo... Eu sou uma idiota a maior parte do tempo. 

Agora olhando de fora entendo o que ela queria dizer. Eu tenho que aprender a ir com calma. Ninguém ama ninguém em tão pouco tempo, ela está certa... Ela estava certa sobre quase tudo, mas era encantador como ela só conseguia dizer as coisas da pior forma possível.

Sinto falta dela... Muita falta, mas estou tentando ser decente pela primeira vez na vida, e não perseguir nem stalkear ela... Sou uma pessoa muito difícil, MUITO difícil, e não vale a pena o risco de machucá-la. Eu jamais me perdoaria.

E assim estou eu, vivendo uma dia de cada vez... Uma hora para de doer...


Um conto de Fadas e Sereias

Provavelmente a forma correta de começar este conto seria "Era uma vez uma fada e uma sereia que se apaixonaram sem perceber o como essa ideia era estúpida...", mas seria um péssimo começo por vários motivos.

O principal motivo é que temos uma ideia muito errado sobre fadas e sereias, não acredite em tudo que os contos de fadas convencionais falam para você, embora cada um diga uma coisa. Já ouvi que sereias não têm alma, e ouvi também que fadas só conseguem ter um sentimento por vez... É tudo mentira.

As fadas são filhas do ar, as sereias são filhas da água, os seres humanos são filhos da terra, e as salamandras filhas do fogo.

Se formos simplificar: terra é a matéria, ar é o pensamento, águas as emoções e fogo do espírito.

Mas talvez, o que tenha unido aquelas criaturas tão distantes, foi o fato delas serem tão diferente daquilo que deveriam ser...

Elas eram opostas, mas a oposição nada mais é do que o outro lado de uma mesma moeda. O oposto da claridade é a escuridão e não o silêncio. Por isso mesmo tão opostas elas se entendiam, se completavam. Uma achava na outra aquilo que faltava em si. E não me venham com essa que somos completos! Como posso explicar? Uma peça de um quebra-cabeça é um ser completo em si, mas ela só ganha sentido e dimensão combinando-se e completando-se com outras peças.

Mas do que adianta tantas explicações? Vamos aos fatos:

Era uma vez uma fada, que ao contrário das suas companheiras não tinha nenhuma resposta, mas muitas perguntas. E enquanto todas as outras ficavam festejam e compartilhando todas as suas certezas sobre a vida e sobre o mundo, ela queria saber o que havia além daquele círculo estreito em que as fadas viviam. E apesar de a vida toda tentarem tirar isso de sua cabeça, um dia a jovem fada saiu pelo mundo atrás de respostas. Ninguém percebeu sua ausência, pois todas estavam preocupadas demais com suas próprias certezas.

Ela voou, voou e voou, e por mais que buscasse, não encontrou resposta alguma, só mais perguntas. E ela se sentia muito angustiada, como se não pertencesse a lugar algum, como se fosse completamente sozinha no mundo. Cansada daquela vida sem sentido, decidiu que daria um fim a sua existência, que já havia se tornado um fardo.

E voando, meio cabisbaixa, como se carregasse o peso do mundo em suas costas, ela avistou um rio e pensou "pois bem, é ali que darei fim a minha vida".

Ficou sobrevoando aquelas águas calmas e límpidas, sabia qual seria o fim daquela história, mas não tinha pressa, e enquanto pensava em como faria acontecer sua vontade, aproximou seu rosto da água e viu seu reflexo, a muito tempo ela não se enxergava. Mas ela estava parada e o reflexo começou a se mover em direção a superfície! E foi com grande espanto que ela viu aquilo que parecia ser meramente um reflexo seu ganhar vida própria e brotar da água dizendo "oi!".

A fada recuou assustada, mas a sereia com seu jeito brincalhão, sorriu espoleta e tentou puxar assunto:

- Você é um tipo diferente de vaga-lume?
- Não! Eu sou uma fada! - disse que pequena alada mau-humorada
- Ual! Pensei que vocês não passavam de histórias para as crianças!
- E que tipo de peixe estranho é você?
- Não sou um peixe, sou uma sereia!
- Também não sabia que vocês existiam! E olha que já voei muito por ai!
- É porque as sereias nunca vem até a superfície. Mas eu sou tão encantada com as coisas aqui de cima, que sempre dou um jeito de vir...
- E nós fadas nunca saímos do nosso reino, eu fui embora porque procurava respostas...
- E você achou alguma?
- Não... Só mais perguntas... Não vejo sentido na minha vida. Minhas irmãs se divertem com festas e suas certezas absolutas, já eu não consigo encontrar nada que me satisfaça, nenhum lugar ao qual eu pertença!
- Eu também me sentia assim...
- E o que você fez?
- Você vai achar idiota... Você que viajou o mundo todo, e tem perguntas tão maiores...
- Conte mesmo assim...
- Eu aprendi a me amar... E apesar de ninguém entender ou aprovar eu sempre subir para a superfície, eu faço, porque isso me faz bem... Você deveria procurar aquilo que te traz paz...
- Eu nunca consegui achar essa paz...
- Você disse que iria por um fim a sua vida, certo?
- Sim...
- Então você não deve estar com muita pressa para um outro compromisso, certo?
- Sim...
- Então sente-se comigo - e a seria eu dizer isso, sentou numa pedra na beira do rio
- Eu sou uma criatura do ar... Nunca sentei em pedras!
- E eu sou uma criatura da água! E onde mais conseguiríamos nos encontrar?  - e ao dizer isso riu novamente daquela risada gostosa...

E assim todos os dias as fadas descia dos céus, e a sereia subia da profundezas das águas para se encontrarem naquela pedra... E lá elas falavam sobre tudo, ou riam de bobagem, ou simplesmente nada diziam, uma simplesmente existindo ao lado da outra, mas nunca a existência era tão doce como nesses momentos.

O que pouca gente comenta, é que tanto fadas como sereias tem o corpo muito frio, faz parte de sua própria natureza, mas aqueles encontros foi criando uma chama dentro delas... Algo que foi se irradiando, e tornava seus corpos ardentes, flamejantes, um fogo invisível, mas que faria inveja a qualquer salamandra!

E elas desejam a cada dia mais aqueles encontros, e tudo que eles traziam, mas tinha medo, muito medo... Era elas contra o mundo e sentindo algo que não sabiam explicar ou compreender.

Então um belo dia, entre um encontro e outro a fada pensou sobre seu passado, sobre o presente e sobre o futuro... Ela e sua bela sereia jamais teriam um futuro juntas, então para que prolongar aqueles encontros? Ela tinha medo de machucar a seria, pois nada no mundo lhe era mais precioso. Então aquele dia ela não apareceu, se escondeu atrás de um árvore, e viu surgir a sereia ansiosa para lhe ver, e viu a ansiedade se transformando em decepção e depois em tristeza...

