domingo, 17 de março de 2013

Reflexões sobre não estar apaixonada

Uma manhã de domingo cinzenta e com cara de chuva, e eu acordada desde as 7h lançando contratos, e agora num plantão de vendas que se apareceu uma pessoa foi muito. Por um lado isso é ruim, pois quero bater 150 vendas, e apesar de ter muitas propostas, estas propostas também estão com muitos problemas, e efetivamente só estou com 52 contratos lançados, sendo que 2 provavelmente irão quebrar.

E apesar da "reflexão de hoje" não ser exatamente sobre trabalho, tem muito a ver com ele também. Eu sempre fui uma viciadas em paixões. Eu já ouvi dizer que quando estamos apaixonados, o nosso cérebro libera um "coquetel de substâncias" que lembra muito o efeito da cocaína ou até da heroína, não vou afirmar que isso é verdade porque não sou da área de biológicas/saúde, mas por empirismo, posso dizer que quando estamos apaixonados, algo acontece com o nosso corpo. Vemos as coisas que queremos ver (parece que encontramos "sinais" e "coincidências" em tudo que esbarramos pela rua!), uma euforia nos invade, falta o sono, some a fome, uma vontade de cantar, de pular, como se o seu peito fosse explodir!!!

Mas como toda a euforia intensa, a paixão também dura pouco, e depois da euforia, vem a depressão, é claro. Se a princípio tudo parece muito magnífico, perfeito, excelente, estupendo... Bem... Com o tempo vemos que as coisas não são bem assim. Aquela pessoa que despertou tudo aquilo na gente, também é um ser humano, e como tal, cheio de defeitos, dúvidas, imperfeições. A empolgação do começo começa a decair, afinal, o que até ontem era novidade, hoje já virou rotina.

E eu, como uma boa viciada em paixões, tinha que me manter apaixonada. Apesar da paixão no começo dar aquela impressão de "para sempre", tenho que confessar que o meu foco, no fundo no fundo, nunca foi a continuidade, exceto o desejo daquela continuidade da sensação de "estar apaixonada", é possível se manter apaixonada por uma mesma pessoa a vida toda? Acho que seria muita arrogância da minha parte querer responder isso de forma dogmática, pois há tanta coisa e tantas pessoas no mundo, mas para mim até hoje, sim, foi impossível. O que acontecia no máximo, era eu me apaixonar por alguém, isso ir decaindo, e algum tempo depois surgir uma nova paixão pela mesma pessoa, mas essa "segunda dose" sempre era mais fraca que a primeira.

E assim, como um viciado vai de droga em droga, de beco em beco, eu ia de pessoas em pessoas, de paixão em paixão, sempre buscando algo a mais. E como uma viciada, tive que arcar com os efeitos colaterais de isso tudo.

Quando você se acostuma com a sensação de estar apaixonado, você quer manter isso a qualquer custo, e a paixão vive da intranquilidade, da incerteza, da expectativas. Então foi absolutamente incrível a quantidade de auto-boicotes que eu me causei em nome da sensação de estar apaixonada.

Hoje, acho que pela primeira vez em muito anos eu não estou apaixonada. Não penso em ninguém antes de dormir, não tenho mais a necessidade de criar fantasias e expectativas. Por isso disse que indiretamente o trabalho tem a ver com tudo isso. Para me "desviciar", tive que mudar o foco, e o trabalho tem ajudado muito. Disciplina, outras coisas para pensar, responsabilidade, algo que consome muito meu tempo e evita que eu me perca no meio de devaneios, como diz a sabedoria popular "mente vazia é oficina do diabo", e é isso que tenho tentado evitar.

Eu gosto do amor leve, sem cobrança, só um bem querer, e um desejo de estar perto, mas que não causa dor quando frustrado, eu gosto da permanência, e da confiança construída ao longo do tempo, eu preciso sim me sentir querida e protegida, mas tudo isso eu já tenho. Tenho tudo isso e muito mais dentro das minhas amizades. Não é aquele euforia louca, mas não tem a decepção e a dor depois.

Estou aproveitando essa sensação de "estar sóbria", de não me auto-torturar, só pra variar um pouquinho.

E como todo bom ex-viciado: um dia de cada vez...

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