segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Conto de foda: A Princesa Sapa

ISTO É UM CONTO!!!!


Fazia mais de um ano que eu havia terminado meu namoro. Nunca consegui ser adepta de sexo casual, portanto, fazia mais de um ano que eu não sabia o que era sexo, claro que nesse caso eu não incluo auto-satisfação como sexo. Nesse meio tempo eu cheguei a me interessar por algumas pessoas, ficar com outras, mas nada muito sério.

Aliás, seria educado da minha parte me apresentar: meu nome é Joana, eu tenho 20 anos de idade. Só tive um namoro, que durou dois meses, e terminou há um ano e quatro meses.

Sou uma pessoa normal, talvez dramática, bipolar e “nerd” demais, fora isso, normal. Nem muito bonita, nem muito feia; nem muito legal, nem muito desagradável. Apesar disso, por minha postura, eu não sou o tipo de pessoa que passa despercebida, muitas vezes sou o centro das atenções. Comigo é sempre “me ame ou me odeie”, não faço média com ninguém. Mas desde que terminei meu namoro estou sofrendo de um mal que apelidei de “desincronia”: as pessoas que se sentem atraídas de uma “forma especial” por mim não me atraem o interesse, e as pessoas que me atraem de uma “forma especial” só me veem como uma boa pessoa ou boa amiga. Como essa situação estava me irritando profundamente tomei uma decisão drástica: vou virar assexuada! Voto de castidade, e agora é definitivo!

Mas... No fundo no fundo, sempre fazemos algo buscando o amor (não necessariamente o amor romântico), essa história de satisfação pessoal é o maior mito que existe! Ninguém (a não ser que seja autista ou algo assim) consegue fazer algo com a finalidade em si mesmo. Nos arrumamos para sermos atraentes, estudamos para sermos interessantes, galgamos bons empregos para o caso de não sermos suficientemente bonitos ou interessantes. Sei que é uma redução um pouco pobre, sei que sentimos satisfação lendo um bom livro, e nos sentimos felizes com um bom emprego, mas essas coisas não têm meras finalidades em si mesmas.

Eu tenho muita energia reprimida e só ficar lendo um livro atrás do outro não estava sendo o suficiente para afastar o tédio de minha vida. Então, apesar de muito dos meus amigos considerarem isso banal e um pouco vulgar, me inscrevi numa academia.

Geralmente só temos verdadeira consciência da profundidade de nossos atos depois que nossas ações dão fruto, mas neste caso, os frutos não demoraram a surgir.
Meu plano era simples: fazer academia, liberar minha energia reprimida nos exercícios e de quebra melhorar minha saúde e conseguir um corpo invejável.
Decidi começar na segunda-feira seguinte, eu queria ter ido de manhã, mas devido a alguns incidentes eu tive que ir a tarde. Chegando lá fui tirar as medidas: 90 de busto, 67 de cintura, 90 de quadril. Nada mal. Se eu tivesse 7 cm a menos de cintura e 20 cm a mais de altura, eu teria as medidas de uma super modelo. Altura: 1,60m. Peso: 49kg. Batimentos cardíacos: normais. Como não havia nenhum impedimento, que começasse o treino!

Enquanto eu tirava as medidas chegou uma garota, eu só a tinha visto de relance, pois estava concentrada no que eu estava fazendo. Ela encheu sua garrafinha d’água e começou a fazer bicicleta. Ela já estava fazendo à cerca de uns 5 minutos quando o treinador me colocou na bike ao lado dizendo “meia hora, depois passo o resto”.
Neste momento pude olhá-la com mais cuidado. Como ela estava sentada, não dava para ter muita ideia, mas ela parecia não ser muito mais alta que eu. Ela tinha cabelos pretos, que deviam estar pela altura do meio das costas, estavam presos num rabo-de-cavalo. Seus olhos eram de um azul profundo. Seu nariz era fino, nem muito pequeno, nem muito grande, tinha uma leve curva em seu comprimento. Seus lábios eram rosados e bem desenhados. Tinha uma aparência física boa (entendam isso como “ela era gostosa”), mas nesse primeiro momento eu fiquei absolutamente encantada com a harmonia de seu rosto.