Então, todos os dias a sereia subia para a superfície no mesmo horário esperando por sua fada, e a fada todos os dias se escondia para admirar sua amada surgindo das profundezas do rio. E era cega ao fato que em sua ânsia de não machucá-la, acabava machucando...

Depois de algum tempo a sereia deixou de aparecer, mas a fada continuava a esperá-la ansiosamente. Porém, com aquela ausência completa, ela perdeu novamente aquela chama que fazia ela ter vontade de se manter viva... Ela foi se esquecendo de quem ela era, e de quem poderia ser...

Sentou-se então na pedra em que costumava se encontrar com a sua sereia, amarrou um peso prendendo suas pernas e se jogou no rio. Por ser uma criatura do ar, não precisou de muito tempo para ser sufocada pela água e perdeu a consciência. Era o fim.

Sua consciência foi voltando aos poucos, com a vista embaçada, precisou piscar algumas vezes para tentar enxergar o cenário e compreender o que estava acontecendo: ela estava encharcada, novamente deitada na pedra com a sereia ao seu lado, passando a mão em seus cabelos...

- Não foi jutos você me deixar... Não me permitir escolher o que era melhor para mim... Mas seria mais injusto ainda você me roubar você para sempre!
- Você não entende...
- Não! Você que nunca entende nada! Eu não sou uma fada e eu nunca vou poder voar com você! Mas todos os dias eu vinha para a superfície te encontrar! Porque você não pode me aceitar como eu sou? Aceitar a minha natureza?
- Me desculpa...
- Sei que não é fácil para você, mas também não é para mim... Entendo que você quisesse alguém para voar o mundo todo com você, e eu queria alguém para nadar comigo... Se você encontrasse uma fada vocês poderiam voar pelo mundo todo juntas, e se eu encontrasse uma sereia poderíamos juntas explorar os 7 mares... Mas enquanto formos eu e você, estaremos sempre presas a essa pedra...
- Por isso eu fui embora... Eu queria te deixar livre...
- É isso que você não entende! Se é nessa pedra que posso estar com você, então é ela que será meu lar! Prisão é me obrigar a ficar longe de você... E eu só vou embora se você disser que não me quer mais!
- Eu viajei o mundo todo, vi coisas que você nem acreditaria, e de todas as belezas e riquezas dentes mundo, para mim, não há nada mais belo e mais precioso que você. Não há nada que eu deseje mais...
- Então você fica?
- Fico mais um dia...
- E depois?
- Eu fico mais um dia novamente!

E elas sorriram, mais nada precisava ser dito, pois desta forma elas descobriram que quando se ama, uma pedra pode ser maior que o mundo todo.




domingo, 23 de junho de 2013

Não consigo pensar num bom título

Ok... Ok... Estou arrasada, tenho passado os últimos tentando tentando fingir que não ligo, que não me importo, que não dói. Tentando racionalizar e ter uma visão crítica, buscando um passado distante, como pretexto para justificar um ciclo de repetições que invalidariam qualquer sofrimento que eu tivesse agora.

Mas agora meus olhos são represas que se romperam e me desatei a chorar, mas também, o que eu queria? Decidi ouvir as músicas que me lembram dela... Fui ouvir "Anunciação", eu disse pra ele que essa música sempre lembraria aquele momento...

Ela me adicionou no face dia 19/04, dia 21/04 e 22/04 começamos a conversar efetivamente, e dia dia 23/04 eu disse que ia pra lá, que precisava vê-la, era loucura, mas eu precisava. Dia 25/04 lá estava eu... E um pouco antes de eu partir ela me mandou essa música, que ouvi repetidas vezes na viagem... Marcado por aquele "tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais", em um tom de urgência que me fizeram ter ainda mais urgência em chegar a ela...

Sinto falta dessa urgência que ela tinha em me ver, da urgência que ela teve em me beijar, ou em fazer amor comigo (ahhh que brega)... Mas eu sinto falta... E confesso que fui muito iludida em achar que ela continuaria com essa mesma urgência em me ter... Mas a minha por ela só foi aumentado... Essa vontade de estar perto... A gente se falava todos os dias, e sinto falta disso, de saber como foi o dia dela e contar como foi o meu... Mas sinto falta de todo esse "lance de pele", o cheiro, do beijo, do gosto...

Mas nada disso existe mais... Só resta a lembrança de uma loucura... Pelo menos a última vez que nos vimos foi perfeito! Mais que perfeito! Foi um dos melhores dias da minha vida... Mas foi melhor assim... Principalmente melhor para ela... Não sou uma boa pessoa, não posso fazer ninguém feliz, nem a mim mesma... Na minha boa intensão eu destruo tudo que me rodeia...

Sentirei saudades... Claro que sentirei... Mas... Ela merece coisa melhor... Muito melhor...

Talvez eu só precise chorar um pouco mais... Talvez eu precise aprender a nunca mais amar, para nunca mais ter que dizer "adeus"...

sábado, 22 de junho de 2013

Àqueles que foram embora

Segundo meu horóscopo personalizado, isso é tudo culpa da lua em quadratura com minha vênus natal... Se é verdade eu não sei, mas é sempre bom ter uma desculpa para justificar aquilo que não conseguimos mudar...

estou sofrendo de uma terrível nostalgia... Bem no "estilo paralamas"

"eu hoje joguei tanta coisa fora, eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias, gente que foi embora, e a casa fica bem melhor assim. o Céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu, e lendo os teus bilhetes eu penso no que fiz, querendo ver o mais distante sem saber voar, desprezando as asas que você me deu..."

Aliás, a Denise sempre pedia para eu cantar essa música pra ela, ela dizia que na minha voz ficava mais bonita do que a original... O amor deixa a gente cego e surdo... Mas eu cantava melhor naquela época, hoje quase nem tenho voz, fodi minha garganta de tanto que fumei, bebi e berrei por aí...

Fodi minha vida toda... Todo mundo seguiu em frente, e hoje, ao contrário do que sonhei minha vida toda, não tenho ninguém para cantar minhas canções de amor (ou sobre gatos ou peitos)... Todo mundo foi embora, com todo o direito de ir, com todo meu aval...

De tudo que planejei para minha vida, nada se realizou, nem o que imaginei nos meus planos mais sinistros, como ter uma doença terminal, ou virar uma mendiga decadente, uma serial killer, ou mesmo uma louca trancada num hospício...

Vivo uma vida sem glória, sem exceções... Não tenho nada de especial.. Nem para o bem, nem para o mal... Mas também não consegui ter uma vida boa "Normal", não consegui simplesmente conhecer alguém legal, deixar as coisas acontecerem, construir uma família, ter um emprego bacana...

Minha vida tem seguido aos trancos e barrancos... E me sinto sozinha, talvez mais sozinha do que nunca me senti, mas antes eu fazia mais escândalo... Acho que me conformei, e não só com a solidão, mas com tudo... Com uma vida medíocre e sem perspectiva...

