sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lembrança estranha...

Estava almoçando sozinha, sentada numa padaria, com fones no ouvido... Me sentia meio deprimente, meio patética... Estava pensando na vida e em como as coisas mudam o tempo todo... Para o bem a para o mal...

Então lembrei de algo...

Quando eu tinha 17 anos, ser lésbia ou gay não era "moda" as pessoas não se assumiam, e não era cool "experimentar"... Então quando descobriram no colégio sobre minha sexualidade foi um verdadeiro drama na minha vida... Pior ainda era a crise familiar paralela... Toda aquela dor, sofrimento, solidão, pressão social...

Então... Pela primeira vez na vida cogitei seriamente o suicídio... Aliás, não só cogitei como fiz um grande show e de fato tentei algo... As amargas 12 horas seguintes de lavagem estomacal com um tubo enfiado no meu nariz, me evitaram pensar em tentar algo novamente tão cedo...

Mas não foi essa a lembrança que me acometeu na padaria... Eu estava lembrando que justamente nessa época, conversei "pela primeira vez" com uma lésbica na minha vida... Claro que eu já tinha falado com mulheres que era lésbicas, mas nunca "de lésbica para lésbica", sabe? Nunca tinha sido esse o vínculo...

Não lembro do nome dela... Mas lembro que ela me disse "você não quis se matar, você quis fazer palhaçada, acredite, se você tivesse de fato tentado suicídio você estaria morta... Você nunca quis morrer"... Acho que ela estava bem certa sobre isso... Nunca quis de fato morrer... Embora a morte me atraia alguma vezes...

Mas não foi essa a lembrança estranha...

A lembrança estranha é que essa garota de cabelos vermelhos (é pouco que me lembro dela), tinha uma namorada... Mas ironicamente o nome da namorada eu lembro: era Renata... Essa namorada foi para outra cidade... Outro estado... Elas quase nunca se viam... Faltava o toque... O cheiro... O beijo... Essa tal de Renata era mais velha, e tinha mudado de estado para fazer faculdade e não voltaria tão cedo...

Não terminou muito tempo, a Renata terminou o namoro... E aquela colega de solidariedade, tão durona, veio me contar entre prantos... Quando perguntei porque elas tinha terminado ela falou:

-A gente tava conversando no telefone... Ela disse que queria terminar e eu perguntei por que, e ela disse "Me desculpa, mas toda essa distância me ensinou a viver sem você"...

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