Era uma das pessoas mais lindas que eu já tinha visto na vida. Provavelmente mais linda do que muitas atrizes e modelos, já que estas têm que constantemente recorrer a maquiagens e photoshop, e ela estava de cara lavada. Não digo que ela fosse a mulher mais bonita do mundo, mas com certeza estava entre as mais bonitas que conheci (incluindo conhecer pessoalmente ou via mídia).

Fiquei absolutamente deslumbrada, mas o ultimo ano tinha me ensinado a não ter esperanças e nem imaginar coisas. Para mim, bastava olhá-la casualmente: apreciar a beleza sempre foi o meu maior hobby.

Após uns 10 minutos começou a tocar no rádio uma música específica e ela disse “Nossa! Adoro essa música”. Disse isso e olhou para mim. Acreditei que aquilo, mais do que um comentário, foi um pretexto para puxar assunto. Começamos a conversar.
Como sempre acontecem em minhas conversas, o assunto tendeu para o lado pessoal. Descobri que ela estava passando por um momento de desilusão parecido com o meu, mas não havia se fechado tanto, ainda tinha fé que um belo dia, a “pessoa certa” apareceria em sua vida por algum milagre. Eu fiquei inconformada e me perguntava “nossa! Como uma gata como ela pode estar solteira? Ou as pessoas são muito estúpidas ou deve haver algo de muito errado com ela”.

Então, devido ao meu pessimismo, fiquei procurando o que havia de errado com ela e fui descartando as possibilidades em itens: bom... Ela parece ter um cheiro bom, tem uma conversa agradável, é divertida, inteligente, não fala coisas muito estúpidas. Não estou dizendo que ela era perfeita, mas era pra lá de razoável! Até me atrevo a dizer que seus pequenos defeitos lhe conferiam certo charme.

deslumbrantemente linda me considerando apenas uma boa pessoa e que viesse chorar no meu ombro as decepções com o namorado, mas ela era tão fascinante que eu não me animava a fazer nada que a cortasse (embora eu estivesse cortando praticamente todo mundo nesse meu momento “quero ficar sozinha”).

Terminamos o treino praticamente juntas, graças à cera que ela fazia entre um exercício e outro. Então ela me disse:
-E ai? Para onde você vai agora?
-Pra casa?
-Não vai tomar banho aqui?
-Eu não moro nem a duas quadras daqui, não é necessário.
-Mesmo assim! Economiza água e luz – em seguida ela riu.
-Sei lá... Nem trouxe toalha nem nada...
-Bom... Hoje eu ia lavar a cabeça e trouxe duas: uma para o corpo e outra para enxugar o cabelo, se você quiser eu te empresto uma delas...

Eu não respondi de imediato, pois fiquei pensando no quanto àquela conversa estava estranha, me perguntando o porquê daquela insistência na proposta... Eu pressentia a resposta, mas não queria formulá-la e depois me frustrar. Involuntariamente, começou um vai-e-vem no meu estômago, e um frio percorreu a minha espinha... Fui desperta de meus pensamentos pela voz dela dizendo hesitante
-Oi? Ta tudo bem? Você ficou séria e calada.
Senti na voz dela um arrependimento de quem percebe que foi longe demais, e me senti uma estúpida. Ainda não entendia o que estava acontecendo. Mas eu tinha tomado uma decisão, eu decidi não mais me envolver com as pessoas, em nenhum nível. Ela não seria uma exceção! Decidi dizer-lhe que iria para casa. Então olhei para era, para suas lindas feições. Fixei-me em seus olhos, aqueles olhos que tragavam tudo, olhos de ressaca, então respondi:
-Desculpa... Estava pensando se não tinha nada de importante marcado para hoje, às vezes a memória não ajuda muito...
Eu ri e ela me acompanhou e em seguida ela disse:
-E então?
-Acho que dez minutos a mais para um bom banho não será um problema...