Eu não acho que exista mais um "recomeço" pra mim, pois como disse em uma postagem anterior, minha vida foi basicamente composta de recomeços, então o único recomeço possível, seria não recomeçar nada e seguir em frente... Mas tenho uma vida em cacos, sonhos despedaçados, relacionamentos destruídos... Não tenho nada para dar continuidade.... Então só me basta seguir em frente com meus recomeços, sem jamais recomeçar seguindo em frente...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Quem sou eu?

Acho que me faço essa pergunta desde que me conheço por gente, e sempre que imagino que estou perto de achar uma resposta, percebo que já mudei, que não só as respostas mudaram, mas as próprias perguntas também.

Para essas indagações existenciais, ainda não encontrei síntese melhor que a música "Anacrônico", da cantora Pitty:

"É claro que somos as mesmas pessoas, mas pare e perceba como o seu dia a dia mudou. Mudaram os horários, hábitos, lugares, inclusive as pessoas ao redor. São outros rostos, outras vozes interagindo e modificando você. E aí surgem novos valores, vindo de outras vontades, alguns caindo por terra, pra outros poderem crescer..."

Essa recente ondas de protestos me fez lembra muito a mim mesma no meu "despertar" político, claro que um primeiro estalo é importante, mas o verdadeiro despertar é fruto de muita reflexão, e traz muitos mais dúvidas que certezas... Ou será que o problema sou eu?

Seja como for, na minha última e derradeira conversa com a Luciana, falamos sobre como as pessoas tentam montar uma auto-imagem enganadora para atrair o outro. Talvez não propositalmente enganadora, mas a intensão não muda o fato.

Não tenho todas as respostas sobre quem sou eu, mas começo a aceitar algumas verdades:

Eu sou uma vendedora... Não, não vou dizer que sou "astróloga" porque fiz um mapa astral, ou "dj", porque juntei umas 50 músicas no pendrive e coloquei para tocar na festa de família aqui de casa, nem vou dizer que sou fotografa porque compre uma máquina com lente boa e bato fotos pessoais, e nem vou dizer que sou desenhista, só porque tenho um ou dois rabiscos. Eu não tenho uma profissão ou carreira cool, e não vou fingir que tenho dizendo "na verdade, eu sou xxxx, mas no momento estou trabalhando com vendas", é isso aí, eu sou vendedora, não tenho uma vida glamurosa só um emprego comum.

Sou fumante. Chega de dizer que posso parar quando quiser. Estou tentando parar há anos, e não consigo, diminuo, paro por um tempo, volto, só vou ficar feliz quando morrer de câncer! É um vício, é horrível, mas chega de dizer que não sou fumante, que fumo socialmente, eu sou uma viciada, quero me recuperar, mas é difícil, porque na área comercial quase todo mundo fuma, e quando você já tem um vício, é difícil se desvincular com todo mundo te empurrando na direção contrária.

Eu sou bipolar. E bipolar mesmo! Eu devia fazer acompanhamento psiquiátrico, mas no momento não tenho dinheiro, e não venham me falar de SUS. Infelizmente, a saúde pública no nosso país está longe de ser minimamente aceitável, e transtornos psiquiátricos são coisa séria. A minha euforia me faz ter uma falsa sensação de "super poderes" e faço coisas incríveis que me prejudicam demais, e minhas fases depressivas são longas, contantes, e terríveis. Eu tenho uma péssima auto-imagem, crises de pânico constantes, desejo de suicídio, eu tenho pena de mim mesma, eu choro por besteira, tenho desejos de auto-mutilação, tenho acessos de raiva, crises de estresse que me gerar uma terrível gastrite nervosa, comportamento agressivo e inconstante. Lidar comigo é quase insuportável.

Eu tenho muitos "falsos progressos", parece que eu melhorei, evoluí, amadureci, mas na verdade, são só fases de euforia. Acredito que desde os meus 7 anos de idade, eu tive pouco ou nenhum progresso efetivo em qualquer setor da minha vida.

Sou extremamente ansiosa. Eu falo rápido e alto, eu digito rápido e não releio o que digito, e estão eu falo e escrevo errado, mesmo sabendo a forma correta. Eu tento controlar minha ansiedade, mas é muito difícil. Tomo decisões impensadas, e minha ansiedade colabora para a minha inconstância, pois nunca avalio bem a situação antes de tomar uma decisão, então estou constantemente arrependida, inclusive arrependida por me arrepender e voltar atrás.

Sou desorganizada, chego a ser porca. Eu alego falta de tempo, falta de ânimo, mas na verdade é falta de zelo.

Nunca termino nada que começo. Isso é terrível, eu vivo uma vida pela metade, incapaz de concluir até ações simples do dia a dia, incapaz de cumprir promessas que faço para mim mesma, mesmo promessas do tipo "farei isso por 3 dias"... Não importa se for por um ano ou um minuto, eu sou incapaz de concluir qualquer coisa. Até hoje não sei como me formei no colegial (vontade de desistir não me faltou).

Sou carente, grudenta, e isso num nível que chega a ser doentio. Sou controladora, ciumenta e possessiva.

Deve ser por isso que crio uma falsa auto-imagem, creio que se eu mostrasse quem sou, ninguém nem ao menos chegaria perto. E quem chega, vai embora, não muito tempo depois.

Algumas pessoas são boas, outras não.

Recomeços e Continuidades

Acredito que um dos meus maiores problemas seja a minha obsessão por recomeços.

Se astrologia funciona mesmo, junte meu Sol em Áries que me faz impulsiva e compulsiva por coisas novas, com a minha Lua em Virgem excessivamente crítica que não aceita erros.

Sinto que minha vida é um eterno rascunho sendo passado a limpo. Não que isso seja 100% bom ou 100% ruim. A minha progressão nem está sendo linear, nem circular, mas uma espiral ascendente, ou seja, eu fico repetindo os mesmo ciclos, mantendo sempre em mente o aprendizado anterior, para tirar o máximo da nova experiência.

Mas me falta continuidade. Não consigo lidar bem com meus próprios erros, nem com os erros de outrem. Quando eu considera que algo está perdido enquanto obra prima, eu transformo aquilo num grande esboço para testar meus aprendizados, conhecimentos e teorias.

Claro que tudo que eu vivo vale como experiência em si, mas meu foco está sempre numa experiência futura, ou seria melhor dizer: um experimento futuro?

Me acho muito cruel algumas vezes. Quase sempre, pra falar a verdade.

Obviamente me pergunto com muita frequência se algum dia eu sairei dos recomeços e entrarei nas continuidades.

Já perdi as contas de quantos projetos, propostas, negócios, namoros, amizades, empregos, etc deixei pela metade. Quando eu considero que algum erro é imperdoável, eu aneio por um novo começo, por uma folha em branco... Mas eu sempre cometo erros imperdoáveis...

