segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Análise de Sonhos

Para quem não sabe, sou metida a psicóloga fanfarrona, claro que jamais me coloco como uma profissional (até porque não sou!), mas tenho essa tendência a querer vasculhar a psique das pessoas, revelar os segredos tão bem escondidos que nem elas conheciam... Ainda farei faculdade de psicologia... Mas já li algumas coisas interessantes: alguns livros de Freud, de Jung, Pieaget... Só leituras meramente por diversão... Bom... Já que sou metida não só a psicóloga, mas também a bruxa, obviamente tenho obsessão por sonhos...

E eu gostaria de fazer a análise livre de 3 sonhos que me contaram:

SONHO 1:

"Eu sonhei que carregava caixas, e elas tinham vários tamanhos. Quanto menor a caixa mais pesada ela era. E não havia ninguém para me ajudar a carregar e elas estavam muito pesadas. As caixas não tinham tampas e dava para ver: todas estavam vazias"

As caixas são os lugares em que guardamos as coisas. Este sonho demonstra que você guarda muita coisa, e tem que sempre carregar isto com você, e se sente desamparada, como se não houvesse nenhuma ajuda. Este peso acaba sendo só seu. E este sonho também demonstra que há uma incompatibilidade entre essência e aparência, pois as caixas grandes são leves e as pequenas pesadas. Então, o que para os outros pode parecer pequeno, para você é um fardo enorme, e o que parece ser grande, acaba sendo irrelevante. As caixas não têm tampas, elas não estão fechadas, portanto seu conteúdo pode ser mudado livremente. Porém elas estão aparentemente vazia, e pode ser clichê (ok... é clichê), mas acho que a melhor forma de explicar isto é com a famosa fase do livro O Pequeno Príncipe: "O essencial é invisível para os olhos". As caixas parecem estar vazias, mas na verdade há o conteúdo oculto, que não é material, não é pragmático, que você precisa aprender a enxergar.

SONHO 2:

"Eu estava numa rua, e criaturas que pareciam ser zumbis começaram a me perseguir. E eu comecei a correr fugindo deles, mas eu estava carregando jóias, muitas jóias, e ficar carregando elas me atrapalhava um pouco na corrida. Então, durante a fuga eu fui pular um muro e tropecei e derrubei todas as jóias. Recolhi elas com pressa, coloquei nos meus bolsos, e até na boca e continuei correndo. Quando eu estava em segurança, fui tirar as jóias do bolso, mas só haviam missangas. E quanto fui cuspir na minha mão as jóias que estavam na minha boca, cuspi meus próprios dentes."

Ruas, estradas, remetem ao fluxo e ao movimento, que por sua vez remetem ao próprio fluxo da vida (a tão usada frase "Estrada da vida"). E nessa rua, que provavelmente representa simbolicamente sua vida, aparecem criaturas híbridas: mortos-vivos, ou vivos-mortos... Pessoas que não são, nem deixam de ser. E estas criaturas te perseguem. Isto demonstra que você se sente de fato perseguida, sem saída. Você carrega consigo jóias, ou seja, coisas de valor, mas valor material. 

O ouro, que é a prosperidade, mas é também a banalidade, por darmos um valor absurdo a algo que em última instância não passa de estrutura metálica. E você insistir em levar essas jóias com você te atrasa. E em certo momento você cai, e perde essa posse material. Mas mesmo estando perseguida, mesmo estando com sua vida em risco, sua prioridade é recuperar essas riqueza. Riqueza que aliás, não teria validade nenhuma se aquelas criaturas te pegassem. 

Mas você guarda, não só com você, mas intenaliza isso, colocando na boca, a partir de então, isto passa a fazer parte de você. Quando você sai da correria, quando pára de ser perseguida e fica sozinha com você mesma e quer verificar seu tesouro, percebe o como ele não tem valor nenhum. 

O ouro que você levava não passa de missangas. E essas riqueza que você internalizou, agora você cospe como sendo seus dentes, é a sua própria vida que se desfaz. A ambição que você internalizou acabou por desfazer seus próprio corpo.


