sexta-feira, 31 de maio de 2013

Feliz Aniversário

Como foi possível ver na postagem anterior, no começo da noite comecei uma conversa bem caótica com um amigo que não falava faz tempo.

E já que o nível de fanfarronice estava grande, comecei a falar sobre coisas realmente sombrias que passam pela minha cabeça e que tinham sido inconfessáveis até então... Coisas que eu já tinha refletido, mas dialogar sobre isso foi totalmente diferente... Por quê? Bem, o melhor paralelo que eu tenho é uma equação matemática: se você for muito "foda" você até consegue solucioná-la "de cabeça", mas 99,999% das pessoas vão precisar colocar aquilo num papel e resolver etapa por etapa, e geralmente usando contas paralelas de suporte.

E assim foi feito... Coloquei minha vida em uma linha do tempo, só fatos relevantes, e percebi a coisa mais assustadora do mundo: eu estou amando pela primeira vez na vida. E isso é assustador por muitos motivos, mas acho que o principal foi descobrir que nunca amei ninguém, ou pelo menos nunca soube amar, eu estava sempre querendo "doutrinar" as pessoas, ensinar o jeito "correto" de ser, pensar, agir, falar... Ou seja: meu jeito... E Não bastasse isso, eu queria ensinar "na base da pancada", "no grito"...

A outra revelação assustadora é que... Eu estou em paz! Sim... Totalmente em paz comigo, com o meu corpo, com o meu passado com a minha história... Então temos o "dilema de tostines": estou em paz porque aprendi a amar, ou aprendi a amar porque estou em paz?

Mas acredito que as duas coisas vieram de mãos dadas... Um milagre? Não, não! Eu caminhei muito, batalhei demais, dediquei todas as minhas forças para chegar até aqui... E como disse meu amigo: "não sei se é uma Nova Camila ou se é uma Camila antiga que tinha se perdido, mas é completamente diferente de como você estava"

Eu também não sei... Mas eu passei a vida achando que o amor era um grande show pirotécnico, que demonstrar amor era as grandes declarações, o dramalhão, as brigas, o ciumes... E então eu entendi que não... Amar é estar em paz. Simples assim... Não é nos grande momentos que você demonstra, mas nas pequenas coisas... E dei para ele meu grande exemplo disso:

"Eu era/sou viciada em dizer 'eu te amo' e ela não gosta de ouvir isso, ela acha automático (e está certa, afinal eu mesma assumo isso como um vício) e acha que a expressão vem com todo um peso e uma pressão (o que também é verdade), então minha forma de mostrar que amo, é parar de dizer 'eu te amo', e isso é lindo, porque a cada vez que eu sinto vontade de demonstrar meu sentimento, eu preciso realmente pensar em algo verdadeiro, em algo que seja nosso e só nosso para que eu possa dizer, como 'me faz feliz lembrar do seu sorriso de criança travessa quando você ficava cantando repetidamente a música pedra mais alta, do teatro mágico, e você ria só porque sabia que estava me aporrinhando, e lembrar disso me faz sorri'... E esse é o grande barato, não é dizer 'eu te amo', mas é aprender a amar de fato cada coisa acerca daquela pessoa"

Mas sem dúvida, a grande revelação da noite foi a que mais de libertou: eu sou uma viciada em surtar. Isso pode parecer obvio para quem vê de fora, e sei que muitos amigos, cada um de um jeito, tento me alertar sobre isso, mas eu não conseguia processar a informação, e hoje, como numa epifania eu entendi!

Heis minha epifania:

"eu tive histórico de abuso, e o caralho a quatro, e fui me esforçando pra superar, do jeito que dava... e eu superei porra! eu superei mas se eu parar de surtar por isso eu vou estar assinando minha alta, assinando embaixo que eu sou responsável pelos meus atos, que não é meu passado que me define concordando que eu sou mais forte que tudo isso, que eu tenho condições de controlar minha vida... estarei assumindo minha independência emocional e estarei renegando toda minha base, porque bem ou mal, eu me construí em cima dos meus traumas... então eu me sinto na obrigação de surtar por nada"

E entendendo isso eu posso finalmente me libertar... Hoje eu me sinto livre pra amar... Amar de verdade, plenamente, amar o meu corpo, sem noias, amar o sexo, sem ter que tentar fugir daquilo com pensamentos ruins, amar a companhai de quem eu amo sem ter que tentar me sabotar o tempo todo!

E como disse pro meu amigo, a diferença entre este meu relacionamento e os outros, é uma diferença semiótica sutil, mas que muda tudo: antes eu tinha MEDO de terminar o namoro (por carência, insegurança, medo da solidão, do abandono, da rejeição), então por mais que tudo tivesse uma bosta, eu queria continuar. Mas desta vez a motivação é diferente: eu tenho vontade de ficar! Não é medo da solidão, é desejo da companhia. Ela não é só uma mera negação da negação, ela é minha primeira afirmação!

E depois de tanto tempo me arrastando por ai, e depois tanto tempo fechada em mim mesma buscando resposta, e depois tanto esforço para sair do casulo, finalmente chegou a hora de abrir as asas e voar. Este é um novo nascimento, mas não de algo totalmente novo, mas daquilo de bom que sempre esteve dentro de mim, mas eu era incapaz de ver.

Sorte? Não... Batalhei muito até chegar no meu DESTINO. Hora de começar minha nova jornada...

Se me tornei uma borboleta? Não, não! Eu sou uma fada, você acredite eu não, não preciso mais da sua fé pra existir... Afinal, deixe de ser uma dependente emocional, e por isso finalmente estou pronta para amar.

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