segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Vertigens...

Estou aqui, se é que posso dizer que estou aqui de fato... Perdida em tantas vertigens: psicológicas, emocionais e até físicas...

As pessoas dizem que devo tomar remédios... Ouvi isso muitas vezes ao longo da vida... Não quero tomar remédios, não quero me anestesiar, a cura tem que vir de dentro, e se eu não conseguir, se eu enlouquecer de vez, se me perder nas minhas vertigens e nunca mais achar o caminho de volta para mim, então que assim seja e assim se faça! Mas que eu me perca pelos meus próprios caminhos!

Minha vida sempre foi tão intensa, tudo sempre mudou tão rápido... As pessoas criticam, sempre criticaram. Dizem que preciso pensar, planejar e calcular antes de agir, mas eu tenho sede de vida! Sede de viver o hoje! O agora! Com todas as consequências que isso implica. E se junto vier a dor... Então que assim seja e assim se faça!

Uma vez em uma aula de Literatura Brasileira, em que estudávamos sobre auto-biografias, ouvi a seguinte frase em uma prefácio "O preço da vida se paga vivendo!" - e isso virou ma espécie de lema pessoal!

Acho que aquela foi a matérias da faculdade que mais gostei... Li diversas auto-biografias de pessoas que como eu se permitiram viver intensamente, arriscar, pagar o preço... Quebraram a cara, mas que no final da vida, enquanto fazia um balanço, levavam com elas muitas dores sim, arrependimentos sim, mas o que importa é que levavam a satisfação de uma vida bem vivida! E não porque só tenham passado coisas boas, mas porque sentiram a vida intensamente em todos os aspectos! Não fugiram de nada!

Como Cazuza disse em uma música que é uma das minhas favoritas "você sonhava acordada, um jeito de não sentir dor, prendia o choro e aguava o bom do amor..."

Não dá para tentar escapar de dor sem escapar de tudo que vale a pena! E não! Não ligo de pagar os preços... Mas tem um preço que é alto demais para mim... O preço da culpa...

Já quebrei a cara tantas vezes! Mas sempre busco ser honesta... E não só ser honesta com os outros, mas ser honesta comigo mesmo. E isso é muito complicado... Às vezes mentimos para as pessoas não porque temos a intensão de mentir, mas porque acreditamos que aquilo é verdade, e depois descobrimos que não é bem assim. A maioria das pessoas vivem de aparência porque é duro perceber que errou... E como faço eu que todos os dias percebo que eu estava errado sobre tudo?

Não tenho certezas, tenho hipóteses e a coragem de ir atrás, de experimentar... Dizem que você não precisa tomar venenos para saber que ele mata... Mas não é verdadeiro também que dependendo da dose um mesmo elemento pode ser remédio ou veneno? Sei que muitas vezes erro na dose, passo do ponto... E tantas vezes envenenei minha alma... Mas ali onde está a ferida, tem que estar também a salvação!

Como disse, não enho certezas... Sou só uma criança curiosa diante da vida, que quer ser feliz e salvar toda a humanidade da dor e da miséria! Queria um mundo de plena igualdade de liberdade, onde cada um pudesse realmente fazer o que quiser, buscar sua verdade interior. Mas a nossa "realidade" forjada só nos permite umas poucas opções de escolha... Temos que fazer coisas inúteis, por mero protocolo e burocracia,  para comprarmos coisas inúteis, na ilusão de que nossa felicidade está naquelas coisas, e compramos e não achamos a felicidade, mas só uma euforia passageira, então tentamos comprar mais e mais coisas para ver se achamos a tal felicidade... Mas não achamos... E as coisas se estragam e nossa alma se estragam... E as pessoas não vivem mais a vida... Elas consomem a vida...

Não vou ser hipócrita, eu também consumo a vida algumas vezes... Mas pelo menos me esforço por tentar vivê-la... Eu faço apostas altas, porque acredito no SER em vez do TER... O que me faz uma pessoa bem esquisita... Mas admirável em alguns momentos...