SONHO 3:
"Estávamos em uma sala de aula, todas nós (tinha mais gente além de nós duas) estávamos com nosso livros. Tínhamos que começar a escrever neles, mas os nossos livros já tinham páginas escritas, e olhei para você com um ar de interrogação, mas você não disse nada. então chamei a professora e disse 'olha... Meu livro já tem páginas escritas...', então ela respondeu 'leia para mim'. E eu olhava, olhava e virava as páginas, mas não conseguia ler, não sabia o que estava escrito, e então ela disse 'precisa aprender a ler, olha, comece nessa folha em branco, escreva algo, mas eu não tinha caneta e você me dava a sua!"

Confesso que esse sonho ainda me deixa intrigada. Até pela frequência com que esta pessoa sonha com livros. Quase sempre que ela me conta um sonho, há um livro neste sonho, o mesmo livro, um livro que no primeiro sonho que apareceu, ela recebeu de uma sacerdotisa que a iniciava e que dizia "leve este livro com você", e quando ela abriu, as páginas estavam em branco, e quando ela olhou com cara de interrogação a sacerdotisa respondeu "é você quem deve escrevê-lo". é interessante que este livro-caderno que ela descreve, me lembra muito em forma e função o livro das sombras, utilizado em muitas religiões pagãs, e ela ter recebido isto por sonho de uma sacerdotisa que logo em seguida a inicia fazendo-a tomar vinho em uma taça de ouro antiga, mas não sem antes pedir para ela se despir, mas quando ela tira as roupas ouve "não basta apenas se despir das roupas do corpo, é preciso despir a alma". Desde então, ela sempre sonha com o livro, e geralmente dentro dele há a resposta, o caminho, mas é ela mesmo quem escreve o livro.

autoconhecimento. Se a rua representa a vida como fluxo, como estrada, como vai e vem... O livro ("livro da vida") tão uma representação digressiva da vida. Não se trata da como uma junção de fato que se sucedem, mas a vida como reflexão. 

Quando escrevemos um livro, principalmente um livro da nossa vida, estamos revivendo o que passou, porém não num sentido simples,  mas aprendendo e crescendo com isso, é o processo de espelhamento.

Este sonho especificamente é muito interessante no sentido, de que há um conhecimento, uma sabedoria gerada, mas ela não consegue decodificar isso (ela não sabe ler), então primeiramente recorre a pessoa mais próxima e de confiança, e quando esta pessoa não tem a resposta, ela busca a este mestre. Que não dá uma resposta prática sobre nada, mas devolve a pergunta. É ela que tem que aprender a ler... E quando a professora vai ensiná-la a fazer isso, ela pede que ela... ESCREVA! 

Imaginando que a escrita seja a ação e a leitura a reflexão, há uma dialética implícita: você aprende a escrever lendo, e aprende a ler escrevendo (o que não deixa de ser verdade, e se você voltar reflexiamente para os seus 6 anos de idade, poderá facilmente confirmar isso).

Mas faltava o instrumento para a realização desta ação... Talvez este sonho tenha sido um bom presságio. Pela primeira vez, ela não se sentiu desamparada. Ela não estava mais sozinha, mas outras pessoas estavam na mesma condição. Estava numa escola, lugar propício para o ensino, o crescimento. O livro estava ali, e não estava mais vázio! Ela já estava escrevendo a própria vida, e agora entrando no momento árduo na reflexão. Mas ela não estava desamparada. Bastou chamar para que a professora viesse prestar auxílio, embora o auxílio tenha sido apontar que era ela quem deveria encontrar as respostas. 

Eu, particularmente, fico feliz dela confiar em mim, a entrega da caneta, é a entrega na minha própria força em benefício dela, e esta força é capaz de gerar a ação e posteriomente a reflexão. E acho que neste sentido, até pela forma como ela me encherga, esta caneta é uma entrega inclusive de uma conhecimento e sabedoria. Pois a caneta também trás a duplicidade: ela existe em quanto materialidade que permite a ação de escrever (neste caso representando a força, o suporte), mas ela tem a tinta, que é a essencia, que é o que deixará as marcas no livro, que ser traduzirá como relfezão e conhecimento. É compartilhamento da sabedoria, que ao ser compartilhada se multiplica.





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Melhor eu ir vender churros, né?

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