segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Declaração Bicha!

Enfim... Depois desta postagem mudarei o título do blog para “besteiras, poemas e bichisses” . A pessoa de quem se trata essa postagem já sabe tudo isso que irei dizer agora, mas como eu sou terrivelmente exibicionista, sempre quis dizer tudo isso de forma mais pública.

Tudo começou no verão de 2004 (em Janeiro, não Dezembro)... Na perua escolar que eu usava para ir à escola desde a quarta série, nela havia uma pessoa desconhecida... Ela parecia ser mais nova que eu, embora fosse mais velha (até porque, logo que entrei no colegial, por alguma ideia absurda eu pensei que poderia ser “popular” e estava vestida igual uma perua de mal gosto). Tentei puxar assunto, ela falava pouco, disse que também estava no primeiro ano do colegial, eu disse que era bruxa e que eu sabia que a gente estaria na mesma sala, ela me ignorou.

Mas eu estava certa, por coincidência ou destino, estávamos na mesma sala. No intervalo eu fui falar com ela e fui categoricamente ignorada. Eu nunca havia conhecido uma pessoa mais mal-vestida, mal-humorada, mal-educada, anti-social e esquisita (e olha que estou me incluindo nisso).

Meu plano de andar com os populares durou uma semana, quando fui rechaçada por ser nerd e chata demais!

Quem ler esta postagem pode ou não me conhecer, mas já deve ter percebido o quanto eu gosto de falar, acho que é uma das coisas que eu mais gosto (posteriormente, surgiu o movimento “cala-boca Strongren” no colégio, mas isso é outra história). O perueiro deixava a gente na escola muito antes do horário da aula, e como isso era de manhã, o colégio sempre estava vazio. A Rê (acho que esqueci as apresentações formais: esta história é sobre mim e minha melhor amiga, o nome dela é Rebeca) sempre procurava um banco em algum lugar isolado para se sentar e ler alguma coisa, ou estudar. Eu sempre sentava em outro lugar isolado, mas por mera falta de opção.

Quando eu não aguentava mais não-falar, eu decidi começar a conversar com ela, mesmo que fosse para ser categoricamente ignorada, e eu fui! Eu sentava do lado dela no banco quando chegávamos e falava, falava de tudo, e ela me ignorava. No intervalo eu ia falar com ela, se tinha mais alguém, ela respondia, se não, me ignorava. Passou o tempo e começou a surgir os trabalhos em grupo, como sempre eu e ela sobrávamos, éramos obrigadas a fazer grupo juntas (juntamente com outros segregados, mas os outros não eram tão constantemente deixados de lado quanto nós). Com isso ela foi obrigada a começar a conversar comigo.

Ela tinha uma amiga na perua, que não gostava de mim (aliás, durante todo o colegial, ninguém nunca gostou muito de mim, não sei se depois da faculdade as coisas mudaram ou as pessoas ficaram mais falsas, mas prefiro a primeira opção), então a Rê, com toda sua firmeza de caráter, conversava comigo até chegarmos ao colégio dessa outra menina, depois disso, ela me ignorava e fingia que não falava comigo nunca. Eu tolerava isso (respeito-próprio nunca foi meu forte), pois eu gostava muito de estar com ela, e tinha fé, muita fé que um dia isso ia mudar.

Conversávamos muito, conversávamos sobre tudo, nos dávamos bem, mas por algum motivo que nem ela nem eu sabemos muito bem até hoje, ela tinha realmente VERGONHA de mim.
Passou um ano, e entrou na escola uma menina chamada Pâmela, ela mais faltava do que vinha, e a média global dela era 1,0; para vocês terem ideia, no segundo bimestre ela já estava reprovada por nota e por falta, mas essa é outra história. A questão é: eu pensava que a Rê era de fato uma pessoa fechada que demorava para considerar alguém como amigo, mas mal surge essa Pâmela e elas andam juntas para tudo que é canto, saem juntas, conversam o tempo todo. Um belo dia, a Rebeca, com todo o seu bom senso me diz “sabe... a Pâmela é minha melhor amiga, mas eu sei mais de você que não significa nada para mim do que dela”... ... ... Juro! Nunca na minha vida eu senti tanta raiva e nem tanto ciúmes como naquele momento! Nem... Nem... Nem quando a Patrícia me disse que queria dar pra um carinha lá!

