domingo, 29 de novembro de 2015

Balanço Geral

Sei que ainda falta pouco mais de um mês para acabar o ano, mas decidi fazer algo que não faço há muitos anos: um balanço geral.

Sei que do dia 31/12 para o dia 01/01 nada muda efetivamente, que é só a passagem de um dia para o outro, como acontece a cada 24h. E esse meu ceticismo me impediu de comemorar o Ano Novo durante muito tempo. Só que mais do que nunca, eu percebo o como são necessários períodos de respiro! A rotina nos arrasta com tal violência, que as vezes tudo que precisamos, é parar, respirar, pensar e termos alguma perspectiva.

Na virada do ano passado para esse, eu estava em São Thomé das Letras, talvez pelo ambiente, talvez por dezembro do ano passado ter sido muito corrido, talvez por eu estar ficando velha, depois de muito tempo essa foi uma virada cheia de significados. Na qual pude parar e pensar no que eu queria para o próximo ano. No final das contas, nada saiu exatamente do jeito que eu queria, mas a minha obstinação por um propósito maior, sempre me trazia de volta para o caminho.

Então vamos para o balanço:

Uma das primeiras coisas que pensei e que queria fazer uma nova tatuagem, então, logo no começo do ano fiz um símbolo trappista na batata da minha perna direita. A tatuagem inflamou, infeccionou, me deu alergia, ficou toda cagada e nem tudo retocar... Mas bem... Eu fiz a tatuagem...

Final do ano passado foi quando eu comecei a me encantar pela Karina Buhr, e falei que este ano iria num show dela... Dia 25 de Janeiro pude prontamente realizar esse sonho, e o que era um flerte singelo, se transformou em amor a primeira vista. E em vez de um show, foram vários, e todos cheios de histórias e boas memórias. E acho que se tiver que elencar os melhores momentos que tive esse ano, sem dúvida os show da Karina estariam no top top.

Uma outra obstinação foi fazer desse meu ano sabático... Não cumpri isso estritamente, me apaixonei por algumas pessoas, mais especificamente: Sandrini, Bia, Luísa, Érica e Júlia. Bem menos do que eu costumava me apaixonar antes, e com bem menos intensidade. E apesar de reconhecer que preciso ir com mais calma, me jogar menos de cabeça, que preciso aprender a controlar meus nervos, enfim, que existe ainda muita coisa a ser melhorada. Tenho muito prazer em dizer que não me destruí por causa de ninguém. Chorei um pouco por cada uma delas (menos pela Bia... a Bia era só vontade de dar mesmo... Eu acho), quando as coisas terminavam eu fumava mais que o normal, eu ficava triste e comia muitos doces... Mas só isso... E duvido que eu tenha sofrido mais de uma semana por alguém. Ou que eu tenha insistido mais de 2 dias. E não que eu ache que eu tenha me tornado superficial, mas parei que querer dar meu melhor por coisas sem futuro. Então eu tentava, levava um não, sem querer sem insistente, confirmava se a resposta era mesmo não, confirmado isso, caia fora e segue a vida. E com certeza essa foi minha maior mudança. Além do que estatisticamente, antes eu me apaixonava muito e transava pouco, esse ano me apaixonei por 5 e transei com 4 delas. Isso foi uma GRANDE mudança de paradigma. Acho que finalmente sexo está deixando de ser um grande tabu. Algo que só posso (supostamente) fazer com alguém que acredito que vou passar minha vida toda.

Agora relacionando esses dois último tópicos, eu tenho uma capítulo a parte que não tinha como ser planejado: A Érica. Apesar de eventualmente eu ter me apaixonado por ela, foi algo diferente dos outros 4 casos, e dos outros 894347892784 que tive ao longo da minha vida. Como provavelmente ninguém vai ler isso, posso falar sem hipocrisia, acho que nunca me aproximei de garota nenhuma sem segundas intensões. Por mais que a amizade fosse legítima, sempre tinha algo subjacente. E a Érica foi a primeira amizade que criei livre de segundas intensões, e o que aconteceu foi um desdobramento natural das coisas, e não fruto dos meus tão conhecidos "galanteios". E infelizmente fiz bosta e acabei perdendo a amizade dela. Mas eu sinto falta da amizade, e não da paixão. Foi a primeira vez em que a amizade veio desde o começo acima de tudo. E talvez o meu maior e único arrependimento esse ano, foi por ter afastado a única pessoa que talvez tenha importado de fato.