Gradativamente eu estou tendo alguns progressos, ou então, estou me iludindo com essa ideia para me sentir melhor comigo mesma. Mas se tem algo que sempre me pergunto, esse algo é "quais são os parâmetros para dizer que uma pessoa é melhor que a outra, ou que até mesmo o meu eu de hoje é melhor do que meu eu de ontem?"

A vida é um constante perde-ganha. Acho que simplesmente mudamos, e querer qualificar isso, é só uma forma que encontramos para aceitar as mudanças inevitáveis da vida. Por que quem me garante que isso que considero uma melhora, não será, na verdade, minha derrocada?

sábado, 15 de junho de 2013

E eu?

Sabe quando você está tão perdido que nem sabe por onde começar? Pois bem, esta sou eu agora nessa postagem...

Nos últimos tempos, as pessoas têm afirmado ostensivamente o quanto eu mudei, melhorei... E eu mesma tinha esta auto-avaliação, mas andei repensando recentemente, e cheguei a conclusão que "Por fora bela viola, por dentro pão bolorento".

É como se eu fosse uma casa caindo aos pedaços, com os alicerces podres e como solução, eu passei uma demão de tinta na parede. Eu não resolvi meus problemas emocionais, psicológicos ou comportamentais, eu só maquiei eles.

Eu vejo todo mundo ao meu redor seguindo a vida, e eu? Todos os dias eu me pergunto repetidamente, e não encontro uma resposta definitiva. Parece que aqui dentro é um caos constante.

Mas fiz algo inusitado: apesar de eu e a Luciana termos "desoficializado" nosso namoro há um tempo, continuávamos mantendo um relacionamento afetivo / romântico / sexual, e eu dei um ponto final, decidi me afastar. Eu percebi que não posso fazer bem para ninguém. Eu não posso esperar que ninguém seja meu "deus ex machina" que virá trazendo todas as soluções para a minha vida. Eu tenho que "me encontrar" primeiro.

Estávamos juntas há menos de 2 meses, e apesar de eu ter sido muito melhor com ela do que eu fui com qualquer outra namorada, já havíamos passado por um ciclo intenso de chantagem emocional, ofensas, agressões verbais... O problema não é ela! O problema sou eu! Vejo as pessoas com as quais já me relacionei e elas se relacionam "de boa", sem conflitos, o conflito está em mim.

Eu amo demais essa menina, e por isso mesmo eu espero que ela encontre alguém bacana, com os mesmos objetivos que ela, alguém que saiba tratá-la bem, que tenha leveza. Por mais que eu queira ficar com ela, sei que ao meu lado tudo que ela terá será uma vida cheia de traumas, e conflitos, e dúvidas, e problemas... E como eu poderia desejar algo assim para alguém que eu quero tão bem?

Minha vontade de mudar não foi o suficiente para evitar meus erros tantas vezes repetidos. E são coisas que para todos os outros são tão fáceis, mas para mim é uma luta diária. Eu espero que ela encontre alguém com quem ela possa discutir o capítulo da novela, e infelizmente, eu não sou essa pessoa... Enquanto ela só queria sossego, eu queria entender a vida, o universo e tudo mais, além de mudar completamente essas sociedade nojenta em que vivemos...

Mas eu nunca me senti tão impotente assim. Me sinto presa num jogo de forças, no qual eu sempre sairei derrotada.

Não sei se algum dia terei coragem de me relacionar com alguém de forma duradoura. Não aguento mais esse deja vu: sou encantadora num primeiro momento, e depois me torno o pior pesadelo da pessoa. Efetivamente, quão diferente eu sou de um psicopata? E este pensamento anda me atormentando faz tempo, mas nunca tinha tido coragem de verbalizá-lo, mas lendo alguns relatos no blog da Lola sobre os namorados psicopatas da moças, eu vi como eu me identifico.

Será que é isso no final das contas? Será que é isso que eu verdadeiramente sou? Um monstro que usa um certo "charme" para atrair suas "presas" e depois de divertir sadicamente fazendo da vida delas um inferno? Pois bem, talvez eu possa não ter controle sobre o fato de eu ser um monstro (e pelo feed back que tenho de todo mundo que me relacionei, é isso aí), mas posso ter o controle de me afastar das pessoas para não ferir mais ninguém.

Eu não consigo viver com esse remorso, com a consciência das coisas que fiz e faço. E queria tanto que minha vontade fosse o suficiente para mudar, mas está na hora de aceitar isso de forma franca: não foi, não é, e talvez nunca será!

Eu queria ter uma resposta ou um caminho, mas não tenho, então o jeito é continuar me mantendo emocionalmente distante, ocupando minha mente com coisas úteis e benéficas e vivendo um dia de cada vez...

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Você come quieto? Eu não!

Acho ridículo o fato de algumas coisas me incomodarem! Todo mundo tem direito a sua opinião, sua liberdade pessoal, todos tem direito a amar a quem quiser, e como quiser e a quando quiser...

Eu já fui uma pessoa completamente (literalmente) ciumenta, possessiva, controladora. E como toda a mudança, esta minha de paradigma não veio do dia pra noite, aliás, ela nem consumada está.

Já consegui "convencer" o meu eu-consciente, qual é o caminho correto, qual é o posicionamento mais saudável, mas ainda sim, sou eu contra o mundo (exceto um ou dois loucos como eu).

Desde criança ouvimos contos de fadas que falam sobre príncipes encantados e felizes para sempre. E ouvimos história de almas gêmeas, e amor da vida. E vemos isso nos desenhos, nas novelas, nos livros... Todo nosso imaginário está calcado nisso.

Então você conhece os posicionamentos políticos de esquerda, conhece o ativismo político, conhece o feminismo, conhece gente interessante e muito mais complexa do que aquelas que acreditam no felizes para sempre!

Conhece o poliamor, e se envolve em relacionamentos abertos. Aprende a discutir abertamente o que pensa, o que te oprime, o que te faz mal. Entende que não basta fingir que está tudo bem só para apaziguar as coisas, mas busca um crescimento dialético legítimo.

Não tem mais essa de preto no branco, e nem que pau é pau e pedra é pedra. Pelo contrário, você vai aprendendo sobre matizes e gradações, sua vida se torna uma grande troca coletiva, você não precisa reinventar a roda toda hora, mas precisa ter suas própria epifanias, entender o que aquilo exatamente significa na sua vida.

Mas você continua sendo bombardeado pelo senso comum. Apesar de tudo, eu ainda sou furto do meu tempo, da minha cultura, da minha família. Meu ambiente afeta minhas escolhas, e minhas escolhas afetam meu ambiente, não dá para simplesmente fechar os olhos para isso!

Pra mim, que come quieto, come triste... Porque eu sou viciada em falar, em compartilhar... Eu quero saber o que você está achando daquela comida, eu quero trocar receitas, eu quero variar o cardápio. Quem come quieto se conforma, acha a comida ruim, mas engole só pra terminar logo.

