domingo, 13 de novembro de 2011

O GOSTO AMARGO DA DERROTA

Então chega aquele momento na vida em que você percebe que o mundo simplesmente não se importa... Ninguém quer saber sua história de vida, suas dores, seus propósitos... Hoje, tudo é muito rápido! Você tem 30 segundos para expor anos e anos de reflexão, e claro que esta exposição não será satisfatória, mas ninguém diz “hey! Fale mais”... Não! Ninguém está de fato interessado no que você tem para dizer, no que você pode acrescentar... O que eles querem? Alguém para odiar, algo para criticar, uma palavra mal colocada para distorcer...

Sempre criando novos rótulos e estereótipos... Então, se você simplesmente vira e diz “O mundo não tem que ser assim, eu não tenho que ser pré-julgado”, você será pré-julgado porque disse isso...

O Mundo está falido, sabe? Fome, corrupção, violência, repressão, lavagem-cerebral, desesperança, guerras, falta de perspectiva... E todos continuam repetindo os mesmos discursos, nas mesmas formas... A ciência surgiu como um modo de buscar a verdade, se livrar dos dogmas religiosos, e veja só! Agora a ciência se tornou dogmática (talvez não para o cientistas, mas para a mídia e para o população sim): “ISTO É COMRPOVADO CIENTIFICAMENTE”... Não seria mais correto dizer “tomando por base o que a ciência correto até hoje, as perspectivas indicam para este caminho”?

Mas dane-se... Ninguém quer a verdade, as pessoas só querem uma falsa sensação de segurança... e para isto elas precisam de “ideias sólidas”, precisam de verdades perfeitas... Então, se você sai do discurso pré-estabelecido... Se ousa querer pensar, falar e agir de outra forma... De duas uma: ou você se torna uma ameaça ou é visto como completo idiota...

Parece que o mundo precisa de antagonistas... Ele precisa de heróis e vilões, e você precisa “formar um ponto de vista”... Você não tem o direito de considerar que a situação é muito mais complexa do que “pau é pau e pedra é pedra”, que heresia dizer que na verdade matéria é energia, e portanto pau e pedra são energia, são átomos vibrantes, mas que dependendo de sua disposição física formam o que chamamos “pau” ou o que chamamos “pedra”, mas que no fundo, não são tão diferentes assim...

No vídeo que fiz sobre a PM no campus, ouvi muitas coisas... Achei principalmente interessante o “você tem uma retórica digna de uma criança”... Desta maravilhosa frase vale ressaltar duas coisas:

1- acho que as crianças são muito mais francas em seu discurso, e porque usam “crianças” como forma de desmerecer alguém? Acho que se todo mundo mantivesse sua pureza de propósito e os sonhos que tinham na infância... Ah... Este Mundo sem dúvida seria um lugar melhor...

2- então, para você expor um ponto de vista, não basta você falar abertamente e seguir sua ética, você precisa de retórica... É preciso demagogia... Aristóteles já dizia algo como: de nada adianta você dizer a verdade se você não for persuasivo... Mas se você mentir e for persuasivo... Então serve! Ou seja, as pessoas preferem uma mentira bem contada do que um discurso franco que não seguem os padrões que elas já estabeleceram como “corretos”

E as pessoas agem como se de fato houvesse uma verdade única e universal (seja ela encontrada em livros sagrados ou nas ciências), como se o mundo, a vida, o universo e tudo mais, não fossem tão maiores do que nossa vã compreensão é capaz de aprender... Elas agem como se conceitos tais como “ética”, “moral”, “verdade” não fossem conceitos socialmente construídos...

É tanta loucura, que poder até parecer bobagem, mas só o que consigo fazer é chorar... Acho que aqui, como sempre, as pessoas devem esperar de mim uma postura... Mas quer saber? Eu não quero ter uma postura, eu quero chorar! Eu estou desconsolada... Porque... Ninguém parece se importar!

“Use menos reticências”, “Faça edição nos vídeos”, “Faça vídeos mais breves”, “Escreva de forma mais direta”, “Não se afete com isso”, “Deixe isso para lá”... Porque todo mundo insiste em me dar fórmulas? Qual é a ofensa tão grande e eu buscar meus caminhos dentro de mim? Qual é a ofensa tão grande em permitir que cada um faça o que julgar melhor para si (desde que com isso não prejudique ninguém)... Mas não! As pessoas roubam, matam, escravizam, enganam, mentem, usam meias palavras... Atitudes que causam mal a elas mesmas e ao outros, mas isto é socialmente aceito porque é NORMAL! Como assim é normal? Que mundo doente!

E a cada dia eu insisto em levantar! Maldita teimosa e cabeça-dura eu sou... E a cada dia recebo novos socos no estômago, novas bordoadas na cabeça, novas rasteiras, e caio... E como no poema “Elefante” do Drummund, a cada dia cismo em repetir “Amanhã recomeço”... Mas talvez eu esteja cansada de recomeços... Talvez este tudo redunde em nada... Talvez a vida seja mesmo uma agitação feroz e sem sentido...

Acho que esse é o mal, sabe? As pessoas levantam, o Mundo vai lá e as derruba... E elas levam, e o Mundo vai lá e as derrubam... Até que elas desaprendem a andar e passam a se arrastar...

Só para fechar este enorme texto sem sentido, lembrei daquela experiência científica com os 5 macacos:

Colocaram 5 macacos numa jaula, e nessa jaula uma escada com um cacho de bananas no alto, quando um deles subiu para pegar, os outros receberam choques, então, a próxima vez que eles tentou subir, foi espancado por todos os outros macacos que não queria levar choque de novo... Então, tiraram um macaco da “turma antiga” e colocaram um novo, que foi subir para tentar pegar a banana e foi espancado... Então trocaram outro macaco da “turma antiga”, e novamente o outro macaco foi tentar subir a escada e foi espancado pelos companheiros (inclusive por aquele que batia simplesmente por ter apanhado antes). No final do experimento, os 5 macacos originais foram substituídos, ou seja, nenhum deles levou choque quando o outro subiu para pegar o cacho de bananas, mas ainda sim, se algum tentava subir a escada, ele era espancado, e seus espancadores nem ao menos sabia porque batiam, só reproduziam a violência que aprenderam um dia...



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