Voltando, outra promessa que tinha feito, era me afastar da Thais. pois bem, me afastei, e depois de 8 meses retomamos contato. O que foi bom, porque antes eu me afastei por instinto de auto-preservação emocional, mas ainda colocava ela num altar, e graças a essa reaproximação com eu já não apaixonada, consegui ver que tipo de pessoa ela é, e fui grata por ela nunca ter escolhido ficar comigo em vez do Davison. Talvez eu continuasse cega por ela, e honestamente, posso não ser perfeita, mas mereço coisa muito, mas MUITO melhor.

Esse ano completei 1 ano de carteira assinada, pela primeira vez na vida! O que foi uma grande conquista, além disso fui promovida e fui ganhando cada vez mais autonomia no trabalho. Começar a ter conquistas que dependia exclusivamente de mim e sem uma visão romântica da vida, mudou minha forma de encarar as coisas.

E devido a isso, tive coragem de voltar pra trás e começar e recolher os cacos de tudo que sai quebrando no meio do caminho: Fiz uma solicitação para voltar para a faculdade, ela foi aceita e retorno ano que vem. Parei de só prometer que ia para a Bélgica, e fiz um plano de previdência privada, não é muito, mas ter começado, meu deu ânimo para começar a traçar novas estratégias para que esse sonho se realize. E então no mês passado me matriculei num curso de inglês, para ter mais confiança em me comunicar no exterior. E comecei a ver questões de milhas e já estou começando a pensar na compra das passagens.

Eu disse que me livraria das minhas dívidas, confesso que como dei prioridade em comprar e fazer coisas novas, ainda falta uma última parcela do curso de sommelier, mas que irei pagar segunda feira, ou seja, amanhã. E em 2012 nessa mesma época do ano eu tava tão fodida! Desempregada, sem sonhos, sem planos, largando a faculdade, vivendo pelos outros e com mais de 10 mil em dívidas, e agora pela primeira vez em 3 anos eu volto a ver algum futuro para mim.

Eu sempre quis praticar alguma luta, me inscrevi no muay thai, ok, só fiz 4 aulas, mas finalmente eu fui atrás, e pretendo voltar. Ano que vem também penso em voltar para a terapia. Sei que são muitas coisas, e nem sei se vou ter tempo para tudo isso, mas 2015 foi o ano em que aprendi a pensar em mim. Quando conheci a Érica, só foi possível porque queria ir no show da Karina Buhr e marquei com duas amigas e as duas furaram comigo, e eu fui mesmo assim.

Sei que é um processo, e minhas metas de começo de ano não se cumpriram prontamente, mas no saldo geral, eu consegui muitas coisas boas, e muitas coisas ruins aconteceram, mas dessa fez não deixei elas me destruírem, e transformei todas essas merdas em lições de vida. Não que eu tenha me tornado uma Pollyanna chata pra caralho, mas não dá pra você ficar se lamentando a vida toda. Merdas acontecem, e se elas não te afetam, vai se tratar, porque tem algo errado com você, mas se elas te paralisam, você precisa procurar uma saída.

2015 pode não ter sido o ano em que tive o momento mais feliz da minha vida, mas também no foi o ano em que tive o pior momento, mas principalmente, não foi como 2013 em que fiz a mesma afirmação, mas dizendo que foi um ano morno. Não, esse foi um ano quente, cheia de peripécias e reviravoltas, mas a experiência de vida te deixa com o pé atrás, o que impede o êxtase, mas impede a queda pra um inferno profundo. 2015 foi o ano em que decidi voltar a me conhecer, e sei que ainda há um longo caminho pela frente. Mas por mais babaca e clichê que seja, sempre esperei a aceitação vinda do outro, e ela nunca veio, e eu sempre fui criticada por ser quem sou, mas agora a aprovação parte de mim. Me dediquei em me conhecer. E o lado bom, é que se vejo algo que não gosto eu muda, e se vejo algo que eu gosto, a opinião dos outros sobre isso não pode mais me afetar. Então que 2016 seja um ano que eu enlouqueça de tantas coisas para fazer, e que eu esteja na minha melhor companhia, e qualquer um que apareça querendo me acompanhar parte da viagem, será bem-vindo, mas uma lição ficou: nunca abra mão de você mesmo por ninguém

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O Melhor e o Pior de mim ou um provável carta de despedida

Pessoas que tem o "poder" de despertar o melhor em mim, tem exatamente o mesmo poder de despertar o pior. A grande merda é que muito pouco disso parte deliberadamente deles, e a maior parte é minha responsabilidade.