Ela sorriu um sorriso inexplicável e foi pegar suas coisas no armário.
Por dentro eu era só vertigem. Não me lembrava quando tinha sido a última vez que meu coração tinha batido daquele jeito. Eu estava dividida entre um pensamento e um sentimento antagônicos: talvez de fato houvesse algo oculto naquele pedido – era o que dizia meu sentimento. Obviamente uma mulher como aquela não olharia com segundas intenções para mim, e eu tinha omitido o fato que eu era lésbica, então quando ela descobrisse, provavelmente, ficaria seriamente ofendida por eu ter aceitado a proposta – dizia meu racional.

Eu estava absorvida nesse conflito quando ela tocou suavemente no meu ombro dizendo “vamos?!”
Todo o meu corpo latejava, algumas partes em especial (se é que me entendem). Os chuveiros não eram separados por boxes, aquilo tudo estava me deixando cada vez mais tensa. Tomei uma decisão relativamente simples: “não olho pra ela! Problema resolvido!”

Eu me sentei num pequeno banco que tinha dentro do vestiário, ela estava de frente para mim. Enquanto ela estava tecnicamente vestida, não havia nada que me impedisse de olhar. Eu já tinha soltado meus cabelos, então ela soltou os delas e depois sacudiu a cabeça para assentá-los melhor, fiquei encantada com a forma que seus cabelos emolduraram seu rosto. Eu devo ter feito uma cara muito estranha, porque ela olhou para mim e sorriu.

Em seguida ela tirou o tênis e a meia, então, foi a vez da camiseta e da calça leg. Admito que assisti-la se despir era algo muito sexy, mas admito também que o primeiro pensamento que me invadiu a cabeça ao vê-la só de top e calcinha foi muito mais feminino do que lésbico, foi algo como “Vadia! Porque ela tem esse corpo perfeito e eu tenho essas malditas gorduras localizadas”, mas isso não durou nem 1 segundo. As palpitações aumentavam.

Vi que a cena estava ficando perigosa demais e que era melhor eu parar de olhar. Abaixei a cabeça sob o pretexto de tirar meu tênis, mas terminando de tirá-lo eu olhei para o lado e não fiz mais nada. Depois de algum tempo a ouço dizendo um “Hey!”, involuntariamente eu me viro para atender o chamado e me deparo com seu lindo corpo despido, juro que pensei que meu coração ia sair pela boca. Não faço idéia de com que cara a olhei naquele momento, só que novamente ela riu e então completou:
-Você pretende tomar banho de roupa?
Por algum motivo que eu até agora não sei qual foi, eu respondi:
-Talvez...
-Como assim? Por quê?
-Porque o seu corpo é o mais lindo e perfeito que eu já vi na vida e fico até com vergonha de mostrar o meu...
Ela sorriu, mas depois se fez de brava e disse:
-Pára com isso! É bobagem! Você acha que eu ligo?

Admito que depois dessa última frase eu nem precisava mais de banho: ela tinha acabado de me dar um banho de água fria! Eu já estava me punindo mentalmente por ter permitido uma brecha de esperança, mas mais uma vez minhas divagações foram interrompidas pela voz dela.
-Hey mocinha! E não adianta disfarçar! Te juro que se você não tirar essa roupa, eu mesma vou aí tirar.

Olhei para ela estarrecida com o que eu tinha acabado de ouvir e fiquei completamente paralisada.

Como eu não tomei a menor atitude, ela veio caminhando em minha direção e parou bem na minha frente dizendo “levanta”. Como se não houvesse outra possibilidade no mundo, eu obedeci.

De fato, ela não era muito mais alta que eu. Devia ser só uns 3 ou 4 cm maior. Logo que eu levantei, ela não tomou distancia para trás, nossos corpos ficaram praticamente colados e nossos rostos muito próximos. Eu gostaria muito de poder descrever o que eu senti naquele momento, mas seria impossível.