Eu não sou come quieto, e acho que incomodo muita gente assim.

Se estou com ciumes dela? Com certeza! Só acho que ela deveria ter sido honesta desde o início e procurado alguém que queria se sentar calado na mesa com ela e compartilharem sua refeição silenciosa!

Eu? Eu quero banquete! Eu quero festa! Eu não quero só pão... Ta na bíblia "nem só de pão o homem viverá, mas também da palavra", mas para mim, não a palavra de deus (?), mas as palavras de gozo e satisfação!

Pra mim, quem não chora não mama... Eu posso te dar tudo que eu sou, mas porque você pede de mim aquilo que não tenho?

terça-feira, 4 de junho de 2013

Dúvidas e incertezas...

E quando tudo parecia perdido, eis que no melhor estilo deus ex-machina, uma solução aparece magicamente do nada, e eu e a Luciana voltamos as boas...

Não... Voltar não é a palavra, nada "volta", as coisas seguem em frente, e seguimos em frente de uma forma que é inclusive melhor do que a que estávamos antes.

Ela tem sido dedicada, gentil, delicada, carinhosa... Se nega a assumir títulos... Namoradas? De forma alguma! Somos amigas! Amor? Não, não... Bem-querer... Mas isso não me afeta tanto, não mais... Pois antes ela dizia que me amava, e me tratava com um profundo descaso, era minha namorada, mas me deixava avulsa e ressaltava constantemente o como eu era descartável...

Estou reticente hoje... Acho que de fato não sei bem o que fazer... Porque agora, apesar dela estar sendo ótima, quem não tem mais muita certeza sou eu... Quer dizer... Eu tenho certeza que a amo gosto muito dela... certeza que quero que ela permaneça na minha vida... Mas não tenho mais certeza sobre relacionamentos...

Porque relacionamentos ao mesmo tempo que são ótimos, são aquela eterna pedra no sapato.

Isso pode parecer doido, porque ela tem me feito muito, muito feliz... Mas aí ela vira em tom de brincadeira e diz que eu deveria dormir com outras pessoas, e essa brincadeira magoa, essa brincadeira dói, e eu não quero que doa... Eu não queria me importar tanto...

Será que existe uma forma de ficar só com o lado bom?

Eu tento ser uma pessoa razoável e cabeça aberta, e quem convive comigo sabe... E sou muito racional na medida do possível, então como explicar esse incomodo que sinto se imagino ela tendo intercursos físico / sexuais com outras pessoas? Isso não tem o menor cabimento! Não é racional. O ser humano não é biologicamente monogâmico, e com mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, é muita arrogância da minha parte querer que ela só deseje a mim, que seu toque, que seu beijo, que seu amor, que suas carícias pertençam a mim! Ninguém pertence a ninguém!

Não quero prendê-la, não quero fazer cobranças ou exigências... Mas eu sou insegura! Confesso! Confesso que diante dos meus olhos ela é tão perfeita... Ela é tão linda... Aquele olhar dela... Olhos de ressaca, que sugam tudo... Aquele sorriso... O sorriso dela ilumina minha vida, é clichê, eu sei que é clichê... Mas ilumina, eu vejo as fotos dela sorrindo, e tenho vontade de sorrir também! Eu sei que ninguém conhece ninguém, mas eu amo tudo que conheço a cerca dela, sem exceção, incondicionalmente...

Mas se existe alguém no mundo que eu possa dizer que conheço bem, na medida do possível, esse alguém sou eu... Eu conheço cada defeito, cada fraqueza... E isso me dá medo, insegurança... Ela é tão maravilhosa, que tenho medo que ela encontre alguém bem melhor do que eu, e vá embora... E como eu poderia pedir pra ela ficar?

E eu sei que esse sentimento não tem menor cabimento... Ela não me ama... Nunca vai amar... Como eu sei? Ela me disse... Me disse que o que sente por mim não é amor... É só... Bem-querer e tesão... E eu queria não ligar pra isso, mas eu ligo... Queria ser menos babaca...

Não sei o que fazer, muitas vezes minha vontade é simplesmente ir embora, sem nem me despedir... Mas aí eu vejo, que vindo dela, raspas e restos me interessam, e isso é tão deprimente, mas sempre fico mais um dia...

sábado, 1 de junho de 2013

Conto de foda: Boas amigas

Mariana e Rafaela eram amigas desdes que se conheciam por gente. Cidade pequena no interior, sem muita coisas para fazer, elas moravam em casas vizinhas e eram praticamente irmãs. Não havia nenhuma confidência que não contassem uma para a outra. Embora muitas vezes sem nem entender do que se tratava.

A família das duas eram muito rígidas, criação cristã fervorosa. Tudo era tabu. A família de Rafaela era especialmente austera, e ela sentia falta de afeto, beijos e abraços, e era em Mariana que ela encontrava isso, a única pessoa que ela deixava se aproximar realmente.

Naquele dia, voltando da aula, como sempre, elas foram para a casa de Mariana, pois lá podiam passar a tarde sozinhas e sossegadas. Rafaela era muito frágil, e às vezes, excessivamente sensível, e aquele dia estava com cara de emburrada, porque tinham zombado da cara dela novamente. E para Mariana era inevitável: toda vez que via a amiga com aquela expressão chorosa, tinha vontade de colocá-la no colo e cuidar, e foi isso que ela fez, sentou ao lado da amiga no sofá e a abraçou suavemente fazendo com que repousasse a cabeça em seu colo.

Então ela começou a passar os dedos suavemente pelos cabelos da amiga... Eram cabelos tão macios... Rafaela a essa altura já estava de olhos fechado e com um semi-sorriso no rosto aproveitando aquele momento, afinal, essa era a única situação em que ela se sentia confortável e protegida.

Mariana viajava dentro da sua mente enquanto olhava a amiga: tão linda, um rosto tão sereno... Ela se inebriava diante daquela visão... Não entendia bem o que sentia, mas ela sabia que queria mais, como se quisesse envolver a amiga por inteiro... Protegê-la de tudo, acariciar cada parte do seu corpo... Inconscientemente conduzida por esse pensamento, ela começa a deslizar são mão pelo corpo de Rafaela: começa descendo pelo pescoço, passa pelo ombro... E quase sem querer, quando percebe já está tocando nos seios de sua amiga, que dividida entre o sobressalto pela carícias inesperada e um prazer que ela não compreende, abre os olhos e olha para Mariana com uma grande cara de interrogação.

Mariana, por sua vez, retribui esse olhar cheio de dúvidas com um sorriso sapeca e diz "shhhhhh... só tô cuidando de você"

Apesar de já ter seios relativamente fartos, Rafaela se negava a usar sutiã, dizia que incomodava. Então, naquele momento, mesmo por cima da camiseta do colégio, Mariana consegui sentir o bico dos seios de sua colega se enrijecendo ao serem tocados... E mesmo sem compreender os motivos um calafrio tomou conta do seu corpo, e ela pressentiu que precisava de mais...