Eu geralmente durmo poucas horas por dias, porque quando durmo mais do que isso, começo a ter pesadelos. E quando me sinto no meio desse mal-estar, faço questão de dormir o máximo que eu puder. Começa a nascer em mim um certo prazer masoquista de me ver presa em meio aos meus piores pesadelos. Eu quero que a dor cresça.

Uma das teorias que eu fiz para esse meu comportamento, além de eu ser completamente louca, obviamente, é que quando alguém tira o melhor de mim, eu me sinto realmente bem, eu me sinto viva, eu me sinto motivada a estar viva. Então quando eventualmente eu percebo que na verdade a pessoa nunca fez eu me sentir bem, isso foi apenas uma ficção criada por mim como uma forma de sobrevivência, esse bem estar se quebra, e o torpor toma conta. E nesse momento, talvez, a dor seja a única forma de eu continuar me mantendo viva de alguma forma.

E por isso eu disse que aquilo de tirar o melhor e pior de mim, no final é uma narrativa minha, e eu acabo incluindo outra pessoa que entrou na minha vida, por acidente. Por isso eu aguento muita coisa dentro das minhas relações: a pessoa pode me xingar, pode brigar comigo, pode me humilhar.. Porque de alguma forma, dentro da minha narrativa alucinada, eu posso transformar isso numa forma destorcida de amor, mas quando a pessoa age como se não desse nem meia foda para o que eu disse, é aí que a narrativa se quebra, é aí que eu percebo que estava abrindo o mais profundo do meu coração diante de um espelho, porque o outro não se importou.

Ela nunca me fez mal, nem me xingou, nem brigou comigo, nem me humilhou. Confesso que ela não me deu muito trabalho em criar uma narrativa fantástica a ponto de extrair o melhor de mim. Para ser honesta, ela é uma pessoa bem incrível mesmo fora da minha narrativa mental. Minha real narrativa foi forjar um afeto muito maior do que o existente. Não que eu acredite que ela não se importa at all, Mas em algum momento, dentro da minha cabeça, eu precisava acreditar, mesmo que por alguns dias, que eu era realmente muito amada por alguém tão foda quanto ela.

Efetivamente, ela nunca me decepcionou, mas quanto tempo eu seria capaz de manter essa narrativa? Quanto tempo eu seria capaz de mentir para mim que eu era mais importante do que eu realmente sou? Quanto tempo insistindo, mesmo sentido lá no fundo que eu tava sendo chata, insistente, invasiva, e simplesmente me mantendo por perto porque estava vencendo pelo cansaço?

Eu não consigo lidar de verdade com pessoas, então eu crio falsas relações o tempo todo, criei várias personalidades para eu nunca estar sozinha, porque quando eu era criança, eu já não tinha amigos, então eu me desdobrava pra fingir que eu estava brincando com outras pessoas, mas no final só estava eu, e olhando essa cena com alguns anos de distância eu não sei se tenho pena de mim mesma ou se me sinto patética.

Cresci, mas pouca coisa mudou de fato. Eu continuo forjando falsas relações, com prazo de validade bem delimitado, porque não sei criar vínculos reais, e não importa o quanto o tempo passe, não fica menos doloroso ver meu castelo de cartas sempre desmoronando, simplesmente para eu construir outro que igualmente irá desmoronar em seguida.

