quinta-feira, 7 de março de 2013

Joana... Ninguém!

Comprar um maço de cigarro, uma latinha de cerveja, e ir para uma praça escura e isolada beber e fumar sozinha enquanto pensa na vida... Quão deprimente isso é?

Mas sem dúvidas a pior parte é pensar na vida... As pessoas simplesmente seguem em frente, e eu continuo aqui parada, olhando para trás, tentando fazer um retrospecto de tudo e tentando entender meus erros, buscando uma saída ou talvez uma solução.

Nada como a boa e velha psicologia: na dúvida, coloque a culpa nos seus pais. Então, vou culpar meus pais também! Meu pai por ter me abandonado, e me ensinado muito cedo a sensação de desproteção, e de ter percebido que muitas vezes aqueles que deveriam te proteger são os que te causam mal. E a minha mãe, que devido a dor do abandono (?), me ensinou a jamais abandonar ninguém.

Eu sempre me martirizei demais, sempre pensei "eu devo ser realmente um lixo de pessoa, afinal, estou sempre correndo atrás dos outros, e ninguém nunca correu atrás de mim". Mas hoje, pensando melhor, cheguei a uma conclusão diferente: ninguém nunca correu atrás de mim porque nunca foi preciso. Eu sempre estive 100% disposta a perdoar. Eu já perdoei pessoas por me baterem (e foram muitas), por me drogarem sem o meu consentimento, por fazerem chantagem psicológica, por me traírem, por mentirem, por omitirem fatos realmente relevantes, por me abandonarem à minha própria sorte quando o que o mais precisava era de um abraço. Eu estou sempre pré-disposta a acreditar que todos são capazes de mudar, e que só precisam se uns chaqualhões e de tempo. E pior! Muitas vezes eu nem esperava pelo pedido de desculpas: eu mesma ia até a pessoa dizendo quase que imperativamente "você se arrepende não é verdade? Pois bem, tenha mais uma chance de ficar na minha vida"

Sempre tão comprometida com a verdade, e hoje isso me parece uma enorme besteira... Se eu tivesse mentido para a Patrícia sobre minhas dúvidas, sobre uma suposta paixão que nascia, ela não teria ido embora... Ou mesmo que eu tivesse ficado com a Aline! não foi uma, nem duas, nem três pessoas que me disseram "fica com ela, curte o que tem que curtir, mas não deixe a Paty saber, e mantenha seu casamento"

Esse é o truque? Mentir? E mesmo com a Aline... Que tal eu nunca ter falado das minhas dúvidas, dos meus medos, dos meus sofrimentos? Era só eu dizer "está tudo bem", não importa o caos que estivesse dentro de mim...

Eu tiro a máscara e todo mundo simplesmente vai embora correndo, correndo para os braços de alguém que talvez tenha até mais dúvidas do que eu, mas aprendeu a mentir ou a ficar em silêncio... E todo mundo seguiu em frente. Como suas declarações ostensivas de afeto nas redes sociais, ou simplesmente com as mensagens sempre otimistas. Todos dizendo o quanto são forte, o quanto estão sempre bem e felizes. E por mais que estejam péssimos, o como tudo isso é um plano de "deus" e eles têm um enorme pote de ouro esperando por cada um no fim do arco-íris.

Só eu aqui continuo levando porrada calada, acreditando que pode ser diferente. Com a ingênua disposição de dar sempre uma chance a mais.

Este ano comecei um emprego novo, cheio de problemas, mas pela primeira vez meu caminho foi mentir e omitir. E funcionou! As pessoas começaram a gostar de mim. Então é isso? As pessoas só são capazes de gostar de mim por tudo aquilo que eu não sou? Aderi a técnica para a minha vida pessoal, e funcionou! E eu deveria estar muito feliz por isso, mas não estou! Sinto que fracassei enquanto ser humano.

Eu deveria aderir ao jogo. Fazer amigo secreto com pessoas que não suporto, dizer que amo pessoas que mal conheço, e tomar porrada calada, mas não com a disposição de quem está pronto a perdoar, mas com a hipocrisia de quem está no chão sangrando, mas finge que nem ao menos foi atingido.

E agora o quê? A vida eventualmente segue. Uma hora a dor para de doer, conhecemos gente nova... Estou numa encruzilhada. Está na hora de decidir a pessoa que serei de agora em diante. Eu não quero perder mais ninguém, então devo eu fingir não me importar com coisas que me importo? Devo esbravejar verdades absolutas mesmo sem saber em que acreditar? Eu tenho que suportar a dor do meu coração sendo despedaçado novamente?

E eu posso estar sozinha numa praça fumando e tomando uma cerveja enquanto penso na vida, mas hoje tenho certeza que isso não afeta mais ninguém...

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