- Tira sua blusa, Rafa...
Rafaela responde assusta:
- Como assim? Você sabe o que nossos pais sempre falam, a gente não pode tirar a roupa na frente de ninguém!
-Mas eu não sou qualquer uma... Você sabe o quanto eu te amo, você é uma irmã pra mim... E eu sei como você gosta quando te faço cafuné... Eu só quero acariciar outras partes do seu corpo... Você não tava gostando do que eu tava fazendo agora?

Rafaela morde os lábios, e sem responder nada, tira a blusa, e se deita de barriga pra cima no colo da amiga e diz "Só pra você..."

Marina intensifica sua carícias, enquanto sua amiga fecha os olhos, sem entender muito bem o que está havendo, mas desejando de todo o coração que aquilo continue. Depois de algum tempo de carícias ali, ela começa descer sua mão suavemente pela barriga de sua parceira, e de lá para as coxas... Ela está sentindo um calor muito grande entre sua pernas, e sabe que lá que deve tocar em sua amiga, então delicadamente afasta sua pernas e começa a acariciá-la por cima da calça...

Rafaela está totalmente entregue e solta muitos suspiros, mas desperta do seu transe quando a amiga diz com uma voz roupa e um pouco fora de si "abaixa um pouco suas calças", ao perceber a cara de espanto com que sua proposta foi recebida, Mariana completa "eu só quero te fazer um carinho, um carinho muito gostoso, para te fazer esquecer de todos os teus problemas... Pode confiar em mim... É carinho de amiga... Porque... Eu amo muito você... Não tem nada demais..."

Percebendo todo aquele afeto misturado com o tom de urgência, ela acaba cedendo.

Ao tocar ali, Mariana percebe que a amiga está muito molhada, e mesmo sem entender aquilo, entende que não é a única que está sentindo aquilo, afinal ela sentindo o quanto escoria ao acariciar o corpo de sua colega. Ela começa então a fazer carícias leves... E percebe o como essa carícias se transformam em gemidos e suspiros de prazer por parte da amiga, e vai intensificando o movimento que ela percebe que causam mais prazer. Rafaela por outro lado, afasta ainda mais as pernas para facilitar as carícias.

-Deixa eu te dar um beijo?
-Não... Não podemos... Não é certo... Garotas só devem beijar garotos...
Então Mariana morde os lábios, respira fundo e diz:
- Só quero dar um beijo aqui onde estou te tocando...
- Não... não sei se é acerto...
Mas Mariana intensifica suas carícias e diz
- Deixa eu te dar um beijo... Te prometo que vai ser ainda mais gostoso... Você é minha melhor amiga... deixa eu te mostrar como eu te amo

Rafaela ainda to em duvida, mas como não diz nem que sim, nem que não, Mariana a tira do seu colo, se levanta, aproxima sua boca dela e começa a lhe dar um beijo muito gostoso. Rafaela não estava preparada para aquilo... Aquela língua quente lhe tocando aumentou ainda mais calor ali onde ela era tocada...

O beijo durou uns 2 minutos... E estava tão gostoso! Mas então ela parou e perguntou "gostou do meu beijo?". Rafaela implorou para que ela continuasse, sem sucesso. Ela precisava de mais! Depois de alguma tempo torturando Rafaela, Mari finalmente disse:

- Eu também to muito carente... Eu também preciso de carinho...

E enquanto dizia isso, começou a desabotoar a própria calça... Pegou a mão de Rafaela e a colocou entre suas pernas

- Me toca!

Sem pensar duas vezes, ela começa a acariciá-la, e se delicia a perceber o como ela também está molhada! Sua respiração fica pesada... E começa a mover os quadris enquanto os dedos de Rafaela percorrem por seu corpo... Então ela tira a mão da amiga e diz

- Deita direito!

Mesmo sem entender nada, ela simplesmente obedece... E Mariana continua

- A gente vai fazer uma brincadeira agora... mas vai ser nosso segredinho... nada disso você pode contar pra ninguém.

Rafaela simplesmente concorda com a cabeça

- Você quer sentir mais da minha boca em você?

Desta vez ela morde os lábios e acena que sim com a cabeça com mais força.

- Então pode afastar suas pernas... Eu vou te beijar muito gostoso... Mas você me ama também?
- Claro que sim...
- É minha amiga?
- Sim...
- Então deixa eu sentir sua boca em mim!

Dizendo isso, ela sobe sobre a amiga, e volta a beija-la ainda mais gostoso, e com suas pernas, uma de cada lado da cabeça da companheira... Vendo sua irmãzinha ali, toda exposta pra ela... Toda rosada... Bem, bem molhada e nem sabendo o porque, aquilo a enlouquecia completamente, então ela respira fundo e sinte aquele cheiro delicioso... E instintivamente, começa a passar sua língua em Mariana... Sentir seu gosto a deixa ainda mais louca e começo a chupar como se quisesse devorar-la... E ai fazer isso, percebe que a parceira também intensifica seus movimentos... E então, delirando de tesão, ela deseja dar mais prazer também... Mariana a rebolar na cara dela cada vez mais rápido, enquanto solta gemidos e suspiros mais e mais intensos, começa também a se contorcer... Todo este movimento, faz Rafaela ficar mais sensível aos beijos da amiga e um calafrio começa a percorrer sua espainha... Ela quer ser beijada mais! Mais forte, mais rápido! Parece que vai morrer de tanto prazer, e começo a intensificar suas carícias também... Então, ela sente como se fosse uma explosão... Ali onde estava sendo beijada e é MUITO bom... Seu coração dispara, e a respiração fica pesada....

Sem nem se dar conta, ela para de beijar a Mariana depois daquela sensação toda, mas amiga diz quase em desespero

- Por favor! Não para! Não para! Me beija mais um pouco

E ela volto a passar sua língua nela com ainda mais vontade, pois nunca negava nada que a amiga pedia... Mariana prosseguiu:

- Me chupa... isso... mais forte.. mais rápido...

E então, entendo que aquilo que aconteceu com ela vai acontecer com a parceira, e quero muito dar este prazer para ela, começa a fazer com ainda intensidade.

Mariana começa a se contorcer mais, e seus gemidos viram quase gritos, e Rafaela não entendia porque, mas aquilo a enlouquecia... A amiga se esfregava com força na cara dela, e ela adorava!

Por fim, Mariana diz:

- Pode parar, pode parar...

E então se levanta, deita ao lado de sua querida Rafaela, lhe dá um beijinho na testa e diz:

- Eu gosto muito de você
- Eu também gosto de você
- Quer voltar amanhã pra gente brincar de novo?
- Uhum...
- Mas tem que ser nosso segredo... e só eu posso te acariciar assim
- Só você...