Às vezes eu pergunto qual o ponto disso tudo. Só hoje, já quis socar meu saco de pancada até meus dedos sangrarem, botar pra fora toda minha brutalidade, encarar de frente que nunca fui e nem nunca serei uma pessoa boa. A dor é tão tentadora, já pensei em me fatiar em mim pedações e fazer doer cada parte do meu corpo para ver se esqueço de tudo, já pensei em tacar fogo em absolutamente tudo que eu tenho, e ver desmilinguir na frente dos meus olhos toda essa imagem falsa que eu criei de que eu sou alguém, de que eu de fato existo. Eu fico rodeada de coisas que significaram algo em algum momento, para tentar não me esquecer de quem eu sou, mas eu estou me perdendo dentro de mim mesma, então quero que tudo isso se exploda.

Mas por fim, eu sou uma pessoa patética, que não tem absolutamente ninguém que possa conversas sobre esse tipo de coisa. Ninguém! Eu passei a vida em branco, construindo esses malditos castelos que desmoronam com um sopro, e todas essas coisas que guardei para me lembrarem de quem eu sou, no final, são só coisas. Não existe nada que me prenda, nenhum sonho, nenhuma dívida, nenhuma promessa, nenhum vínculo, nada.

Quando sua vida se torna um grande vazio, a morte parece ser o único ato de integridade, onde o nada que você é, se fundirá com o nada e a quietude do universo.

Eu ofereci ao mundo meu melhor, mas não foi muita coisa. Não sei se o que mais dói ou o que mais conforta, é que no fundo no fundo, seja qual for minha decisão, não fará diferença nenhuma.



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Um beijo...

Gostaria de mandar um beijo para: Lorena, Paty, Cris...

e perguntar se vocês realmente não têm nada melhor pra ler mesmo! hasuhasuhasuhasuashas

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sobre o vazio que fica toda vez que tiramos alguém de nossa vida

Rompimentos são dolorosos, mesmo os mais necessário. É a tal síndrome da formatura ou algo assim: não importa o quando você odiava o colégio, as matérias, seus colegas, enfim, não importa o quanto o seu ensino médio tenha sido uma porcaria, no dia da formatura você vai chorar, vai abraçar todo mundo, e sente antecipadamente uma falta absurda de tudo aquilo que a priori te fazia tão mal. Afinal, a formatura é um inexorável fechamento de ciclo e a única pergunta que fica na sua cabeça é "e agora?"

Você estudou por anos esperando se formar, e espera que uma vida melhor venha a partir de agora, mas a questão é que tudo que era familiar, por mais que não fosse bom, ficará para trás, e o futuro é uma incógnita. Você tem planos e sonhos, mas efetivamente não sabe como será agora. De repente se abre um buraco dentro do seu peito, e você não faz ideia do que irá preenche-lo, se é que ele será preenchido, e isso é excitante e assustador ao mesmo tempo.

Essa é uma situação emblemática, mas isso ocorre várias vezes em nossa vida em maior ou menor grau de intensidade. Um pedido de demissão daquele emprego que você odeia, um casamento, uma mudança de casa, uma amizade que vai embora...

A gente tende a suportar coisas terríveis pelo simples medo do novo, ou nos tornamos compulsivos em não cultivar nada pela ânsia do novo. Eu já estive dos dois lados dessa moeda, e hoje olhando pra trás, acho que me prendi demais a coisas que não valiam a pena, e desisti rápido demais de coisas que valiam. Mas na hora você toda aquela que parece ser a melhor decisão, e você nunca terá certeza absoluta se ela foi a correta.

Eu fiz uma amizade, que foi leve porque eu nunca pensei sobre ela, no exato momento em que comecei a tentar racionalizar o que aquilo significava, foi a perdição.

Às vezes acontecem coisas que modificam profundamente a dinâmica de uma relação, e agora eu percebi que ignorar isso e tentar fingir que as coisas continuam iguais quando nitidamente tudo mudou, não é nem de longe o caminho mais saudável.

Eu considero mentiras inaceitáveis, mas paradoxalmente, sou muito mais intransigente com as pequenas mentiras, porque as considero desnecessárias. Viver é um ato de coragem, e só que já pensou diversas vezes em por um fim na própria vida entende o que eu quero dizer. E ser honesto com as pessoas que te rodeiam e se importam com você deve ser a tarefa mais difícil e essencial dessa coragem.