Mas a verdade é que machuquei uma pessoa... Uma pessoa que não merecia ser machucada... Como disse, não consigo suportar a dor da culpa... E já tenho muitas culpas para carregar, e com o tempo fui aprendendo a lidar com elas... Esquecer? Não consigo e nem quero!! Entendam! Meu objetivo de vida é... VIVER!! Sim! Viver! Cada segundo, cada momento! Sempre me esforço por fazer valer a pena e tirar o máximo de cada ocasião... E se eu esquecer, é um pedaço de vida que simplesmente estou jogando fora! Esta é a MINHA história... E não é a história que eu "tenho", é a história que eu "sou"... Pois tudo que sou hoje é uma confusão frenética de tudo que vivenciei misturado com  tudo de inato que talvez eu tenha!

Mas eu machuquei uma pessoa, e isso não se trata de mim... Se trata de um outro alguém, sobre o qual eu não tenha controle... Alguém que não escolheu isso... Já machuquei outras pessoas, e como disse, aos poucos fui aprendendo a conviver, mas as outras vezes que machuquei alguém, foi um contexto, senão com motivos, pelo menos com causas...

Desta vezes, a única causa foi o destino fanfarrão que adora mostrar para nós como não passamos de joguetes!

A Patricia não fez nada de errado. Ela não merecia ter sido traída e abandonada... Não, eu não menti para ela... Não omiti nada... Mas não fui honesta... Não fui honesta com ela porque não fui honesta comigo... E não deixei de ser honesta comigo porque queria, mas simplesmente porque não entendia que sentimento era aquele que invadia meu coração... Não entendia se ele tinha ou não vindo para ficar, se ele era ou não conciliável com os sentimentos que eu já tinha...

Foi tudo tão de repente! Questão de poucos dias! E agora a grande ironia do ciclo vicioso da dor... Me sinto tão culpada e tão perdida por ter magoado alguém que não merecia ser magoado, que a culpa me corrói... E esta culpa apaga toda minha luz, todo meu brilho... Me torno insegura, surtada, o pior de mim vem a tona... E então existe um outro alguém que está sendo magoado com tudo isso... O ciclo vicioso da dor, que agora me faz sentir culpada pro não estar sendo para a Aline a mulher porque ela se apaixonou...

E então aparece o pior inimigo de qualquer ser humano: o Medo! Surge o medo de eu ser uma má pessoa, de eu estar sendo chata demais, grudenta demais, surtada demais, louca demais... E no medo de ser tudo isso me torno tudo isso, e o medo mostra que tem razão... E eu racionalmente consigo entender, consigo perceber, eu sei que tenho que mudar...

E geralmente quando estou bem as coisas são simples: eu decido mudar, vou lá e mudo! Simples assim... Mas a questão é que a única coisa que me paralisa é o medo... E estou paralisada agora... Magoei a Patrícia, estou machucando a Aline, e estou traindo a mim mesma! Traindo minhas convicções, minha forma de ver a vida...

E as pessoas me falam cada coisa! Me tratam como se eu fosse uma vagabunda! Como se eu tivesse feito isso deliberadamente! E falam de uma forma como se eu merecesse esse sofrimento, porque eu não "pensei, ponderei e calculei" antes de agir, porque eu simplesmente segui meu coração! Mas não me arrependo de ter seguido meu coração!

Quando conheci a Paty, bem... Ela se sentia sozinha e eu também, e nós fizemos bem uma para a outra... Sei que ensinei muitas coisas para ela, e vejo como ela cresceu, e ela me ensinou tantas coisas também... Posso estar em uma fase péssima, mas mesmo dentro dessa fase péssima é perceptível como me tornei uma pessoa mil vezes melhor! Por causa dela e por causa da própria situação de um casamento! As coisas não aconteceram de pressa ou errado... As coisas aconteceram como deviam ter acontecido... No tempo certo da própria situação, em seu tempo único! Não pode haver uma padrão para a vida, senão se mata sua essência!

Já quando a Aline... Quando a conheci tudo mudou, absolutamente TUDO mudou... O Mundo mudou ali diante dos meus olhos... Seria justo comigo e com ela nos privar de viver isso? Seria justo com a Paty manter um casamento de aparência quando tudo mudou?Seri que ela não fez nada errado para merecer isso... Mas talvez eu tenha feito algo certo nessa minha vida torta para merecer me sentir pelo menos uma vez na vida como me sinto quando estou perto da Aline...

E ah!!! Estar perto! Outra coisa que só piora tudo! Ela está longe! Eu me sinto ainda mais sozinha e perdida! A confusão é grande... A distância me deixa aina mais insegura e estimula o medo.