Passou mais algum tempo e a tal da Pâmela saiu da escola e tomou chá de sumiço. Eu continuava sendo tolerante a paciente, mas chegou o final de mais um ano e eu continuava sendo tratada como estepe-vergonhoso, eu como quem me conhece deve saber, após longo tempo sendo humilhada, eu costumo ter uma crise de auto-estima e resolvo dar piti, o que 99% das vezes é absolutamente desastroso. Então, depois de quase 2 anos nesta incomoda situação, eu resolvi surtar! Disse: “Cansei! Para fazer trabalho em grupo eu sirvo, para ficar conversando as 6h da manhã eu sirvo, para ficar te ouvindo e te ajudando eu sirvo, para treinar junto na aula de educação física eu sirvo, mas para ser apresentada como sua amiga ou ser tratada com dignidade eu não sirvo. Quer saber? Se é para as coisas serem assim, não quero mais. Para mim é tudo ou nada”

Obviamente ela já era minha melhor amiga e vice-versa há muito tempo, mas foi muito bom esclarecer as coisas. A partir desse dia as coisas realmente começaram a mudar (não sem antes termos ficado um tempo sem nos falarmos).

Tudo teria sido lindo e maravilhoso, mas cometi o erro (e que atire a primeira pedra quem nunca cometeu) de ultrapassar a barreira de sentimento que define o amor da amizade... Amigo... Aquilo sim foi uma briga! Não porque ela tenha sido uma louca homofóbica, mas porque eu fui uma louca obsessiva. Pensei que depois daquilo, nossa amizade tinha sido irremediavelmente perdida, e irremediavelmente se perdeu.



Como eu disse anteriormente, depois disso, nossa amizade se perdeu, a partir daí surgiu algo totalmente novo que até hoje não consigo definir, há pelo menos 3 anos estamos em perfeita sincronia. Como disse para o Eric, mãe tem uma categoria à parte, tirando isso eu digo sem medo de estar enganada: para mim, ela é a melhor pessoa do mundo; e ela é a melhor pessoa do mundo para mim.

Entre nós não há intromissão, não há julgamento, não há dominação, ciúmes, há simplesmente um fluxo harmônico de amor e compreensão. Claro que às vezes discordamos sobre uma ideia ou opinião, mas disso nunca saem grandes transtornos, das poucas discussões que tivemos saímos mais fortalecidas em todos os aspectos.

Ela é uma pessoa com quem eu sei que sempre posso contar:
-Rê vou salvar o mundo
-To nessa
-Mudei de ideia, vou matar minha irmã!
-Quer ajuda para esconder o corpo?

Às vezes o mundo me decepciona e tudo parece perder o sentido, então falo com ela, ela não me vem com clichês, frases prontas, nem ao menos um discurso animador, ela é simplesmente ela, como sempre foi, muda a aparência, a essência permanece, então eu penso “se existe alguém como ela, o mundo não pode ser tão ruim assim”, então tenho coragem de recomeçar.

Acho que esse texto ficou mais longo do que imaginei, embora não tenha contado nem um centésimo, pensei na melhor forma de terminá-lo, e resolvi fazer isso tomando por empréstimo um depoimento que ela me mandou uma vez:
“Então... com toda a minha eloquência vou resumir nossa história... Brigar, fazer as pazes, brigar, fazer as pazes, brigar, fazer as pazes... ashuashuashuas. No fim o que sobra é a gente mesmo, então acho que esse é o jeito que a gente encontrou de se entender e se funciona por que questionar?! Se no fim sobrar nós duas, não ligo pro começo...!Te amu mesmo viu...!”

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