Se ela tivesse me dito abertamente que não conseguia lidar com essa mudança de dinâmica e que precisa de espaço, precisava que eu me afastasse, não teria sido fácil, mas eu teria feito. Mas ela quase que me obrigou a entrar num jogo de simulações, em que eu e ela tínhamos que constantemente fingir que tudo estava igual, quando tudo havia mudado. E um jogo de simulações só sobrevive a base de mentiras.

É horrível sentir que você está forçando a barra, sentir que você se importa com alguém que não dá a mínima, perceber que todas as promessas se tornaram vazias, e começar a esperar constantemente por alguém que você sabe que não irá aparecer.

Esse vazio é estranho, parece que algo foi arrancado. Me sinto como aquele jogo que vc vai tirando as peças e tenta fazer isso de forma que todo o resto não desmorone. E lá fica a sua construção: esburacada, mas de pé. Ao longo dos anos muitas peças foram arrancadas, algumas foram repostas, e outras não, e eu fui ficando cada vez mais esburacada, e não sei em que momento eu vou parar de só ameaçar e vou acabar desmoronando. Dá até medo de se importar novamente com algo ou alguém e de repente ter mais uma peça tirada e bum! tudo vai abaixo, não porque aquela peça em si definia sua estrutura, mas porque muitas outras já tinham sido previamente retiradas, e por mais que ainda existam peças sólidas que nunca foram movidas, em algum momento elas não serão mais o suficiente para te manter em pé.

Eu sou orgulhosa e sempre ostentei meus buracos como cicatrizes que mostravam uma sobrevivência dura, mas agora eu vejo que se eu continuar me mutilando assim, eu vou desabar, e eu preciso encontrar algumas forma de preencher esses vazios. E não sei como. Confesso que sempre me relacionei da forma errada, eu entregava minhas peças para o outro, e quando tudo chegava ao fim, aquilo era arrancado. Eu preciso descobrir uma forma de fazer com que a pessoa coloque algo em mim, porque ai mesmo que ela vá embora e arranque o que ela pôs, ainda sim eu empato. Cansei desse jogo em que eu sempre perco e o outro sai inteiro.

Esta semana surgiu mais um buraco em mim, e doeu, porque além desta perda em si, veio a consciência de todas as outras perdas e de como minha estrutura está frágil.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Presença da tua ausência

Em um mar revolto
De presenças intensas
A ausência da tua ausência
Silenciosamente fez morada

Na quietude de tudo que é fundamental
O que é tão precioso
Que jamais causa estranhamento
As paixões são relevantes
Porque se destacam da paisagem
Furacões
E você, brisa leve
Na sutileza de tudo que é essencial
Histórias que se fundem
Tão naturalmente
Quanto o encontro de dois rios
Hoje a presença pulsante da sua ausência
É o que destoa
Na paisagem dos meus dias


segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Conspiração dos Unicórnios Fatalistas

Eu fiz uma presepada! Antes de rolar qualquer coisa física com ela, ela tinha me convidado para ir a praia. É difícil explicar como me senti feliz com esse convite, não sei qual foi a última vez que fui convidada para uma viagem. Acredito que não demorei nem 2 minutos para dar meu "sim", fiz o depósito da primeira metade no mesmo dia. 

Mas... A paranoia... Sempre a paranoia... Eu me odeio profundamente por não saber ser leve, e sou não pesada, que me odeio por ser pesada! Eu fiquei com tanto medo das coisas ficarem estranhas que eu mesma fiz as coisas ficarem estranhas. Deve ser alguma necessidade masoquista de destruir tudo que eu amo e tudo que me importa, tudo aqui que faz esse mundo parecer menos merda e a vida valer um pouco mais a pena. 

Eu fiquei tão preocupada, que desmarquei a viagem! Sim! eu fiz uma presepada! O quarto seria dividido em quatro pessoa, e eu disse que abria mão da minha vaga. Eu deveria aprender a não tomar decisão de cabeça quente ou movida pela paranoia. Seja como for, no dia seguinte eu reavaliei minha decisão, mas ela disse que já tinha oferecido a vaga para outra amiga, e que se ela não confirmasse, eu poderia ir... 

