sexta-feira, 21 de junho de 2013

Quem sou eu?

Acho que me faço essa pergunta desde que me conheço por gente, e sempre que imagino que estou perto de achar uma resposta, percebo que já mudei, que não só as respostas mudaram, mas as próprias perguntas também.

Para essas indagações existenciais, ainda não encontrei síntese melhor que a música "Anacrônico", da cantora Pitty:

"É claro que somos as mesmas pessoas, mas pare e perceba como o seu dia a dia mudou. Mudaram os horários, hábitos, lugares, inclusive as pessoas ao redor. São outros rostos, outras vozes interagindo e modificando você. E aí surgem novos valores, vindo de outras vontades, alguns caindo por terra, pra outros poderem crescer..."

Essa recente ondas de protestos me fez lembra muito a mim mesma no meu "despertar" político, claro que um primeiro estalo é importante, mas o verdadeiro despertar é fruto de muita reflexão, e traz muitos mais dúvidas que certezas... Ou será que o problema sou eu?

Seja como for, na minha última e derradeira conversa com a Luciana, falamos sobre como as pessoas tentam montar uma auto-imagem enganadora para atrair o outro. Talvez não propositalmente enganadora, mas a intensão não muda o fato.

Não tenho todas as respostas sobre quem sou eu, mas começo a aceitar algumas verdades:

Eu sou uma vendedora... Não, não vou dizer que sou "astróloga" porque fiz um mapa astral, ou "dj", porque juntei umas 50 músicas no pendrive e coloquei para tocar na festa de família aqui de casa, nem vou dizer que sou fotografa porque compre uma máquina com lente boa e bato fotos pessoais, e nem vou dizer que sou desenhista, só porque tenho um ou dois rabiscos. Eu não tenho uma profissão ou carreira cool, e não vou fingir que tenho dizendo "na verdade, eu sou xxxx, mas no momento estou trabalhando com vendas", é isso aí, eu sou vendedora, não tenho uma vida glamurosa só um emprego comum.

Sou fumante. Chega de dizer que posso parar quando quiser. Estou tentando parar há anos, e não consigo, diminuo, paro por um tempo, volto, só vou ficar feliz quando morrer de câncer! É um vício, é horrível, mas chega de dizer que não sou fumante, que fumo socialmente, eu sou uma viciada, quero me recuperar, mas é difícil, porque na área comercial quase todo mundo fuma, e quando você já tem um vício, é difícil se desvincular com todo mundo te empurrando na direção contrária.

Eu sou bipolar. E bipolar mesmo! Eu devia fazer acompanhamento psiquiátrico, mas no momento não tenho dinheiro, e não venham me falar de SUS. Infelizmente, a saúde pública no nosso país está longe de ser minimamente aceitável, e transtornos psiquiátricos são coisa séria. A minha euforia me faz ter uma falsa sensação de "super poderes" e faço coisas incríveis que me prejudicam demais, e minhas fases depressivas são longas, contantes, e terríveis. Eu tenho uma péssima auto-imagem, crises de pânico constantes, desejo de suicídio, eu tenho pena de mim mesma, eu choro por besteira, tenho desejos de auto-mutilação, tenho acessos de raiva, crises de estresse que me gerar uma terrível gastrite nervosa, comportamento agressivo e inconstante. Lidar comigo é quase insuportável.

Eu tenho muitos "falsos progressos", parece que eu melhorei, evoluí, amadureci, mas na verdade, são só fases de euforia. Acredito que desde os meus 7 anos de idade, eu tive pouco ou nenhum progresso efetivo em qualquer setor da minha vida.

Sou extremamente ansiosa. Eu falo rápido e alto, eu digito rápido e não releio o que digito, e estão eu falo e escrevo errado, mesmo sabendo a forma correta. Eu tento controlar minha ansiedade, mas é muito difícil. Tomo decisões impensadas, e minha ansiedade colabora para a minha inconstância, pois nunca avalio bem a situação antes de tomar uma decisão, então estou constantemente arrependida, inclusive arrependida por me arrepender e voltar atrás.

Sou desorganizada, chego a ser porca. Eu alego falta de tempo, falta de ânimo, mas na verdade é falta de zelo.

Nunca termino nada que começo. Isso é terrível, eu vivo uma vida pela metade, incapaz de concluir até ações simples do dia a dia, incapaz de cumprir promessas que faço para mim mesma, mesmo promessas do tipo "farei isso por 3 dias"... Não importa se for por um ano ou um minuto, eu sou incapaz de concluir qualquer coisa. Até hoje não sei como me formei no colegial (vontade de desistir não me faltou).

Sou carente, grudenta, e isso num nível que chega a ser doentio. Sou controladora, ciumenta e possessiva.

Deve ser por isso que crio uma falsa auto-imagem, creio que se eu mostrasse quem sou, ninguém nem ao menos chegaria perto. E quem chega, vai embora, não muito tempo depois.

Algumas pessoas são boas, outras não.

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