A sensação de fracasso por ter que voltar para a casa da minha mãe... E agora mesmo ela aparece aqui no quarto falando que eu "tenho" que ir almoçar agora... E não quero mais isso! Me desacostumo fácil de coisas que não gosto, do tipo: pessoas me dizendo o que tenho que fazer e a que horas!

"Ninguém 'tem que' nada", uma das frases mais faladas por uma das minhas melhores amigas... Numa época em que eu era tão pirada por ter sido criada em um mundo tão fechado em obrigações, que essa frase me fez pensar... O mundo te faz acreditar que você "tem que" um monte de coisa! Mas ninguém tem que nada! Somos livres e vendemos nossa liberdade por muito pouco!

E sei que esse texto está incoerente e de um parágrafo a outro ele dá saltos quânticos... Mas é assim que me sinto! Confusa com tantas coisas que passam pela minha cabeça... Não gosto do clima da casa da minha mãe, não depois que me cunhado morreu... Mas eu já tinha parado de gostar aos poucos, quando me assumi lésbica e ela disse que eu era pior que uma puta...

Minha mãe já se redimiu por todas as ofensas que ela me soltou naquela época... Mas mesmo 7 anos depois... Ainda não consigo dizer mais um "eu te amo"... Esquecer? Talvez a única coisa que gostaria de esquecer foi quando a única pessoa que pensei que nunca me viraria as costas me virou as costas... Pois aí que percebi que não importa o que aconteça: todos somos sozinhos... Foi aí que tentei suicídio pela primeira vez...

Agora minha mãe está me apoiando... Ela diz que sou muito corajosa e correta no que estou fazendo... Ela me disse algo bonito... Me disse que erro muito porque tanto muito... Que não sou uma má pessoa, que só sou uma pessoa que tenta fazer o certo em vez de fazer o que é cômodo...

Às vezes tudo que queria era sumir, esquecer um pouco tudo isso... Ir para um lugar onde ninguém me conhecesse... Mas do que adianta? Não importa para onde eu vá, sempre me levarei na bagagem... E não posso e nem quero me desfazer desta bagagem! Já disse que minha história é tudo que SOU!

Quando a caixa da andora se abriu, saíram todos os males do mundo, só restou a esperança... E agora te pergunto, a esperança é algo bom ou algo ruim? Esta história mostra a ambiguidade da esperança! Porque ao mesmo tempo que a esperança é "boa" porque quando esperamos que as coisas possam melhorar temos a força para aguentar... A esperança é "má" pelo mesmo motivo... A esperança parece muito com o medo, ela nos paralisa... Porque por termos "esperança" não nos desapegamos do passado, por termos esperança, não agimos no presente, e por termos esperança, esperamos um futuro que nunca virá porque não fazemos acontecer...

A palavra que deu origem a esperança, foi a mesma que deu origem a esperar, e são palavras basicamente sinônimas... E nós só esperamos quando não há mais nada que possa ser feito... Mas para você não dizerem que não falei das rosas... "Vem vamos embora que esperar não é saber, quem saber faz a hora, não espera acontecer"...

Espero que eu pare de esperar... Espero ter forças para voltar a agir... Um paradoxo? Com certeza... Mas umas das Leis da Tábua de Esmeralda é que todos os Paradoxos podem ser conciliados...

Então, seguindo um pouco o senso comum, quero ter força para mudar o que pode ser mudado, paciência para esperar e aceitar o que não pode ser mudado, e sabedoria para distinguir uma coisa da outra!

Desta forma, o jeito é esperar que a Patrícia me perdoe, e enquanto isso lutar para me livrar da culpa e para que dê certo com a Aline... Porque juro por todos os deuses, que quero e espero sentir pelo resto da minha vida da forma com que ela faz eu me sentir.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

And I love Her...


Opostas o bastante para nos completarmos
Iguais o suficiente para nos compreendermos

Sou muito, sou múltipla
Mas nela cada parte encontra sua metade
E mesmo toda a dor se torna uma forma de prazer
Exceto a dor do adeus

Quando ela me olha tudo some
Ao mesmo tempo em que tudo ganha sentido
Mais vital que a própria vida
Pois mesmo esta pode ser ilusória
Não me importo mais se tudo é clichê ou único
Se rima ou destoa
Sendo com ela, é tudo que importa