Para evitar mais paranoia, fiquei off, sem celular e sem facebook por 36h, esse foi o tempo para eu pensar e recletir sobre muitos pontos. E a sensação foi basicamente a mesma de quando você decide arrumar seu quarto depois de meses: você sabe que precisa ser feito, mas quando para pra analisar criticamente a situação, percebe que nem faz ideia de por onde começa, mexe numa coisinha aqui, ou ali, e no final joga no chão tudo que você tinha colocado em cima da sua cama, deita e tenta dormir, mas não consegue. 

Parece que sempre tomo más decisões, então que a decisão no fosse minha: se quando eu ligasse meu celular ela dissesse que a viagem estava em pé, eu esqueceria tudo que rolou e não deveria ter rolado, daria um jeito de enfiar esse sentimento no cu, e seguir com a minha vida e nossa amizade como se nada tivesse acontecido. Mas se ela dissesse que a amiga tinha confirmado, eu me afastaria completamente dela, iria embora para nunca mais voltar, mas não descartaria esse sentimento tão rápido, e sim tentaria arrumar um modo de lidar com ele.

A amiga dela confirmou.

Eu sou uma bagunça, eu sou um monte de peças que nunca se encaixam. Minha vida, minha mente e meus sentimentos são um imenso turbilhão. Eu ofereci pra ela, através do destino, o melhor do mim: ou ficar na superficialidade só com meu lado bom, ou manter meu sentimento, mas não tentar puxa-la pra essa bagunça que sou eu.

De alguma forma eu machuco todos que amo. Ela não me pediu pra ficar, ela não disse que sentiria minha falta, só disse que se um dia eu quisesse voltar ela estaria ali. Esse jeito capricorniano de demonstrar afeto!

Eu sei que sou uma perita em mentir nas promessas que faço pra mim mesma, mas não desta vez. eu não vou voltar. Pois como disse "será reconfortante olhar pra trás e saber que você não me odeia", eu nunca vou deixar de ser paranoica. eu tenho esse blog há quase 8 anos, e eu continuo vivendo os mesmos dramas e cometendo os mesmos erros. Eu tento ser uma pessoa melhor, mas acho que eu nasci pra ser uma pessoa involutariamente má. Eu cansei de acreditar que existe um futuro (amoroso) pra mim, e cansei de achar que eu posso ser diferente, ou que possa haver alguém que me entenda. Já estou feliz, porque pelo menos dessa vez ninguém saiu machucado... Ou quase ninguém...




Sobre dar um tempo

Dizem que de boa intenção o inferno está cheio e que mente vazia é oficina do diabo. Pelo visto eu tenho uma mente vazia cheia de boas intenções.

Eu demorei para entrar de fato no mercado de trabalho, mas paradoxalmente, antes eu era uma pessoa muito mais ocupada: eu fazia cursos, tinha a faculdade, saia bastante, sempre estava envolvida em coisas novas. Atualmente eu cai numa rotina massante, mas que me deixa muito tempo livre, e pouca disposição para preenche-lo.

Eu tenho um emprego que me consome entre 20h e 30h por semana, mas que ao mesmo tempo me deixa sem animo para fazer basicamente nada. O que não estava sendo tão prejudicial assim, até que após muitos anos ocorreu a fatalidade de eu me apaixonar.

Como disse em postagens anteriores, claro que eu tive muitos casinhos e fogo no rabo, e que não dizer que nesse casinhos eu não tenha ficado igualmente paranoica  (até porque, acredito que a paranoia seja meu estado de espírito padrão), acredito que a grande questão é que das outras vezes eu não me importava muito se seria ou não inconveniente. Acredito que essa foi uma atitude muito egoísta, e talvez, no final das contas, seja para isso que sirvam os sentimentos: nos fazer criar empatia e transformar a convivência um pouco mais aprazível.

Desde sábado às 21h eu estou incomunicável: sem meus números de celular, sem whatsapp, sem facebook... Claro que eu não tenho auto-controle o suficiente para me manter em reclusão, por isso foi necessário pedir um pouco de ajuda: os chips do meu celular foram retirados e uma amiga mudou minha senha no face.

Mas eu precisava me forçar a dar um tempo, porque o acesso irrestrito a meios de comunicação é um prato cheio para alimentar minha paranoia: ficar olhando a cada 5 minutos para o celular sem ter recebido uma resposta... terrível! se visualizou e não respondeu então! morte! e se depois de muito tempo a resposta vem seca... o fim definitivo...