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Feliz Aniversário

Como foi possível ver na postagem anterior, no começo da noite comecei uma conversa bem caótica com um amigo que não falava faz tempo.

E já que o nível de fanfarronice estava grande, comecei a falar sobre coisas realmente sombrias que passam pela minha cabeça e que tinham sido inconfessáveis até então... Coisas que eu já tinha refletido, mas dialogar sobre isso foi totalmente diferente... Por quê? Bem, o melhor paralelo que eu tenho é uma equação matemática: se você for muito "foda" você até consegue solucioná-la "de cabeça", mas 99,999% das pessoas vão precisar colocar aquilo num papel e resolver etapa por etapa, e geralmente usando contas paralelas de suporte.

E assim foi feito... Coloquei minha vida em uma linha do tempo, só fatos relevantes, e percebi a coisa mais assustadora do mundo: eu estou amando pela primeira vez na vida. E isso é assustador por muitos motivos, mas acho que o principal foi descobrir que nunca amei ninguém, ou pelo menos nunca soube amar, eu estava sempre querendo "doutrinar" as pessoas, ensinar o jeito "correto" de ser, pensar, agir, falar... Ou seja: meu jeito... E Não bastasse isso, eu queria ensinar "na base da pancada", "no grito"...

A outra revelação assustadora é que... Eu estou em paz! Sim... Totalmente em paz comigo, com o meu corpo, com o meu passado com a minha história... Então temos o "dilema de tostines": estou em paz porque aprendi a amar, ou aprendi a amar porque estou em paz?

Mas acredito que as duas coisas vieram de mãos dadas... Um milagre? Não, não! Eu caminhei muito, batalhei demais, dediquei todas as minhas forças para chegar até aqui... E como disse meu amigo: "não sei se é uma Nova Camila ou se é uma Camila antiga que tinha se perdido, mas é completamente diferente de como você estava"

Eu também não sei... Mas eu passei a vida achando que o amor era um grande show pirotécnico, que demonstrar amor era as grandes declarações, o dramalhão, as brigas, o ciumes... E então eu entendi que não... Amar é estar em paz. Simples assim... Não é nos grande momentos que você demonstra, mas nas pequenas coisas... E dei para ele meu grande exemplo disso:

"Eu era/sou viciada em dizer 'eu te amo' e ela não gosta de ouvir isso, ela acha automático (e está certa, afinal eu mesma assumo isso como um vício) e acha que a expressão vem com todo um peso e uma pressão (o que também é verdade), então minha forma de mostrar que amo, é parar de dizer 'eu te amo', e isso é lindo, porque a cada vez que eu sinto vontade de demonstrar meu sentimento, eu preciso realmente pensar em algo verdadeiro, em algo que seja nosso e só nosso para que eu possa dizer, como 'me faz feliz lembrar do seu sorriso de criança travessa quando você ficava cantando repetidamente a música pedra mais alta, do teatro mágico, e você ria só porque sabia que estava me aporrinhando, e lembrar disso me faz sorri'... E esse é o grande barato, não é dizer 'eu te amo', mas é aprender a amar de fato cada coisa acerca daquela pessoa"

Mas sem dúvida, a grande revelação da noite foi a que mais de libertou: eu sou uma viciada em surtar. Isso pode parecer obvio para quem vê de fora, e sei que muitos amigos, cada um de um jeito, tento me alertar sobre isso, mas eu não conseguia processar a informação, e hoje, como numa epifania eu entendi!

Heis minha epifania:

"eu tive histórico de abuso, e o caralho a quatro, e fui me esforçando pra superar, do jeito que dava... e eu superei porra! eu superei mas se eu parar de surtar por isso eu vou estar assinando minha alta, assinando embaixo que eu sou responsável pelos meus atos, que não é meu passado que me define concordando que eu sou mais forte que tudo isso, que eu tenho condições de controlar minha vida... estarei assumindo minha independência emocional e estarei renegando toda minha base, porque bem ou mal, eu me construí em cima dos meus traumas... então eu me sinto na obrigação de surtar por nada"

E entendendo isso eu posso finalmente me libertar... Hoje eu me sinto livre pra amar... Amar de verdade, plenamente, amar o meu corpo, sem noias, amar o sexo, sem ter que tentar fugir daquilo com pensamentos ruins, amar a companhai de quem eu amo sem ter que tentar me sabotar o tempo todo!

E como disse pro meu amigo, a diferença entre este meu relacionamento e os outros, é uma diferença semiótica sutil, mas que muda tudo: antes eu tinha MEDO de terminar o namoro (por carência, insegurança, medo da solidão, do abandono, da rejeição), então por mais que tudo tivesse uma bosta, eu queria continuar. Mas desta vez a motivação é diferente: eu tenho vontade de ficar! Não é medo da solidão, é desejo da companhia. Ela não é só uma mera negação da negação, ela é minha primeira afirmação!

E depois de tanto tempo me arrastando por ai, e depois tanto tempo fechada em mim mesma buscando resposta, e depois tanto esforço para sair do casulo, finalmente chegou a hora de abrir as asas e voar. Este é um novo nascimento, mas não de algo totalmente novo, mas daquilo de bom que sempre esteve dentro de mim, mas eu era incapaz de ver.

Sorte? Não... Batalhei muito até chegar no meu DESTINO. Hora de começar minha nova jornada...

Se me tornei uma borboleta? Não, não! Eu sou uma fada, você acredite eu não, não preciso mais da sua fé pra existir... Afinal, deixe de ser uma dependente emocional, e por isso finalmente estou pronta para amar.

A conversa mais escatológica da minha vida

- mulheres gozam pelo menos ums 3 vezes mais forte qdo estão naqueles dias

-sinceramente eu já tinha percebido isso mas tipo... eu sou homem posso colocar uma camisinha e fingir que não tem nada de mais acontecendo uhauhauhahuahuahu é diferente

-enfim eu gosto de sangue

-prático XD

-sou meio escatológica olha... de coisas fisiológicas eu só não provei e nem quero provar, merda e porra

-que ironia, mesmas coisas que eu

-hsauhasushuashsuhsausahusahs MESMO? tem ctz vc pensou em TODAS as coisas fisiológicas? TODAS? 

-PÔ, TODOS NÃO NÉ tipo, sei lá PUS huahuauhuauhua

-hsauhasuhsushaushsuh ok... pus tbm não

puta que o pariu!!!

desculpem pelo baixo nível, mas precisava registrar isso em algum lugar

sábado, 25 de maio de 2013

Pelo direito de sofrer

3h da manhã, em breve já tenho que levantar para ir trabalhar, mas quem disse que consigo dormir... Reviro de um lado para o outro da cama, mas meus pensamentos me atordoam...

