sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma carta...

Possivelmente estou longe de ser um homem ideal. Muito mais longe de uma mulher. Eu sou assim, essa indefinição mais puxada pra um lado. Meio esgarçado. Meio naufragado. Sentia-me retalhado antes de você chegar. Assim estrangeiro dentro de mim, sem lugar no mundo. Eu me sinto inteiro ao seu lado, tenho lacunas, tenho arestas, mas eu me vejo hoje, mais perto de um retrato. Eu não te esperava. Eu realmente não esperava achar alguém com você. Que tem todas as coisas que eu gosto. Às vezes à noite, eu me belisco. Porque não me parece possível a sua existência. Mesmo quando você está estressado, distante ou preocupado, eu me pego pensando em como é possível que mesmo nervoso você seja tão lindo. E quando no meio da cara fechada você abre um sorriso, eu sinto que vale a pena esperar 15 minutos em silêncio. Vale a pena deixar de ser idiota, deixar de ser medroso, acomodado, largado, egocêntrico pra estar ao seu lado. Vale a pena olhar pra você e ter sorrisos internos. Eu não sou o cara mais externo, que sabe demonstrar de um jeito belo. Pra dizer a verdade, eu sou bem tacanho e bem estúpido nesse sentido. Nessa coisa de me relacionar, de deixar que as pessoas entrem no meu mundo particular. Eu sou defensivo e ríspido. Mas quando durmo abraçado com você eu me sinto bem. O seu calor me conforta. Os seus olhos dentro dos meus me fazem feliz. Eu gosto quando você ri, seu sorriso bobo quando consigo fazer algo que você gosta. O seu jeito de pensar as coisas. Você é tão diferente de mim. Meu contraponto. E eu me sinto cada dia mais feliz por ter te achado. Ou melhor, por você ter me achado. Me sinto feliz, por não ter sido um completo idiota e deixado você ir embora. Com certeza, eu não sou o melhor namorado. Tenho 28 anos no RG, mas na real, acho que tenho 18. Eu fiz e ainda faço muitas coisas estúpidas. E cada vez que me dou conta delas, me sinto naufragar. Me sinto doente e perco o sono. A possibilidade de te perder me deixa febril. Eu jurava que não ia ter esses sentimentos de novo. Eu queria mesmo não sentir essas coisas. Eu queria ser uma pedra. Mas acho que eu não seria uma boa pedra. Você olhou pra mim, como ninguém nunca olhou. E daí, eu não tive mais vontade de ser pedra. Nem de pular da janela. Nem de me dar um tiro. Porque eu sempre pensei muito nisso. Mas eu sempre fui muito fraco. Eu sempre fui pedaço. E eu sei que possivelmente, eu não pareça nada disso. Eu pareço seguro, sociável e tudo mais. Eu tenho várias roupas de pedra no guarda roupa. Várias armaduras. E mesmo sem precisar, pelo hábito da guerra, eu me afirmo num campo de batalha inexistente. E ai eu te machuco. Espero uma hora, ser menos estúpido. Conseguir me livrar desses péssimos hábitos. Mas na verdade o que eu queria dizer, é que você é tudo que eu sempre quis. Inteligente, culto, divertido, carinhoso, meigo, briguento, original. Eu nunca tenho um dia igual ao outro com você. Não existe rotina, no pior sentido da palavra. Nem marasmo. Eu tenho um jeito bem tosco de demonstrar isso eu sei. Fica parecendo que eu to reclamando full time de tudo. Mas a verdade é que eu não mudaria nada em você.

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