domingo, 22 de maio de 2011

Eu desisto

Eu desisto!
Estou cansada de bater a cabeça na parede
Cansada de dar murro em ponta de faca
Por isso decidi
Vou ao psiquiatra, confessar minha loucura

Confessar que vi o Sol nascer
E me emocionei com isso
Confessar que olho as fases da Lua mudar
Confessar que me importo
Que tenho mais de uma opinião sobre cada assunto
E dizer que sinto o milagre
De cada rotação de átomo de Césio

Confessarei que não me enquadro
Que não tenho quadrados nem muros
Mas sei que há um preço que se paga por cada escolha
Inclusive pela escolha de fazer todas as escolhas
Direi que sou hipócrita
Intensa
Paradoxal

Falarei que amores, tive poucos
Mas paixões, tive todas!
E em todas que entreguei inteiramente
E sempre fui trocada
Por aqueles que se davam em conta-gotas

Gritarei que estou cansada!
Cansada de ajudar todo mundo
A encontrar o seu “feliz para sempre”
E sempre estar sozinha
Cansada de pessoas vazias
Cansada daqueles que desistem
Daqueles que não entendem
Mas principalmente
Daqueles que me colocam como nota de rodapé
E não percebem que eles são todo meu enredo

Cansada de mim e da minha vida
Cansada de ser lésbica e do preconceito
Cansada dessas bissexuais indecisas
Dessas que brincam com você só para ter um capacho
E dos seus namoradinhos perfeitos
Que são tão melhores que eu
Por nunca estarem cansados de nada

Por fim, pedirei um regulador de humor
Tomarei um remédio controlado para ter
Pensamentos controlados
Sentimentos controlados
Atitudes controladas
Uma vida controlada
Que por tanto controle, deixa de ser vida

Ai quem sabe um dia, racionalmente, eu diga
“Em algum momento te amei, e você não viu”
Mas que importará?
Afinal, um amor controlado não é nem nunca será
Amor.


Bem... quinta pessoa para qual eu dedico um poema... Acho que isso deve significar algo...

2 comentários:

  1. Eu adooooro esse poema! vc sabe disso! Eu desisto!

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  2. nossa muitoooo lindoo esse poemaaaa hemmmm!!!!! PIREIII MESMOOO MUITOO LINDOOOOO!!!

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