Eu olhava bem no fundo nos olhos dela, e ela olhava no fundo dos meus. As pontas de nossos narizes quase se tocavam, eu sentia a respiração dela resvalando em meus lábios... Ficamos assim, não sei dizer se por um segundo ou por uma eternidade. Por fim, ela se afastou um pouco e começou a subir minha camiseta até a tirar. Olhou novamente em meus olhos. Foi abaixando seu corpo, mas continuava a olhar para meus olhos e eu para os dela. Ela abaixou minha calça e a tirou. Ela levantou novamente, colocou a mão direita por trás de minha cabeça, passou-a em minha nuca, acariciando meus cabelos por baixo e depois os puxando levemente ao tirar a mão. Este gesto me causou arrepio e fechei os olhos de prazer, mas os abri logo em seguida.

Ela tirou meu top com delicadeza, em seguida empurrou minha calcinha para baixo, eu a terminei de retirar através de movimentos com as pernas...

Quando eu estava despida ela me olhou de cima pra baixo e depois de baixo para cima. Se aproximou de mim, seu seio esquerdo encostou-se ao meu seio direito (e como foi boa e delicada a sensação), ela colocou sua mão esquerda em minhas costas e começou a acariciá-la. A mão direita, primeiramente acariciou meu rosto, depois foi descendo pelo pescoço, por fim, pousou em meu seio esquerdo no qual ela acariciava o mamilo com delicadeza.

Aproximou sua boca de meu ouvido e com voz rouca disse “falei que era besteira... seu corpo é lindo!”. Após dizer isso ela começou a beijar minha orelha e depois meu pescoço. Neste momento eu já estava em pleno delírio. Eu nunca fui uma pessoa exatamente passiva em nenhum aspecto de minha vida, mas ela me pegava de um jeito que me deixava absolutamente sem reação. Neste momento eu não pensava mais nada, só sentia.

Ela parou de beijar meu pescoço e me olhou nos olhos fixamente, como da outra vez, as pontas de nossos narizes quase se tocavam e eu podia sentir sua respiração. Ela tirou a mão que estava no meu seio e a colocou em minha nuca. Me puxou para perto de si com uma virilidade delicada e encantadora e me deu o beijo mais sensual de minha vida.

Seus lábios eram quentes e macios, sua língua era ágil e suave, mas ao mesmo tempo firme (difícil explicar). Eu estava totalmente entregue àquele beijo que variava de leve a intenso numa fluidez profunda. A forma como ela me beijava insinuava uma antecipação do que viria a seguir.

Mas eu não estava com pressa, eu aproveitava cada mínimo instante, me inebriava em todas as sensações.

De repente a maçaneta gira. O beijo é interrompido drasticamente, nos distanciamos e tentamos disfarçar. Entra uma mulher por volta de seus 50 anos. Ela nos cumprimenta e vai se despindo sem vergonha e logo entra no chuveiro. Nós fazemos o mesmo, mas procuramos chuveiros distantes um do outro. Nosso banho é rápido, mais rápido que o da mulher, ela me empresta a toalha, nos trocamos sem trocar uma palavra, ela termina de se arrumar antes, pede sua toalha e sai dizendo um simples “tchau”.

Ela nunca mais apareceu na academia, o professor disse que no dia seguinte ela foi cedo cancelando a matrícula, ele disse que não estava autorizado a me passar o telefone dela, mas não teria sido uma boa ideia ligar. Nunca mais a vi depois disso.

Dela, só sei o primeiro nome: Juliana.
O que eu aprendi com essa história? Essencialmente duas coisas:
1 – Não traia promessas que você fez para si mesmo, nem as suas convicções.
2 – Com certeza existe um bom motivo para uma mulher linda, gostosa, inteligente, divertida, sexy e que sabe pegar estar sozinha: ELA É LOUCA!

Nenhum comentário:

Postar um comentário