terça-feira, 2 de abril de 2013

Carta de suicídio

Primeiramente, não, não vou me matar. Pelo menos não esta noite. Tenho o firme propósito de não sair deste mundo enquanto devo algo para alguém. Mas graças aos céus, o dia da quitação das dívidas já tem data marcada: 10/05/2013, e dia 11 espero não estar mais aqui para ver um novo amanhecer. Mas quero escrever isto hoje, e depois é só copiar num papel quando chegar a hora, pois acho que este é o dia até hoje em que estou mais destroçada, e que poderá me dar a maior verdade em minhas palavras. E até está dato, tudo que me resta é buscar encher meu tempo da melhor forma possível.Vamos a carta:



Desculpe, eu simplesmente não consegui seguir em frente, eu juro que tentei, mas não consegui. Tentei o cigarro, as bebidas, as festas, a superficialidades, até mesmo as drogas. Nada adiantou.
Nunca consegui ser uma pessoa feliz. Talvez eu tenha alguma desfunção cerebral, talvez tenham sido minhas escolhas pessoais... Bem, todo mundo que eu converso quer me fazer acreditar que seja simplesmente minha escolhas pessoais, então talvez seja verdade. Como se eu deliberadamente, um dia tivesse acordado e dito "bem, eu escolho ser infeliz para sempre, amém". Tentei fazer terapia e tomar remédio, nada adiantou. Talvez eu não tenha tentado o bastante, o que importa?
Mas tudo ficou mais complicado, sabe? Mesmo uma pessoa que nunca foi uma pessoa feliz teve seus momentos de felicidade, e eu tive os meus, não vou mentir. E não foi um, e talvez nem ao menos tenham sido poucos. Amei, e amei de verdade. E em cada amor me transbordei. Mas houve um amor que me fez transbordar.
Eu sempre tive medo do amor, de relacionamentos, e deve ser sido por isso que sempre me sabotei tanto, mas em algum momento eu pensei que isso poderia ter dado certo.
Sei que tive ótimo amigos, e agradeço a todos por terem me feito sentir menos sozinha neste mundo. Tive também excelentes colegas, que me trouxeram ótimas risadas e muita diversão. Paixões tive aos montes, e obrigada pela adrenalina, e por aquela sensação de promessa a ponto de ser realizada que vocês me deram.
Mas se eu tivesse que dizer que amei apenas uma pessoa na vida, eu diria, sem nem ao menos piscar, que amei você, Patricia da Mata Barbosa.
E eu queria que você soubesse, que na minha vida triste, dos meus momentos felizes, você foi a minha maior felicidade, e por isso agora tudo é tão difícil. Acabou, eu sei. A culpa é minha eu sei. Me arrependo por tantas coisas, e esse arrependimento já vem me matando há meses. 6 meses que estamos separadas (lembrar que tenho que mudar para 8 quando chegar o momento).
Não vou remover minha tatuagem, daqui até o amargo fim, quero que seu nome esteja tatuado na minha pele assim como você está tatuada no meu coração.
Eu sempre tomei as decisões erradas. queria que você soubesse que de todo o tempo em que estive com a Aline, em cada momento eu pensei em você, a cada instante eu quis voltar, mas no começo eu tive medo, e quando venci meu medo, era tarde demais.
Fico feliz que para você tenha sido melhor assim. Sentir que realmente fiz algo de bom na sua vida, mesmo que tenha sido saindo dela.
Mas hoje tudo é muito difícil. Desde a cama que eu durmo, que não sei se é ilusão ou se o seu cheiro ainda está nela, ou cada situação que me traz uma nova lembrança! Não dá nem para lavar louça ou cortar batatas sem lembrar de você.
Falam que devemos nos arrepender do que fizemos e não do que não fizemos, mas há tantas coisas que eu gostaria de não ter feito.
Só gostaria de ter voltado para casa aquele dia. Ter te ouvido, mas eu nunca ouço ninguém.
Acho que se eu tivesse uma máquina do tempo, eu simplesmente me vestiria de mendigo, trombaria com a gente na paulista e daria um soco na minha cara! Mas máquinas do tempo não existe, e segundas chances também não.
E nem mesmo me enchendo de todo esse ódio eu consigo expurgar este amor irritante e persistente que insite em ficar. Então se ele fica, parto eu. Não tenho fé em nada, sei que tanto faz eu morrer agora ou daqui há mil anos. Tanto faz se for suicídio ou morte natural, depois que eu me for, será como se eu nunca tivesse existido, então talvez o mais sensato fosse ficar e tentar aproveitar essa merda toda da melhor forma possível. Mas pra mim, o jogo acabou. Não vejo sentido em nada. Para mim a maior benção seria ir para um lugar onde as lembranças não existam, e acho que esse lugar é o não-lugar da não-existência.
Desculpa ter estragado tudo, desculpa ser uma louca, uma cafajeste, uma obstinada.
Eu realmente espero que este lugar para o qual eu (não) vou agora, seja um lugar livre de pensamento, porque senão, te manterei tatuada na minha alma até o final dos tempos.
A todos os outros que se importam, sinto muito ter sido uma decepção. Sei que eu fiz mais mal do que bem. Talvez o mundo seja um lugar melhor sem mim. E talvez eu seja uma pessoa mulhor longe deste mundo.

Com amor
Camila

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