Acho engraçado como os novos meios de comunicação aproximam e afastam as pessoas. Sei que essa reflexão já virou um lugar comum, mas geralmente as pessoas partem de outros pressupostos, elas acham que (principalmente) a internet afasta as pessoas porque quando você sai com alguém, não dá atenção para a pessoa porque não desgruda do celular, mas isso é uma meia-verdade. Eu sou uma completa viciada em mexer no meu celular, mas todas as vezes que sai com ela, eu sempre deixava ele do lado, acho que os celulares e smartphones só viraram o esconderijo perfeito contra as más companhias. Meu ponto aqui é outro: acredito que o excesso de acesso não deixa espaço pra saudades, e abre muito espaço para especulações e por consequência, para paranoia. A velha história do visualizado e não respondido, sendo que é impossível você saber os reais motivos pelos quais a pessoa não pode, ou até mesmo não quis, te responder.

Eu tenho um incrível dom de transformar tudo que eu toco em um fardo. Acho que no começo, com ela foi tão bom, justamente porque não havia expectativas, cobranças, e haviam hiatos. Claro que por começo eu me refiro a um coleguismo casual, e que é natural que com sentimentos mais intensos surja uma maior necessidade de contato. Mas eu estou absolutamente saturada de cometer sempre os mesmo erros, então mesmo que seja para ela sair da minha vida, que já com a mesma leveza que ela entrou, não que vê-la fugindo de mim.

Mas acima de tudo, eu dei esse tempo e esse espaço para mim mesma. Eu até consigo levar a vida de boa, mas quando as coisas começam a ficar desfuncionais, vira um efeito dominó e eu acabo emendando um erro no outro indefinidamente. Eu precisava desse tempo. Não sou uma alma tão evoluída que conseguiu ficar totalmente confortável com a própria companhia, mas passei o último dia vendo filmes e séries, que me fizeram pensar, refletir sobre a minha vida. Não fiquei numa quietude absoluta, mas não havia ninguém para dialogar, havia apenas um vídeo que passava uma mensagem e minha capacidade de refletir sobre ela.

E a partir disso, minha ideia de dar um tempo curto, de menos de 48h se transformou numa necessidade de maior reclusão. De novo eu cai no mesmo erro de parar de viver para mim e viver para os outros, não alguém específico (menos mal), mas para todos os outros, e é desgastante demais viver sendo uma eterna decepção, porque acredite, quando você se importa demais com a opinião alheia, você nunca será bom o suficiente.

Eu sei que sou um ser humano comum, e que tem desejos e necessidades, mas eu percebi que a concretização desses desejos, especificamente o sexo, sem estar vinculado a uma conexão mais profunda, me causa dor, e uma sensação de fragilidade e desamparo. Percebi que não quero mais correr atrás de alguém pelo simples medo de estar sozinha. Acho melhor aproveitar mais minha própria companhia e salvar minhas energias para alguém que valha a pena. Mas o que mais mudou no meu pensamento nesse curto período de reflexão é sobre esse "valer a pena". Eu sempre pensava nas características que a outra pessoa tinha, que sim, são importantes, mas não podem ser o único ponto. Para alguém valer a pena, não basta ser alguém que faça meu coração disparar e me deixe com as pernas bambas, tem que ser alguém que tenha seu coração disparado por mim e fique com as pernas bambas quando me vê.

Acho que eu nunca tive reciprocidade, eu me apaixonei por muita gente, que ou nem ligou, ou me usou como teste de heterossexualidade, ou simplesmente só queria um caso rápido sem profundidade. Sei que algumas pessoas já se apaixonaram por mim, mas ai foi a minha vez de ser a canalha sem profundidade. Eu mereço mais do que isso. Eu cansei de relacionamentos de dois meses, que não duram porque simplesmente um dos lados está seriamente comprometido em fazer ele não durar.

A partir de agora, viverei para mim, e por mim, e não deixarei muito espaço para ninguém entrar, acho que eu faço mal a todos que me rodeiam e isso faz mal para mim. Se algo tiver que acontecer, o destino que se encarregue, porque eu estou realmente cansada de correr eternamente atrás do horizonte, e perceber que a cada passo que eu dou, é um passo que ele se afasta