Então vim aqui, neste espaço tão meu (pode até parecer loucura, mas meu blog é um dos poucos lugarem em que me sinto em casa, pois aqui há espaço para todos meus dilemas, confusões e contradições) para revindicar o direito de sofrer! Não que isso seja novidade vindo de mim, já me pus muitas vezes contra essa ditadura da felicidade que rouba nossa essência humana, mas não quero mais ser triste, só quero ter o direito de sofrer...

A Luciana me dizia que eu tinha olhos verdes, e quem tinha olhos verdes não tinha o direito de chorar ou reclamar da vida... Sei que era uma brincadeira... Mas dessas brincadeiras com um fundo de verdade... Quantas e quantas vezes eu no meio da minhas dores emocionais profundas não tive que ouvir alguém dizendo "mas uma garota tão bonita chorando?"... Ah! Quem me dera ser feia para me deixarem chorar em paz!

O outro argumento muito usado é a minha inteligência, afinal, uma pessoa tão inteligente, tão culta se deixar abalar por besteira... Mas o que o cu tem a ver com ceroula? Minha suposta cultura e inteligência nunca me tornou incapaz de sentir, muito pelo contrário, aguçou minha sensibilidade no sentido de empatia. Afinal, como você pode começar a compreender as dores do mundo sem se comover? Quer dizer, que tipo de monstro seria esse? Do que vale uma inteligência que rouba o que tem de mais lindo em você?

Mas acho que uma das coisas que mais me irrita, é usar meu passado para invalidar minhas dor. Não é draminha, e não choro pelo que aconteceu lá atrás, mas sabe aquele ditado popular que "gato escaldado tem medo de água fria"? Não dá para simplesmente ignorar minha história de vida e querer que eu apareça aqui avulsa e pronta... Eu fui uma construção das minhas escolhas e das escolhas dos outros sobre mim. E não é chorar pelo que me fizeram, mas tudo que passei me deixaram muito mais sensível para algumas coisas, então o que para você pode parecer irrelevante, para mim causa uma dor profunda, e saber respeitar isso é o mínimo que eu espero. Não precisa me entender, não precisa nem continuar fazendo parte da minha vida se isso incomoda tanto. Mas acredite: eu sou a principal interessada em deixa tudo isso para trás, mas nem sempre é tão fácil assim, e tudo que consegui melhorar e superar até hoje, não foi jogando para baixo do tapete.

Mas enfim, eu tenho ótimo amigos, e sou imensamente grata e feliz por isso... Eu conseguir pagar minhas dividas com muito esforço e celebrei muito essa vitória... Eu estou fazendo uma carreira profissional legal, e isso é ótimo... Estou me dando bem com todos da minha família, e começando a sentir o que é realmente fazer parte de uma família... Enfim, existem muitas coisas boas na minha vida, inclusive os olhos verdes e minha suposta inteligência...

Mas apesar de eu ter criado um ethos fanfarrão que tem cativado muitas pessoas pelo jeito divertido e irreverente, eu ainda tenho meus mimimis, e quero ter o direito que tê-los, sem ninguém me apontar o dedo... Tenho feito muitas conquistas, e não sem esforço! Mas quero me dar o direito de sofrer porque não consigo ter uma relacionamento amoroso!

Não tenho mais aquela idealização doentia que relacionamentos são a base o o sentido de uma vida, mas poxa! Até o maníaco do parque é casado e eu não... Quer dizer, já fui, descasei. E isso foi algo que me desestruturou... Mas evitei demonstrar porque não queria os dedos apontados na minha cara dizendo que era "Mimimi" da minha parte... Dói ver sua vida ruir igual eu vi a minha. Ok, que foram consequência das minhas escolhas, mas isso não fez doer menos.

Dói começar um namoro com alguém que te acha tão "perfeita" e que 3 semanas depois está indo embora dizendo que não consegue mais lidar com você, que não suporta mais.

Cada pessoa aponta um defeito diferente quando termina comigo, e eu honestamente ouço e trabalho em cima daquilo, eu quero mudar. Nem tudo que eu já fui criticada eu mudei completamente, mas estou em processo, mas cada vez é uma crítica diferente...

E desta vez, eu não entendo... A gente só se via uma vez por semana, e mesmo assim ela se sentiu sufocada pela minha presença. Disse que ela poderia ficar com quem quisesse, e mesmo assim ela se sentiu aprisionada. Não fiquei com ninguém e nem dei brecha, mesmo tendo oportunidades, e mesmo assim ela se sentiu traída. Eu joguei limpo do começo ou fim. Sei que cometi alguns vacilos, mas se modo geral evitei jogos emocionais, estive totalmente a disposição, dei presentes, fui carinhosa, dedicada no sexo, e ainda sim tive que ouvir ela três ou quatro vezes terminando comigo porque eu "era perfeita demais e ela não sabia lidar com aquilo", e aí quando perdi meu equilíbrio, tive que ver ela indo embora porque eu era desequilibrada!

Eu estaria rindo disso, se não estivesse muito ocupada chorando... Pois eu cheguei a irremediável conclusão que não se trata do que eu faço ou deixo de fazer, é quem eu sou.

Porque em algo ela foi coerente e honesta, e inclusive coerente com que as minhas outras ex me diziam: eu sou uma pessoa muito pesada... Ninguém quer ficar ao lado de alguém que leva tudo a ferro e fogo... E dentro do possível, tenho feito de tudo para mudar o meu comportamento, mas como você muda quem você é?

Eu aprendi a canalizar minha agressividade para coisas produtivas, mas eu sempre serei agressiva e quem quer estar ao lado de alguém agressivo? Alguém que parece que está te xingando e tanto chilique mesmo quando quer ser fofo?

Que quer ficar ao lado de alguém que traz tanto para si tudo que acontece? Eu não vejo saída para mim. Eu por isso quero o direito de sofrer! Não pelo fim de mais um namoro, não por mais um fracasso. Mas pelo fim das minhas esperanças, das minhas forças, da minha vontade de acreditar...

Porque não dá mais! Pelo menos de todas as outras vezes eram nítidas as minhas atitudes erradas que eu deveria retrabalhar, mas desta vez, eu não vejo que fiz de tão grave e de tão errado para a pessoa depois de três semanas não me suportar mais! O problema sou eu! Está dentro de mim, é quem eu sou e isso não tem cura!

Eu não aguento mais me magoar, e não quero mais decepcionar mais ninguém.

Desde o começo ela insistiu tanto que eu iria embora... Mas eu nunca vou embora... Eu sempre fico, na esperança que alguém se perca no caminho e decida ficar também... Que simplesmente fique... Eu não vou exigir nada...

Mas qual a diferença desta para as outras vezes? Desta vez eu não tenho força para pedir que ela fique... Porque de certa forma, eu já estou tão acostumada, que já aprendi que é mera questão de tempo... Eu não passo de uma ponte... Então que assim seja...

Mas só por hoje, eu quero o direito de sofrer... Só por hoje...